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Lucro do Santander (SANB11) despenca 45,9% no 4º tri e rentabilidade cai a 8,3%

A taxa de inadimplência subiu para 3,1% no quarto trimestre, de 3% no trimestre anterior

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

O Santander Brasil (SANB11), primeiro dos grandes bancos do Brasil a publicar resultados para o quarto trimestre, mostrou números decepcionantes na manhã desta quinta-feira (2).

A instituição financeira anotou um lucro líquido recorrente de R$ 1,69 bilhão para o período, uma queda de 45,9% em comparação ao que foi registrado no terceiro trimestre e bem abaixo da expectativa de analistas do mercado.

Os analistas que fizeram previsões para o balanço do Santander já imaginavam uma retração do lucro do banco, mas não nessa magnitude.

As quatro projeções colhidas pela Agência TradeMap (de analistas do UBS BB, BTG Pactual, XP e Genial) para o lucro líquido recorrente do Santander iam de R$ 2,6 bilhões a R$ 2,89 bilhões. O número mais pessimista, o calculado pela Genial, representava queda de 16,7% em relação ao terceiro trimestre. Já a mais otimista, a do BTG, correspondia a um recuo de 7,4%.

Com o resultado do quarto trimestre, o Santander terminou 2022 com lucro líquido recorrente de R$ 12,9 bilhões, recuo de 21,1% ante 2021.

Diante da piora do lucro, a rentabilidade do Santander também desabou. No quarto trimestre, o indicador de retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês) caiu para 8,3%, quase a metade dos 15,6% que havia anotado no trimestre anterior.

Vale ressaltar que o número anterior já havia representado uma queda significativa em relação ao segundo trimestre, quando a rentabilidade do Santander ficara em 20,8%, patamar até então tido como o “normal” do setor bancário no Brasil.

No mercado financeiro, uma referência importante para investidores é que a rentabilidade de uma empresa esteja no mínimo em linha com a Selic, uma vez que a taxa básica de juros representa o retorno oferecido por investimentos de baixo risco em renda fixa. Ontem, o Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano.

O Santander já havia frustrado o mercado no trimestre anterior, com números em queda e abaixo da expectativa. E os motivos seguem os mesmos. O banco tem sofrido com uma maior exposição da carteira de crédito a clientes pessoa física, com o aumento das reservas para se proteger de calotes e com margens menores.

Diante desse cenário, o banco tem buscado ser mais cauteloso no crédito, com um crescimento mais tímido para a carteira. No quarto trimestre, a carteira de crédito total somou R$ 489,6 bilhões, alta de 1,1% em relação ao trimestre anterior, uma expansão menor do que a esperada por analistas da Genial Investimentos, que projetavam avanço de 2,7%, mesmo já prevendo uma concessão em menor ritmo.

Um ponto positivo para o banco é que mais uma vez a taxa de inadimplência se manteve sob controle, com uma ligeira alta de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre, para 3,1%.

Ainda assim, o banco elevou as reservas para se proteger de calotes, chamadas pelo mercado de provisões para devedores duvidosos, ou PDDs. As provisões somaram R$ 7,3 bilhões no quarto trimestre, alta de 18,6% em comparação ao terceiro trimestre.

As provisões, embora sejam uma reserva e não necessariamente um gasto de fato, entram como despesas em um balanço de um banco, porque estão comprometidas e não podem ser usadas para outra finalidade.

Nesse cenário, o Santander teve uma margem financeira – indicador que mostra o quanto a instituição ganhou com juros em operações de crédito – praticamente estável, com ganhos de R$ 12,5 bilhões, recuo de 0,6% em relação ao terceiro trimestre.

A margem financeira, vale lembrar, é o saldo de duas margens, a margem com os clientes finais, para quem o banco empresta dinheiro, e a margem com o mercado, que mostra o resultado das operações de crédito do Santander com outras instituições financeiras.

Dessa vez, o Santander apresentou piora na margem em operações feitas com os clientes finais, que caiu 2,6%, para R$ 13,8 bilhões. A margem com o mercado, que já estava negativa, teve uma melhora de 18,1%, para um número negativo de R$ 1,26 bilhão.

As margens têm sido piores em razão do avanço rápido que a Selic experimentou ao longo dos últimos dois anos, saindo de 2% para 13,75% ao ano. O Santander não conseguiu elevar os juros na mesma velocidade em suas operações de crédito e por isso tem sofrido com resultados menores.

Por outro lado, a receita com serviços do banco cresceu 7,2% no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre, para R$ 5 bilhões.

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