OPA da EDP Brasil (ENBR3) pode causar ruído entre os investidores; veja possível reação das ações

Holding propõe fechar capital da operação brasileira com prêmio de 22%

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

A EDP Brasil (ENBR3) comunicou ao mercado, na noite da última quarta-feira (1), que sua controladora, a EDP Portugal, protocolou junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sua OPA (oferta pública de aquisição).

Segundo o fato relevante, a recompra de todas as ações por parte da holding viria com o pagamento de prêmio de 22,26% por ação, com base no fechamento do pregão de ontem. Isso avalia os papéis da EDP Brasil em R$ 24, patamar que atingiu em abril do ano passado e patarmar próximo do negociado entre agosto e setembro. 

A holding afirmou que o preço poderá ser ajustado por dividendos e JCP (juros sobre capital próprio) ou em decorrência de grupamento ou desdobramento de ações da empresa.

A EDP Portugal controla 56,05% do capital da operação brasileira. O free float (percentual das ações em livre negociação) é de 41,3%. Os demais papéis estão em tesouraria.

Vale ressaltar que, para a OPA ser aprovada, dois terços do free float deve consentir com a proposta. Isso é, 27,5% dos acionistas da EDP devem aceitar o prêmio de 22,26%. 

Como ocorre de praxe, a oferta ainda deve demorar a ocorrer, após o estudo do laudo de avaliação já realizado pela consultoria EY. Ainda não há data para o leilão das ações.

O que achamos

Coincidentemente, o pedido de OPA da holding vem à tona em um momento em que as ações de utilities estão muito pressionadas no mercado de capitais brasileiro.

As recomendações do sell side brasileiro avaliam a empresa entre R$ 23 e R$ 26 por ação. Então, na prática, a controladora compraria os papéis da operação brasileira de volta apenas ao preço justo, sem efetivamente pagar um prêmio. 

Segundo o consenso do TradeMap, o preço-alvo mediano do mercado para as ações da EDP Brasil é de R$ 23,84. 

A EDP Portugal sustenta sua tese de fechamento do capital com base no laudo de avaliação da EY, que avalia a empresa entre R$ 20,20 e R$ 22,09, patamar encontrado por meio do fluxo de caixa descontado, com taxas mais elevadas do que os investidores têm usado, devido à alta dos juros no Brasil.

Chama a atenção a justificativa para o fechamento de capital. Uma fonte disse ao site Brazil Journal que o objetivo da OPA é “ter mais flexibilidade para alocar capital no Brasil a um custo sensivelmente menor”.

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A fonte compara a NTN-B negociada com um spread de 6%, deixando a contração de dívida encarecida. Na Europa, a EDP poderia captar dívida em euro, pagando 4% ao ano. Em seguida, os recursos seriam investidos no Brasil, elevando o retorno sobre a alocação.

Nada impede, porém, que a EDP Brasil capte dívida no exterior. Medidas para proteção do capital contra o câmbio teriam de ser implementadas, como swaps, mas o racional seria o mesmo.  

Ainda assim, o endividamento da empresa não é alto, algo que justificasse a captação de mais recursos para um plano de Capex (voltado a bens de capital) que não está entre os maiores do setor. A alavancagem da empresa, considerando os ativos consolidados, terminou o quarto trimestre em apenas 2 vezes o Ebitda. 

Como as ações da EDP Brasil vão reagir

O mercado ainda vai avaliar a proposta de fechamento de capital, mas a medida pode causar algum ruído, caso os investidores da companhia sintam-se lesados ou que o preço não condiz com o potencial da empresa, já que a EP está muito barata. 

Ainda assim, o movimento das ações pode ser altista no pregão de hoje, já que a proposta mínima avalia a EDP Brasil no mesmo preço de sua máxima histórica. 

*O Pré-Trade é publicado diariamente pela Agência TradeMap, sempre antes da abertura da Bolsa, e se propõe a indicar como investidores podem reagir no pregão em reação a alguma notícia ou fato novo que tenha relação com uma ação específica em sua carteira. O conteúdo se destina a fins informativos e não deve ser interpretado como nenhum tipo de recomendação de investimentos.

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