O Nubank (NUBR33) informou, na noite da última terça-feira (29), que seu CEO e fundador David Vélez abriu mão de sua remuneração baseada em ações, o que fará a fintech economizar US$ 356 milhões nos próximos sete anos.
Vélez e Nubank fecharam um acordo dias antes do IPO (oferta pública de ações) da fintech nos Estados Unidos no fim de 2021, prevendo que o executivo poderia emitir ações do banco a depender da cotação dos papéis. Esse acordo foi rescindido.
De acordo com a fintech, o valor justo do plano estava na ordem de US$ 423 milhões. Vale ressaltar, entretanto, que o CEO poderia exercer seu direito caso as ações estivessem acima de US$ 18,69, sendo que hoje são negociadas a US$ 4,26 na Nyse.
O que achamos
A rescisão do acordo assinado entre Vélez e a fintech fundada por ele demonstra que o Nubank reconhece o questionamento do mercado quanto aos ajustes nos lucros reportados nos últimos trimestres.
De acordo com o fato relevante divulgado pelo banco, os US$ 356 milhões seriam reconhecidos no balanço do quarto trimestre de 2022, logo após a fintech atingir o breakeven contábil.
No terceiro trimestre deste ano, a fintech conseguiu ter um lucro líquido livre de ajustes. Os ajustes são relacionados à remuneração baseada em ações – algo alegado como não recorrente pela fintech, mas que acontecia a cada três meses.
O CEO do Nubank demonstrou estar alinhado aos interesses da fintech e entende que sua participação de cerca de 20% do capital social do banco – o equivalente a quase US$ 4 bilhões – já é suficiente.
Operacionalmente, a rescisão do contrato deve dar um alívio às contas do Nubank, que apesar de ter uma melhora gradual em seu resultado líquido, ainda deve continuar elevando suas provisões dada a exposição a crédito arriscado com pessoas físicas.
Como as ações do Nubank devem reagir
O aspecto intangível da decisão de Vélez de abrir mão de US$ 358 milhões é relevante para a tese de investimento do Nubank, que enxerga o seu valor no futuro e compartilha essa visão com seu CEO.
É esperada uma reação levemente positiva das ações do Nubank, que já subiram no after-market da Bolsa americana na véspera.