Queda do dólar faz exportadoras caírem e ameaça sequência de alta do Ibovespa

A desvalorização do dólar ante o real pesa sobre as ações de empresas exportadoras e deve colocar um freio à sequência de altas do Ibovespa. O índice, que nos últimos sete pregões subiu sem parar e acumulou ganho de mais de 9%, caía 0,04%, a 119.042 pontos.

Os componentes do índice que registravam as maiores quedas da sessão eram Suzano (SUZB3 -5,38%) e Klabin (KLBN11 -4,74%), ambas empresas que vendem produtos ao exterior e cuja atividade depende da celulose, uma commodity negociada em dólar.

A Vale (VALE3), companhia com grande participação no Ibovespa e que depende amplamente de exportações, recuava 1,71%. Os frigoríficos também eram afetados Marfrig (MRFG3) caía 3,87% e JBS (JBSS3) recuava 4,05%

Na visão do sócio da Finacap Investimentos, Alexandre Brito, a performance das ações dessas empresas é muito influenciada pela movimentação do dólar, por atuarem diretamente com exportações. No mercado futuro da B3, o dólar para abril é negociado a aproximadamente R$ 4,77, queda de 1,42% em relação ao dia anterior.

Outra queda acentuada do dia era a da Petz (PETZ3), que recuava 2,29%. Brito afirma que a notícia de que o CEO da empresa, Sérgio Zimerman, vendeu parte de suas ações na companhia pode ter desagradado os investidores.

Segundo informações do portal Brazil Journal, o CEO se desfez de 10 milhões de ações da companhia, o equivalente a 7,5% de sua participação na varejista de artigos pet.

Cogna é destaque de alta

Após reduzir em 87,3% o prejuízo no quarto trimestre de 2021, a Cogna (COGN3) via suas ações dispararem na bolsa, e valorizarem 15,58% às 13h20.

A companhia de educação registrou um prejuízo ajustado de R$ 74,94 milhões no quarto trimestre do ano passado, resultado bem menor que os R$ 589 milhões do final de 2020. A Cogna também viu suas perdas passarem de R$ 845 milhões em 2020 para R$ 210 milhões no ano passado, um recuo de 75,1%.

Segundo a empresa, a redução do prejuízo se deve a melhores resultados operacionais. A companhia afirma que o quarto trimestre de 2020 foi muito impactado pela reestruturação da Kroton, uma das marcas da companhias.

O resultado positivo parece ter contagiado as ações do setor. Na sequência das maiores altas vinha a Yduqs (YDUQ3), que valorizava 7,23%.

Além do setor educacional, empresas que atuam no mercado brasileiro também apresentam bom desempenho. Hapvida (HAPV3) via suas ações subirem 6,86%, Lojas Americanas (AMER3) crescia 5,72% e IRB Brasil (IRBR3) valorizava 5,25%.

Brito, da Finacap Investimentos, atribui essas outras altas do dia no Ibovespa à sinalização de um “afrouxamento” da curva de juros no Brasil, feita no Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado na quinta-feira. Com essa sinalização, empresas expostas ao cenário doméstico se beneficiam.

“A comunicação no relatório foi importante para o BC dizer que vê uma ‘taxa teto’ por volta de 12,75% ao ano. Isso mostra um cenário não tão catastrófico assim”, comenta o sócio da Finacap.

Após a divulgação do relatório, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o cenário mais provável é que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) só eleve a taxa básica de juros (Selic) mais uma vez neste ano, na reunião de maio.

Mercado externo

No último pregão da semana, as principais bolsas internacionais operam sem uma direção única. Nos Estados Unidos, Dow Jones e  o S&P 500 operavam perto da estabilidade, enquanto o índice Nasdaq Composto apresentava queda na magnitude de 0,81%.

O sentimento dos investidores segue sendo de cautela, analisando os riscos econômicos do conflito entre Rússia e Ucrânia e do aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). 

Na agenda internacional, líderes americanos e europeus estão em Bruxelas para discutir novas sanções à Rússia. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a Rússia deveria ser expulsa do G20, e o presidente da Ucrânia, Zelensky, por sua vez, pediu mais ajuda ao alertar que a Rússia está se reagrupando para um novo ataque a Kiev. 

No Velho Continente, os investidores observavam o Euro Stoxx 50 cair 0,04%. Enquanto isso, o FTSE 100 crescia 0,12% e o DAX operava perto da estabilidade.