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Santander (SANB11) põe Americanas (AMER3) na conta e vê possibilidade de perda maior com varejista

Provisões do banco para devedores duvidosos cresceram 18,6% no quarto trimestre, para R$ 7,3 bilhões

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

O balanço do Santander Brasil (SANB11) para o quarto trimestre, publicado na manhã desta quinta-feira (2), incluiu na conta o que o banco pode perder com o dinheiro que emprestou para a Americanas (AMER3), mas isso não necessariamente quer dizer que toda a possível perda já esteja incluída e que a instituição veja maior risco na concessão de crédito para empresas como um todo.

Em coletiva de imprensa para comentar os resultados relativos aos últimos três meses de 2022, o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, evitou citar nomes, mas disse que um evento ocorrido após o encerramento do quarto trimestre com uma empresa que é cliente do banco levou a instituição a elevar a reserva em seu caixa destinada à proteção de possíveis calotes.

O montante dedicado a isso pelo Santander, chamado pelo mercado de provisões para devedores duvidosos (PDDs), cresceu 18,6% no quarto trimestre em comparação ao terceiro trimestre, para R$ 7,3 bilhões. O banco, porém, não especifica o quanto desse total é referente à Americanas.

Na entrevista , Leão também afirmou que não tinha como dizer se os próximos balanços podem incluir mais provisões relacionadas à Americanas, pela dificuldade de prever o que vai acontecer com a empresa.

“Fazemos provisões com alguma materialidade refletida aqui, e temos outros casos provisionados no atacado [crédito para empresas]. É muito difícil prever, e neste caso não é diferente, porque não sabemos como cada um vai evoluir”, disse o executivo. “Não sabemos como a negociação vai evoluir”, completou, novamente sem mencionar nomes de empresas.

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Risco maior?

Apesar do caso da Americanas e também do exemplo da Oi, o CEO do Santander Brasil afirmou que não vê uma piora do cenário da concessão de crédito para empresas como um todo. “Ainda não temos visto um efeito cumulativo de alavacangem do custo de crédito.”

Segundo ele, o “grande elemento” para definir como o cenário vai evoluir é a taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano, no maior nível desde 2017. “Quanto mais tempo o juro fica alto, pior para as empresas”, destacou. “Vai ter risco de deterioração se a Selic continuar alta.”

O CFO (Chief Financial Officer) do Santander Brasil, Ángel Santodomingo, comentou a taxa de inadimplência do banco e disse que, embora a taxa de 15 a 90 dias tenha subido nos últimos trimestres, isso não representa um ponto de atenção para as concessões de crédito mais recentes da instituição, que, de acordo com o Santander, estão mais “seletivas.”

Esse indicador subiu para 4,5% no quarto trimestre, de 3,5% em igual trimestre de 2021.

O executivo também tratou do spread médio do Santander, que está em queda, e disse que o movimento reflete a maior seletividade do banco para o crédito e pelo mix de linhas, que tem focado em concessões que contam com alguma garantia, como o financiamento de veículos e imóveis. “São linhas que têm margem menor, mas custo menor também.”

O spread médio anual do Santander ficou em 10,2% no quarto trimestre, ante 10,7% no intervalo anterior.

Balanço

O Santander, primeiro dos grandes bancos do país a publicar resultados para o quarto trimestre, mostrou números decepcionantes na manhã desta quinta.

A instituição financeira anotou um lucro líquido recorrente de R$ 1,69 bilhão para o período, uma queda de 45,9% em comparação ao que foi registrado no terceiro trimestre e bem abaixo da expectativa de analistas do mercado.

Os analistas que fizeram previsões para o balanço da instituição financeira já imaginavam uma retração do lucro, mas não nessa magnitude.

As quatro projeções colhidas pela Agência TradeMap (de analistas do UBS BB, BTG Pactual, XP e Genial) para o lucro líquido recorrente do Santander iam de R$ 2,6 bilhões a R$ 2,89 bilhões. O número mais pessimista, o calculado pela Genial, representava queda de 16,7% em relação ao terceiro trimestre. Já a mais otimista, a do BTG, correspondia a um recuo de 7,4%.

Com o resultado do quarto trimestre, o Santander terminou 2022 com lucro líquido recorrente de R$ 12,9 bilhões, recuo de 21,1% ante 2021.

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