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Quais investimentos devem bater o CDI em 2023? Xavier, da SPX, e Azevedo, da Ibiuna, respondem

Investidores devem manter cautela com falta de previsão de alta dos juros americanos, afirmaram gestores

Projetando a melhora do cenário internacional a partir de 2023 com o fim da alta dos juros americanos, Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, e Rodrigo Azevedo, sócio da gestora Ibiuna e ex-diretor do Banco Central, fizeram suas apostas em quais ativos devem superar o CDI ao fim do próximo ano.

Para Xavier, a grande oportunidade estará no mercado de dívida americano, seja nos títulos públicos, também conhecidos como bonds, ou nos da iniciativa privada. O momento, porém, ainda é de cautela, já que o banco central dos EUA ainda não deu sinais de até onde vai elevar a taxa dos juros.

“Da mesma forma que a gente falava dois anos atrás que estava de graça vender os títulos de renda fixa, acho que está no momento de comprar”, afirmou. “Chegando no final de 2023, imagino que, olhando para trás, vai se estar dizendo que aplicar dinheiro na renda fixa foi o melhor investimento”.

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Já para o gestor da Ibiuna, o foco dos investidores também deve estar em ativos de risco, justamente os mais penalizados durante o atual processo de ciclo de alta. Quando os juros sobem, o mercado dá preferência para opções mais seguras e que fazem bons pagamentos, trocando o investimento em ações, por exemplo, pela renda fixa.

O inverso também é verdadeiro: quando os juros começam a cair, opções de maior risco se tornam relevantes por apresentarem rendimentos mais atrativos.

“A correlação de, na hora que os juros estiverem em cima e começarem a cair com Bolsas que sobem, ativos de risco quer performam e spread de crédito que fecham, é muito grande”, disse. “É preciso esperar um pouco. Acho que o juro vai cair, e a partir disso ter um portfólio muito mais exposto ao risco vai fazer sentido”.

A dupla participou nesta sexta-feira (5) do Fórum de Estratégias de Investimentos da Bradesco Asset Management.

Sem pressa

Apesar de apontarem as oportunidades, os dois gestores foram enfáticos ao afirmarem que o cenário ainda está muito nebuloso pela ausência de sinais de que o Fed (o banco central americano) vá interromper o ciclo de alta iniciado neste ano.

Nesta quarta-feira (2), a autoridade monetária acrescentou 0,75 p.p (ponto percentual) na taxa, elevando-a para uma banda de 3,75% a 4% ao ano. Após a publicação dos números, Jerome Powell, presidente do Fed, assustou os mercados ao proferir um tom mais duro sobre os próximos passos para conter o avanço da inflação.

Para Azevedo, a expectativa é que a estratégia de expansão dos juros nos EUA continue nos próximos meses, elevando a taxa para a faixa de 5,5% e 6% ao ano até março. Um pouco mais cauteloso, Xavier crê que o Fed não deve avançar muito além do nível de 5% previsto pela maior parte do mercado.

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Diante deste contexto, o sócio da Ibiuna afirmou que os ativos internacionais estão com preços descontados, mas que não é o momento de ter pressa para realocar o portfólio.

“Os próximos dois a três meses ainda serão de períodos de turbulência. Mas, quando o Fed chegar no topo [dos juros], vai ser só para baixo. Em meados de 2023 para frente haverá um movimento mais favorável para os ativos de risco”, afirmou.

Gringos estão otimistas com Brasil

Com base em Londres, Xavier pontuou que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou um novo fluxo de otimismo nos investidores internacionais. Segundo ele, os gringos possuem grande deferência com temas mais voltados à sustentabilidade e pacificação entre Poderes, conceitos mais alinhados ao petista do que ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É um fato. O Brasil vai ser beneficiado por essa distensão política na diplomacia internacional, e também internamente, com a distensão entre a Câmara, o Executivo e o Judiciário”, disse. “Vai ter um ambiente mais favorável que beneficia os investimentos”.

O sócio da SPX também comentou sobre o futuro governo e as discussões sobre o nome que vai capitanear a nova equipe econômica. Para Xavier, o futuro presidente prepara uma “surpresa” e deve apresentar um nome alinhado aos investidores.

“Estou convicto que vai ser uma pessoa que o mercado vai gostar e que vai dar o direito da dúvida para Lula, ao menos no começo. Depois a gente vê quais serão os encaminhamentos”, frisou.

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