Risco fiscal e falas do presidente do BC e do Fed – veja o que importa hoje

Investidores ainda acompanham reunião do CMN, que define a meta de inflação para 2025

Foto: Shutterstock

A menos de quatro meses das eleições, com o governo focado em medidas para amenizar os impactos da inflação de combustíveis, as atenções do mercado se voltam cada vez mais para o risco fiscal, com chances crescentes de estouro do teto de gastos, mecanismo que limita despesas à inflação do ano anterior.

Após ver a proposta de um auxílio caminhoneiro de R$ 400 ser desdenhada pelas lideranças da categoria, a cúpula do Palácio do Planalto e o Congresso articulam um benefício maior, de R$ 1.000, como forma de compensação pelos reajustes no diesel. As informações foram publicadas pelo Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo.

A medida, juntamente com um eventual aumento do auxílio-gás, poderia ser incluída em uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) como de evitar consequências da legislação eleitoral, que proíbe a instituição de benefícios em anos eleitorais. A proposta seria justificada por um estado de emergência, que daria carta branca ao governo para gastar mais.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, seria favorável à medida como forma de evitar um mal maior: alterações na Lei das Estatais como força de garantir mudanças na política de preços da Petrobras (PETR4). A lei tem como objetivo blindar as estatais de ingerências políticas.

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A quebra do teto, considerado a âncora fiscal do país, preocupa por retirar cada vez mais credibilidade do mecanismo, que dá previsibilidade aos investidores sobre as contas públicas. A queda nos juros básicos ao menor patamar da histórica nos últimos anos é atribuída a esse controle maior, que impede um salto de despesas mesmo em anos de maior arrecadação.

Falas de RCN e Powell

Além de acompanhar as discussões de medidas para reduzir a inflação dos combustíveis, o mercado também acompanha com atenção a entrevista que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dará à imprensa sobre política monetária às 11h.

Essa conversa tradicionalmente acontece junto com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, mas o documento foi adiado por causa da greve dos servidores do Banco Central.

A expectativa é que Campos Neto reforce a preocupação da autoridade monetária com a inflação e que indique que a taxa básica de juros, que foi elevada a 13,25% ao ano na última reunião, se mantenha em um patamar elevado por um longo tempo.

O mercado projeta que o ciclo atual de altas de juros se encerra no próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), em agosto, com um aumento final na Selic.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, depõe à Câmara dos Estados Unidos. Ontem, o comandante do Fed já falou ao Senado, e indicou que o banco central americano deve continuar subindo os juros para tentar controlar a maior inflação em quatro décadas.

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CMN decide meta de inflação

Na agenda desta quinta-feira (23), o mercado ainda acompanha a divulgação dos dados de arrecadação de maio, que serão informados às 11h pela Receita Federal, e a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), que define hoje a meta de inflação de 2025.

A expectativa é que o alvo seja fixado em 3%. O conselho ainda pode revisar os objetivos para a alta de preços em 2022, 2023 e 2024 – uma alteração para o curto prazo é considerada pouco provável, já que tiraria credibilidade da política monetária.

A decisão do CMN costuma ser divulgada após o fechamento do mercado.

Mercados internacionais

Os índices futuros americanos operam no azul nesta manhã, com os investidores avaliando os próximos passos da política monetária nos EUA. Por volta das 7h55, o Dow Jones subia 0,38%, o S&P 500 estava em alta de 0,62% e o Nasdaq ganhava 0,92%.

No mesmo horário, o EuroStoxx 50 operava quase estável, em leve queda de 0,02%.

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