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Na Embraer (EMBR3), entregas abaixo do esperado prejudicam 3º trimestre e ações caem mais de 5%

A Embraer reporta prejuízo no período e vê metas para 2022 ficarem cada vez mais longes após fraca entrega de aeronaves no período

Foto: Shutterstock/Leonidas Santana

A Embraer (EMBR3), que publicou na manhã desta segunda-feira (14) os números da empresa para o terceiro trimestre, tem visto os resultados serem afetados por entregas de aeronaves abaixo do esperado.

A fabricante de aeronaves reportou no terceiro trimestre a entrega de 33 jatos e totalizou 79 vendidos no ano. Entre os 33 entregues no terceiro trimestre, 10 eram jatos comerciais e 23 jatos executivos. Os analistas do Goldman Sachs, por exemplo, projetavam três unidades a mais para cada categoria.

Apesar de o montante entregue no terceiro trimestre ser 10% maior que o registrado no período equivalente do ano passado, o valor ainda está longe de atingir a projeção feita pela empresa no início do ano para 2022.

As entregas de aeronaves comerciais são apenas 45% do total estimado no começo do ano e resta apenas mais um trimestre para 2022 terminar.

Por volta das 12h30, o mercado reagiu mal ao balanço e a ação da Embraer (EMBR3) caía 5,17%, a R$ 13,21.

Embora as entregas sejam referentes a negócios já fechados, a empresa adota um critério contábil no balanço que só registra a receita quando o produto chega ao cliente. Portanto, se as entregas atrasam, o registro da receita também fica para depois.

No terceiro trimestre, a receita da empresa foi de R$ 4,8 bilhões, montante 3% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, movimento puxado pelo segmento de Defesa & Segurança, o único que apresentou queda, com um tombo de 42% em relação ao mesmo período, para R$ 533 milhões.

Segundo o vice-presidente financeiro e relações com investidores da companhia, Antônio Carlos Garcia, as encomendas recebidas pela aviação comercial e pela executiva da Embraer para este ano estão na linha de montagem, mas os atrasos na cadeia global de suprimentos, sobretudo de motores e eletrônicos, seguem impondo desafios à indústria.

Portanto, o atraso na montagem levou a um acúmulo dos pedidos, o que deve fazer com que as entregas sejam mais fortes no quarto trimestre, mas dificilmente devem atingir a projeção estabelecida no começo do ano.

Seria necessário que a empresa entregasse  entre 33 e 43 aeronaves comerciais no quarto trimestre, ou 106% a 169% a mais que o reportado em igual período do ano passado, e algo entre 48 e 58 jatos executivos, que representam um avanço de 23% a 49% ante o volume entregue no quarto trimestre de 2021.

Enquanto isso, a carteira de pedidos se manteve estável em relação ao trimestre imediatamente anterior e expandiu 6%, para R$ 17,8 bilhões, em relação ao terceiro trimestre de 2021. Houve um aumento nos pedidos de 26 aeronaves comerciais para a SalamAir, mas que foram mitigados pela redução de 31 aeronaves da Republic. Esta redução impactou negativamente a carteira de pedidos da Embraer.

No terceiro trimestre, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que é o resultado mais próximo à geração de caixa de uma empresa, foi de R$ 485 milhões, 18,2% superior ao registrado entre os meses de julho e setembro do ano passado.

Além disso, a empresa conta com um caixa robusto de R$ 7 bilhões, que, somado aos investimentos resgatáveis no curto prazo, equivale um caixa total de R$ 10 bilhões. Este valor seria suficiente para cobrir as dívidas totais até 2027.

Por outro lado, a empresa registrou prejuízo ajustado em R$ 93,8 milhões. Apesar de uma melhora frente ao prejuízo de R$ 234 milhões no mesmo período do ano passado, a empresa manteve elevadas despesas financeiras, que corroeram o lucro.

O que esperar?

A Embraer deve ver uma entrada forte de caixa devido às maiores entregas de aeronaves esperadas para o quarto trimestre. Por outro lado, a maior necessidade de capital de giro para entrega dessas aeronaves corroeu o caixa da empresa no terceiro trimestre, que reportou um fluxo de caixa livre negativo de R$ 586,7 milhões.

Ou seja, a empresa não conseguiu gerar caixa por meio das principais atividades, como a venda de jatos. Isto é um ponto de atenção, uma vez que no ano a empresa não teria caixa positivo se não fosse o desinvestimento das instalações de Évora, que reforçou o caixa da empresa no segundo trimestre.

Portanto, uma empresa que apresenta dificuldade em fazer dinheiro com a principal atividade do negócio pode ser um alerta para o investidor. Apesar disso, o próximo trimestre deve trazer alívio para geração de caixa da empresa com a entrega das aeronaves acumuladas durante o ano. O montante a ser entregue no quatro trimestre deve refletir em um maior Ebitda no período.

As ações da empresa estão entre as maiores baixas do ano e apresentam queda acumulada de 47%.

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