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Preço elevado do Brent turbina os resultados das petrolíferas no 2º trimestre – veja os destaques

Números da Petrobras, PRIO, 3R Petroleum e PetroRecôncavo saltaram no período se aproveitando do bom momento da commodity

Foto: Shutterstock

Uma temporada de balanços sempre (ou quase) apresenta alguma surpresa positiva ou negativa, seja porque determinada empresa foi resiliente em meio às adversidades ou porque se beneficiou de preços mais altos e demanda elevada.

Podemos dizer que o setor de petróleo e gás não foi uma surpresa positiva, uma vez que o preço mais alto do barril era amplamente esperado por especialistas e analistas durante o segundo trimestre.

Com isso, as principais empresas do setor na Bolsa, como Petrobras (PETR4), PRIO (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3) aproveitaram desse momento e viu os números saltarem.

No período, o preço do petróleo tipo Brent avançou 65,3% na comparação com o mesmo período de 2021, para US$ 113, o que acabou proporcionando um grande volume de vendas e receitas para as empresas.

A Petrobras, por exemplo, maior empresa do ramo no Brasil, atingiu R$ 170,96 bilhões em receita líquida no segundo trimestre do ano, valor 54,4% maior ante igual intervalo de 2021, mesmo com uma queda na produção.

“Os derivados básicos no mercado interno também tiveram forte avanço na mesma base comparativa, trazendo luz à forte demanda local no período, mesmo com os preços mais elevados”, avalia Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap.

Esse avanço na receita impactou o lucro líquido recorrente da estatal, que atingiu R$ 45,03 bilhões entre abril e junho deste ano, superando em 10,1% o divulgado no mesmo período do ano anterior.

Veja a análise:

Petrobras (PETR4) firma crescimento e queda do Brent não assusta

Para Rafael Winalda, analista do Inter Research, além da alta do preço do Brent, a Petrobras conseguiu manter um custo de extração — ou lifting cost, no jargão do setor — que corresponde ao custo operacional médio para extrair cada barril de petróleo, em níveis baixos.

De acordo com a estatal, o lifting cost do pré-sal atingiu R$ 5,2 por barril de petróleo no segundo trimestre.

Winalda destaca ainda outro ponto positivo: o anúncio de dividendos pela petrolífera. A empresa disse que pagará R$ 6,73 por ação ordinária e preferencial, totalizando R$ 87,8 bilhões. Do montante total, R$ 32,1 bilhões serão pagos à União (considerando BNDES e BNDESPar).

O Inter possui um preço-alvo para as ações preferenciais de R$ 46 ao final do ano, o que traria um upside de 43,71% ante o valor de fechamento desta terça-feira (16). “Acreditamos em manutenção da política de preços, bom patamar do preço do petróleo e derivados e um crescimento na produção do pré-sal para os próximos anos”.

Petrolíferas juniores

Se enganou quem achou que somente a maior empresa conseguiu aumentar seus resultados no período. A PRIO, por exemplo, viu seu lucro líquido saltar 112% na comparação anual, para US$ 139,936 milhões.

A receita da empresa alcançou US$ 337,337 milhões no segundo trimestre, uma alta anual de 95%, enquanto o Ebitda ajustado, que reflete a geração de caixa, subiu 122% na base anual, para US$ 269,287 milhões.

O resultado agradou ao Vitor Sousa, analista da Genial Investimentos. Em entrevista à Agência TradeMap, ele destacou que, diferente da 3R e da PetroRecôncavo, que possuem contratos de hedge, ou seja, vendem o petróleo por um preço pré-definido em contrato e abaixo do mercado, a PRIO conseguiu surfar plenamente a alta do Brent.

A perspectiva futura da empresa também agrada Sousa, citando que, com o início da produção do poço ODP4, que será capaz de dobrar a produção do Campo de Frade, na Bacia de Campos, a companhia conseguirá elevar em 45% a produção total, para 48,5 mil barris por dia até o final do ano.

Em relação à PetroReconcavo, a receita quase triplicou na comparação anual, passando de R$ 249 milhões para R$ 691 milhões. A produção cresceu 70%, para 20,5 mil barris de petróleo equivalente por dia, enquanto o lucro cresceu 39% na mesma base de comparação, para R$ 131 milhões.

Segundo o analista da Genial Investimentos, a empresa possui um “case travado”, já que a produção tem subido de forma marginal e há disputas judiciais envolvendo o Polo Bahia.

Já a 3R viu seu faturamento quase triplicar ante o mesmo intervalo de 2021, passando de R$ 152 milhões no segundo trimestre deste ano para R$ 400 milhões. A companhia, no entanto, foi a única que viu seu lucro cair na mesma base de comparação, atingindo R$ 32,1 milhões, uma queda de 41%.

A Genial recomenda compra dos papéis da 3R Petroleum e da PRIO, mas tem posição neutra na PetroRecôncavo. Os preços-alvo da corretora para os papéis são, respectivamente, R$ 119, R$ 49 e R$ 35, que trariam valorizações de 257%, 101% e 39% ao final de 2022.

Expectativa para os próximos trimestres

Se a alta do Brent foi um fator determinante para turbinar os resultados do segundo trimestre, o mesmo pode não acontecer nos próximos trimestres. Em julho, o preço médio do contrato futuro do barril na ICE rondou a faixa dos US$ 100, sendo que ontem chegou a bater ao redor de US$ 90.

Contudo, o preço do Brent ainda pode ajudar as petrolíferas tanto no terceiro quanto no quarto trimestre. Dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) mostram que o preço médio do Brent ficou em US$ 74,49 no terceiro trimestre de 2021 e em US$ 81 nos últimos três meses do ano passado. Ou seja, muito abaixo dos preços atuais.

“Temos que entender que um preço de Brent considerado ‘normalizado’ é na faixa dos US$ 60. Um preço de US$ 90, US$ 95 é muito positivo para essas empresas”, diz Sousa, da Genial Investimentos.

Na avaliação de Winalda, do Inter Research, o preço do Brent deve continuar alto no início do terceiro trimestre, em cerca de US$ 109 por barril, podendo ajudar as empresas, principalmente a Petrobras.

“O dólar em um patamar alto somado a uma provável manutenção de boa produção de petróleo e baixo custo de extração, deve-se traduzir na continuidade dos fortes resultados da Petrobras nos próximos trimestres”, afirma Winalda.

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