Na Bolsa, Embraer (EMBR3) despenca após balanço e varejistas sobem com alívio em juros

Enquanto monitoram a transição em Brasília, investidores repercutem os balanços de empresas como Cosan e Embraer

Foto: Shutterstock/Champ008

Na véspera do feriado pela Proclamação da República, a Bolsa tem operado com menos negócios nesta segunda-feira (14) e, após abrir em alta e perder fôlego nas primeiras horas, retoma o ímpeto no início da tarde. Por volta das 13h15, o Ibovespa subia 0,80%, enquanto o mercado monitora a transição do novo governo em Brasília.

Além disso, os investidores acompanham a reta final de divulgação de balanços das empresas para o terceiro trimestre, com a movimentações de ações nesta segunda que chamam a atenção.

Na ponta negativa, o destaque fica com a Embraer (EMBR3 -3,16%), que publicou um prejuízo líquido de R$ 93,8 milhões. Embora a perda tenha sido 48% menor que a de igual período do ano passado, ficou abaixo da expectativa de analistas. A XP e do Santander, por exemplo, esperavam, respectivamente, lucro líquido de US$ 7 milhões e US$ 6 milhões, um valor próximo a R$ 30 milhões.

Além disso, a empresa tem feito menos entregas de aeranaves em comparação ao que projetou no início do ano, o que acaba afetando o faturamento da empresa, uma vez que a companhia só registra a receita após o produto chegar ao cliente.

As entregas de aeronaves comerciais são apenas 45% do total estimado no começo do ano e resta apenas mais um trimestre para 2022 terminar. No terceiro trimestre, a receita da empresa foi de R$ 4,8 bilhões, montante 3% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

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Além da Embraer, os frigoríficos da Bolsa recuavam em bloco e figuravam entre as principais perdas nesta segunda-feira, com Marfrig (MRFG3) perdendo 7,58% e JBS (JBSS3) recuando 4,39%. No setor, BRF (BRFS3) caía 1,59% e a Minerva (BEEF3) operava com estabilidade.

Na visão do analista João Abdouni, da INV, as empresas exportadoras, em especial os frigoríficos, vivem no dia a chamada “realização de lucros”, ou seja, quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes.

Outra empresa que recuava com intensidade era a Cosan (CSAN3), que se desvalorizava 3,18%. Na sexta, a empresa divulgou seu balanço do terceiro trimestre de 2022, e registrou um prejuízo líquido de R$ 201,9 milhões, indo contra a expectativa do mercado e revertendo lucro bilionário de um ano antes.

O principal motivo por trás da piora do resultado foi o número divulgado pela Raízen (RAIZ4), subsidiária da empresa.

A Raízen fechou o trimestre com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 2,8 bilhões, queda de 14% na base anual, refletindo principalmente a queda nos preços dos combustíveis.

Em relatório publicado nesta segunda, o Goldman Sachs ressaltou que a empresa teve um efeito negativo de R$ 900 milhões no trimestre por perdas de estoque após essa queda no preços dos combustíveis comercializados na bomba. Apesar disso, o banco considerou os resultados negativos como esperados.

IRB e varejistas lideram altas da Bolsa

Na ponta positiva do Ibovespa, empresas ligadas sensíveis aos juros, como varejistas e construtoras, recuperam parte das perdas da semana anterior e avançam, refletindo também uma estabilização na curva de juros no Brasil.

IRB (IRB3) avançava 9,76%, seguido por GPA (PCAR3 +5,16%) e Petrobras (PETR4 +4%). Dentre as varejistas, Via (VIIA3) ganhava e Magazine Luiza (MGLU3 +3,47%).

Essas empresas apresentaram quedas sucessivas na última semana, impactadas por uma percepção de que o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter menos responsabilidade fiscal, o que eleva o risco e pressiona os juros futuros.

As declarações de Lula, somadas aos anúncios da equipe de transição, como a indicação do ex-ministro Guido Mantega para a equipe de transição da área de planejamento e orçamento, contribuíram para um avanço na curva de juros na semana passada, o que acabou pressionando essas ações. A varejista Via, dona das Casas Bahia, por exemplo, acumulou perdas de 25,84% nos últimos cinco pregões.

Contudo, o risco fiscal que esteve presente no radar do mercado no último pregão parece ter se dissipado um pouco, com sinalizações de que o novo governo pretende diminuir os gastos com a chamada PEC da transição.

“Já ouvimos conversas dizendo que o Lula e o PT estão voltando atrás no plano de gastos da transição, podendo passar dos R$ 200 bilhões para R$ 120 bilhões, mais em linha com o que o mercado esperava”, pontua Abdouni, da INV.

Em relação à curva de juros, segundo dados retirados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2024, 2026 e 2028 recuavam, respectivamente, 0,16 ponto-percentual (p.p.), 0,24 p.p. e 0,21 p.p. nesta tarde.

Somado a isso, o analista Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, ressalta que os dados do IBC-Br, a prévia do PIB, divulgados mais cedo, mesmo vindo abaixo do esperado, vieram com ligeira alta de 0,05%.

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Ele acredita que o dado mostra atividade positiva, porém não tão forte, o que pode causar um início da queda de juros a partir de julho do ano que vem. “A curva de juros começou uma trajetória descendente após a divulgação”, ressalta.

Além do movimento da curva de juros, Rodrigo Cohen acredita que as varejistas sobem na bolsa em virtude da proximidade com as datas festivas de final de ano, que, historicamente, são momentos de alta nas vendas das empresas.

Bolsas internacionais

Fora do Brasil, os principais índices acionários operam em direções mistas, com as Bolsas da Europa em alta e as dos Estados Unidos em baixa.

No norte da América, o diretor do Federal Reserve (o banco central americano) Christopher Waller afirmou que a taxa final de juros do país ainda está longe de ser atingida.

O pronunciamento mais duro sugeriu que o Fed seguirá priorizando o controle da inflação ante o crescimento econômico do país”, avalia a XP, em relatório.

Veja a performance dos índices globais nesta segunda-feira:

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