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Petrobras (PETR4): mercado espera manutenção da política de preços e vê Pires como bom nome

Embora costume criticar ingerências políticas na empresa, o mercado parece ter gostado da indicação de Pires para a cadeira

Foto: Shutterstock

A troca de comando na Petrobras (PETR4) não deve causar nenhuma mudança brusca nos rumos da companhia, e o novo CEO, Adriano Pires, é um nome qualificado. Pelo menos é isso que analistas, corretoras e casas de análise têm observado, menos de um dia após a divulgação da mudança de comando na estatal.

O mercado, embora costume criticar ingerências políticas na empresa, parece ter gostado da indicação de Pires para a cadeira. Isso porque o economista possui uma experiência de mais de 20 anos no setor e já se mostrou contrário à intervenção de preços dos combustíveis por parte do governo.

Na Bolsa, não era observado um movimento de aversão à Petrobras, e as ações preferenciais da companhia (PETR4) subiam 1,96% às 15h15, enquanto as ordinárias (PETR3) avançavam 0,76%.

Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, a indicação do economista para o posto de novo CEO da Petrobras foi bem recebida pelo mercado por se tratar de um nome que sempre defendeu a manutenção nos preços da empresa alinhados com os de importação.

Acredito que a mudança neste momento seja apenas política e não trará alteração na política de preços da empresa”, comentou o analista.

Entenda mais sobre o caso:
Petrobras (PETR4) sofre (nova) intervenção. O que muda para a estatal?

Segundo o UBS-BB, em relatório publicado nesta terça-feira (29), a independência de preços deve permanecer na empresa, mesmo com a troca do ocupante da cadeira principal.

Continuamos reiterando nossa visão de que a Petrobras manterá sua política de precificação de combustíveis, mesmo que ligeiramente abaixo da paridade por algum período de tempo”, afirma o UBS-BB. 

O BTG Pactual corrobora com a visão de sequência na governança da empresa e acredita que a mudança deve significar pouco em termos de interferência direta na estratégia de precificação de combustíveis da companhia. 

O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou, na noite de segunda a indicação do economista Adriano Pires para o cargo de presidente da estatal para o lugar do general Joaquim Silva e Luna, demitido do cargo também na segunda.

O ministério também reiterou a indicação de Rodolfo Landim para a presidência do conselho da companhia. As indicações ainda precisam ser confirmadas pelos acionistas da companhia na assembleia geral ordinária no dia 13 de abril.

Segundo a XP Investimentos, a mudança no comando é uma ação do presidente Jair Bolsonaro visando as próximas eleições, demonstrando uma insatisfação com os reajustes de preços recentes praticados pela estatal.

“A preocupação de Bolsonaro e aliados é que a inflação pressionada pela disparada dos combustíveis diminua a taxa de aprovação do governo e, assim, reduza suas chances de reeleição”, disse a corretora em morning call desta terça.

Para mercado, Pires é um bom substituto

A troca é a segunda realizado por Bolsonaro desde que assumiu a presidência do país, em 2019. Ele havia substituído Roberto Castello Branco por conta de uma crise instaurada no início do ano passado, e havia colocado o general Silva e Luna no posto na ocasião.

O UBS-BB sinalizou em relatório que Pires “possui um histórico estabelecido no setor de energia e já emitiu declarações no passado que sugerem um mandato potencialmente favorável em sua nova função, como sugerir a privatização da empresa”.

O BTG vê Adriano Pires como um “substituto muito bom para CEO, potencialmente trazendo algum alívio para os investidores”. Já a Genial Investimentos considera que a indicação de Pires para o cargo de CEO é positiva por se tratar de um profissional com um longo histórico de defesa da “liberalização do setor”. 

E as ações da Petrobras?

Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, avalia que o mercado encarou essa troca com naturalidade, já que não foi a primeira vez que Bolsonaro resolveu intervir na gerência da estatal, e que, por isso as ações, da empresa não apresentam volatilidade nesta terça. 

O UBS-BB também relembrou que quando Silva e Luna assumiu a posição de CEO, as ações da companhia caíram 21,51% com temores de que ele fosse interferir na governança e na política de preços da empresa. Mas isso não se concretizou, e a expectativa é de que também não ocorra agora. 

Apesar de apresentarem uma alta no dia, a Genial Investimentos avaliou em relatório publicado nesta terça que os papéis da empresa deverão atravessar uma volatilidade ao decorrer do ano por conta do cenário eleitoral.

Seguindo a linha do estatuto da empresa acreditamos que a mudança neste momento seja apenas política e não trará alteração na condução de preços da empresa, sendo assim, a volatilidade das ações deve permanecer em 2022, ano eleitoral”, afirmou Chinchila, da Terra Investimentos.

Avaliando esse cenário eleitoral, o analista da Nord Research, Bruce Barbosa, afirmou em relatório que uma opção para fugir da volatilidade é apostar em papéis de outras empresas petroleiras na bolsa, como a PetroRio (PRIO3).

Na visão dele, a petroleira carioca se beneficia das altas do petróleo, apresenta um crescimento de produção mais forte que o da Petrobras e não corre risco de subsidiar combustíveis com dinheiro de acionistas.

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