Depois de sete tombos consecutivos, o Ibovespa apresenta uma recuperação nesta quarta-feira (27), impulsionado pelo setor de mineração e empresas de varejo. Às 13h (de Brasília), o principal índice da B3 tinha uma valorização de 1,11% na comparação intradia, operando aos 109.000 pontos.
A principal alta do pregão ficava com Gerdau, que via suas ações (GGBR4) subirem 7,10% e as de seu braço siderúrgico (GOAU4) crescerem 6,19%. Na sequência, aparece (CSNA3), que sobe 6,47%, e Vale (VALE3), que subia 5,81%, diante da expectativa com a divulgação do balanço do primeiro trimestre do ano.
Para Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, a subida dos papéis acompanha a alta do preço da commodity, que após ter caído cerca de 8% na última semana, voltou a subir desde segunda-feira (25).
O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve alta de 2,61% no pregão, sendo negociado a 826,50 iuanes, o equivalente a US$ 126 por tonelada.
O operador da mesa de renda variável também destaca que essa subida é uma recuperação das quedas recentes do segmento. “Teve uma redução grande num prazo relativamente curto, e acho que o mercado exagerou forte na queda dos papéis. Vejo hoje como um dia de ajuste, onde o mercado começa a precificar mais corretamente”, comenta Oliveira.
Além das mineradoras, as empresas ligadas ao varejo sobem no pregão, com VIA (VIIA3), sendo a maior subida do setor com uma valorização de 3,62%. Oliveira considera que o setor foi beneficiado pela divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação de abril, que apontou uma variação mensal de 1,73%. Apesar de ser a maior alta para este mês desde 1995, o número veio abaixo das expectativas de mercado.
Na visão de Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, o número dá a esperança de que a inflação está no seu pico e começa a desacelerar, mesmo com o cenário instável no mundo. O resultado fez com que as taxas de juros futuros caíssem no Brasil.
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Segundo dados da Plataforma TradeMap, os juros com vencimento para 2023 recuavam 10 pontos-base, enquanto os rendimentos para 2025 e 2028 caíam 9 e 7 pontos-base, respectivamente.

O operador da mesa de renda variável da One Investimentos destaca que empresas mais ligadas à indústria também performam bem nesta quarta. Segundo ele, parte dessa movimentação pode ser impulsionada pelo balanço do primeiro trimestre deste ano da WEG (WEGE3), divulgado nesta manhã.
A empresa, que via seus papéis subirem 4,34% na sessão, teve um lucro líquido 23,5% maior no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021, chegando a R$ 943 milhões. A receita líquida aumentou 34,5% na mesma base de comparação, para R$ 6,8 bilhões.
A WEG atribuiu a alta de receita a uma “crescente busca por fontes de geração de energia renovável e uma boa demanda industrial”. “Tanto nos negócios de ciclo curto, com destaque para geração solar distribuída, como também nos negócios de ciclo longo, com foco principal na geração eólica”, informou a companhia.
A XP, que tinha uma projeção de R$ 6,5 bilhões em receitas para a WEG no período, avaliou os resultados como positivos, e afirmou que a alta nos indicadores reforça uma “forte perspectiva para fontes renováveis no Brasil”. A corretora recomenda compra dos papéis da companhia.
“Os resultados da WEG nos trazem um bom indicativo para o segmento industrial, muito pelo setor externo, que deve aquecer essas indústrias num momento de ajustes de taxas de juros lá fora”, avaliou Oliveira, da One Investimentos.
Quedas do pregão
Na ponta negativa do Ibovespa, Hapvida (HAPV3) liderava as baixas, caindo 3,22%. Na sequência, empresas ligadas ao petróleo, que subiram no pregão de terça-feira, apresentavam uma correção no pregão, com 3R Petroleum (RRRP3) caindo 2,19%.
Pelo segundo dia consecutivo, o setor bancário caía em bloco, pressionado pelo balanço do primeiro trimestre do Santander, que trouxe resultados mistos e uma preocupação com os índices de inadimplência.
Esse é um assunto temerário para os analistas, já que um ambiente de juros altos e inflação, os pagamentos das pessoas podem ser afetados, impactando os volumes de créditos dos bancos.
O índice de inadimplência do Santander para períodos de mais de 60 dias aumentou 0,92 ponto percentual (p.p.) na comparação entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano, passando de 2,8% para 3,7%. Já a inadimplência superior a 90 dias aumentou 0,77 p.p. no mesmo comparativo, chegando a 2,9% no final de março. O resultado pode ter acendido um alerta no mercado, indicando que os bancos podem sofrer com esse mal.
Dentre as ações, Santander (SANB11) caía 1,03%, Itaú Unibanco (ITSA4), recuava 0,85% e o BTG Pactual (BPAC11), desvalorizava 0,71%.
Bolsas externas também se recuperam
Os mercados globais também operam no azul nesta quarta, recuperando parte das perdas dos últimos pregões. Nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 1%, o S&P 500 crescia 1,05% e o índice Nasdaq Composto tinha alta de 0,99%.
Por lá, os investidores aguardam os balanços do primeiro trimestre do Meta, dona do Facebook, Paypal, Spotify e Ford.
Na Europa, as tensões entre Rússia e Ucrânia permanecem no radar após o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, enfatizar que o risco de uma guerra nuclear é significativo.
Além disso, a Rússia cortou o fornecimento de gás natural para a Polônia e Bulgária, podendo impactar na inflação global e trouxe preocupações com novos cortes do produto para outros países.
Enquanto isso, os índices acionários subiam por lá. Na Inglaterra, o FTSE 100 subia 0,72%, e na Alemanha, o DAX operava perto da estabilidade, com uma leve subida de 0,03%. Já o índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda a Zona do Euro, apontava em 0,69% para cima.