O Ibovespa voltou do Carnaval em modo de ajustes e fechou esta quarta-feira (22) em queda de 1,86%, aos 107.152 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. O volume negociado ficou em R$ 13,50 bilhões.
O desempenho reflete a volatilidade nas Bolsas ao redor do globo pelo aumento das precauções com o futuro dos juros americanos após a divulgação da ata do Fed (banco central dos Estados Unidos).
O noticiário corporativo também contribuiu para a queda em bloco de papéis expostos à commodities, sobretudo o petróleo, minério de ferro e proteína.
Diante disso, o Ibovespa acumula queda de 5,53% na parcial de fevereiro, enquanto desde o início do ano a queda é de 2,35%.
Fed se divide sobre alta de juros e alerta para recessão
A ata da última reunião do comitê de política monetária do Fed mostrou que o colegiado estava dividido sobre a decisão de elevar os juros em 0,25 p.p (ponto percentual), com parte dos membros defendendo um aumento maior na taxa básica, de 0,50 p.p.
Atualmente, os juros americanos estão na banda de 4,50% e 4,75%.
Após a divulgação do documento, as bolsas americanas viraram e passaram a cair. O Dow Jones fechou com perda de 0,26%, enquanto o S&P 500 caiu 0,16%. Em direção oposta, a Nasdaq teve alta de 0,13%. Na Europa, o EuroStoxx 50 encerrou em baixa de 0,24%.
Assim como em dezembro, as autoridades repetiram que a inflação nos EUA está “inaceitavelmente alta”. Elas acrescentaram que será necessário um período de crescimento “abaixo da média” na economia para diminuir a pressão de aumento nos preços.
Algumas ainda assinalaram que há uma chance “elevada” de a economia dos EUA entrar em recessão em 2023.
Seguindo o caminho das Bolsas americanas, o mercado de criptoativos também opera no campo negativo. Por volta de 17h, o Bitcoin (BTC) registrava queda de 1,75% em comparação as últimas 24 horas, negociado a US$ 23.935. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) perdia 2,04%, a US$ 1.623.
Suspeita de “vaca louca” derruba frigoríficos
Na ponta negativa, destaque para as ações de frigoríficos, que lideraram as baixas do Ibovespa, após o Ministério da Agricultura e Pecuária divulgar, na segunda-feira (20), que está investigando um caso suspeito de “vaca louca” no país.
O temor fez as ações da Minerva (BEEF3) recuarem de 7,92%. Além disso, a empresa divulga nesta quinta-feira (23), depois do fechamento do mercado, os dados do quarto trimestre e o consolidado de 2022.
Para o Itaú BBA, a companhia deve apresentar uma melhora das exportações na comparação anual, com o Brasil retomando as exportações para a China após a suspensão feita em 2021.
Logo atrás, BRF (BRFS3) caiu 6,71%, enquanto a Marfrig (MRFG3) perdeu 4,71%.
“Com isso, pode ser que o governo suspenda as exportações de carne bovina para a China. Isso abalou bastante o setor de frigorífico”, explica Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos.
Commodities caem em bloco
A queda do minério de ferro e do petróleo no mercado global também foi fundamental para a queda do Ibovespa, já que as empresas de commodities possuem o maior peso na Bolsa.
A tonelada do minério de ferro encerrou a sessão com retração de 0,38%, negociada a US$ 131,91 no porto de Dalian.
O desempenho reflete o início da intervenção do governo chinês no mercado para conter o que autoridades chamaram de “especulação de preços”, e não há muita clareza por quanto tempo ficará em vigor.
Com isso, a Vale (VALE3) perdeu 0,76%, enquanto Metalúrgica Gerdau (GOUA4), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) retraíram 1,74%, 1,54% e 2,61%, nesta ordem.
Veja mais:
Já o petróleo tipo Brent, usado como referência na maior parte do globo, voltou a operar em queda com o temor de que a reabertura da economia chinesa não seja tão forte quanto o esperado. Os contratos para maio do barril fecharam em queda de 2,93%, a US$ 80,34, segundo dados da ICE.
Seguindo a mesma linha, os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) perderam 2,57%, enquanto os ordinários (PETR3) caíram 2,49%. No mesmo setor, 3R Petroleum (RRRP3) teve queda de 2,11% e a Prio (PRIO3) recuou 1,60%.
As poucas altas do dia
Entre o pequeno grupo que subiu na sessão, destaque para a TIM Brasil (TIMS3), que fechou com alta de 1,89%, repercutindo a notícia do controlador.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o Grupo TIM, controlador da unidade brasileira, recebeu uma carta do fundo norte-americano KKR comunicado que vai prorrogar, por um mês, o prazo para um potencial oferta de aquisição de ativos.
A alta, porém, foi puxada pelaCyrela (CYRE3), que subiu 3,12%, enquanto Petz (PETZ3) e Raízen (RAIZ4) ganharam 2,71% e 1,65%, respectivamente.