Petrobras (PETR4) explica dividendos e diz que não há discussão sobre política de preços; ação cai

Durante teleconferência para explicar os resultados de 2022, o presidente da estatal afirmou que a política de dividendos tem que ser equilibrada

Foto: Shutterstock/Saulo Ferreira Angelo

Em primeiro ato junto a analistas e investidores, o escolhido do governo Lula para presidir a Petrobras (PETR4), Jean Prates, fez questão de ressaltar duas marcas que nortearam o seu mandato: o diálogo e a transição energética.

Durante teleconferência para explicar os resultados da estatal em 2022, o executivo afirmou que a política de dividendos tem que ser equilibrada, baseada no diálogo, e que a política de preços de combustíveis é questão de governo, e não da Petrobras.

Indagado por analistas sobre como quer ser reconhecido após sair cargo, Prates fez questão de ressaltar que quer deixar um legado no qual a Petrobras possa ficar mais 70 anos produzindo valor para o Brasil, acionistas e trabalhadores, e que sobreviva as intempéries e a transição energética.

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Confira a seguir os pontos discutidos na teleconferência:

Política de dividendos e de preços

Como não poderia ser diferente, a maioria dos questionamentos para a Petrobras foi sobre a mudança ou não da política de dividendos.

Segundo Prates, uma boa política de dividendos é aquela em que há o diálogo entre o conselho, a assembleia e a diretoria. “Todos têm que decidir em prol de investir bem e, ao mesmo tempo, remunerar o acionista”.

Como contraponto, o executivo deu sua opinião sobre o tema, já que “tudo muda”. “Eu tenho dúvidas sobre as regras de dividendos. Tudo muda [sociedade] e a gente vai compondo essa relação em diálogo com os investidores, dentro do mínimo legal. Eu sou a favor de diálogo antes de decisões importantes.”

Para o executivo, ser sócio do estado brasileiro “tem que ser um bônus e não um ônus”.

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Questionado sobre se a robustez do pagamento de dividendos continuará em 2023, o presidente da estatal afirmou, de forma categórica, que será que mantida, porque a companhia pretende ter lucros similares aos do ano passado, embora as “circunstâncias agora sejam maiores”.

Como exemplo de dificuldade, embora possa soar como controverso, Prates citou o pós-Covid, no qual houve uma retomada da economia e uma política de preços do governo em que foi instituída a paridade de importação ao preço do concorrente. Importante lembrar que essa política de preços ocorre desde o governo de Michel Temer.

“Isso provavelmente vai mudar [paridade], não vamos fazer a política de preços do Brasil. A Petrobras tem a política comercial para  buscar os melhores clientes, mas a política de preços é do Brasil e do governo.”

Em comunicado nesta manhã, a estatal disse, no entanto, que, no âmbito da diretoria e do grupo de Mercado e Preços, não há qualquer discussão para que a companhia altere sua política de preços e reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que “evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

Venda de ativos

Em relação à polêmica envolvendo a venda de ativos, o presidente da companhia foi sucinto sobre o tema, afirmando que o desafio maior é não vender ativos por decisão do governo. “Não vamos se desfazer de refinarias, por exemplo, como o governo [Bolsonaro] fez no passado. Será um diálogo entre todos, inclusive gestores [o mercado], como vocês”.

Plano de investimentos x transição energética

Com a transição energética norteando seu mandato, o executivo foi bastante indagado sobre o tema. De acordo com Prates, haverá um aumento da atenção para as fontes renováveis, uma vez que a energia eólica, por exemplo, já é a segunda fonte mais importante do país.

“Mas a empresa vai manter o foco no pré-sal e no upstream. Ninguém se transforma de um dia para outro. Ainda não exploramos metade do potencial do gás natural para a transição energética”, afirmou o presidente da Petrobras.   

Sobre o hidrogênio verde, tão em voga no mundo, Prates disse ser muito cedo para falar, embora acredite que com incentivo (subsídio) a introdução possa ser mais rápida. “O hidrogênio não é o primeiro da fila na nossa transição energética. A Petrobras não vai entrar sozinha em projetos de hidrogênio verde. Essa discussão ainda está no Congresso.”

Alocação de capital, dividendos e saúde financeira

Em relação ao equilíbrio de alocação de capital, ao pagamento de dividendos e à saúde financeira da Petrobras, o executivo disse que essa conta vai fechar escolhendo bons projetos, sócios e mantendo a responsabilidade financeira. 

O legado de Prates

Por fim, questionado sobre o que o controlador da empresa, no caso o governo brasileiro, pediu para ser feito em seu mandato, Prates saiu pela tangente, mas explicou o que espera deixar de legado.

“Quero deixar uma empresa que viva mais 70 anos produzindo valor para o Brasil, os acionistas, os trabalhadores, e que sobreviva às intempéries e à transição energética. Quero mostrar que ser sócio do governo é um bônus. Além disso, quero que a transição energética seja igualitária, para que todos tenham acesso, inclusive os profissionais para uma migração de carreira, por exemplo.”

Por volta de 13h, as ações preferenciais da estatal caiam 1,82%, a R$ 24,82, enquanto os papeis ordinários operavam em baixa de 1,36%, a R$ 28,36.

Quer saber mais sobre o tema? Confira o vídeo da Agência TradeMap:

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