Na Bolsa, Americanas (AMER3) despenca e puxa Ambev (ABEV3) e bancos para baixo

A semana não começou positiva para o Ibovespa. Com os mercados americanos fechados, o índice recuava com a ação da Americanas (AMER3) derretendo mais uma vez, assim como as mineradoras e siderúrgicas, que ajudam a manter a Bolsa brasileira no terreno negativo.

Por volta de 13h20, o Ibovespa recuava 1,45%, aos 109.322 pontos.

O papel da varejista liderava as perdas do dia com uma baixa de 40%, com seus papéis cotados a R$ 1,90. O movimento negativo, vale ressaltar, começou após a empresa comunicar a descoberta de inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões. Ao mesmo tempo, anunciou a saída do recém-empossado diretor-presidente, Sérgio Rial. Na quinta-feira (12), os papéis recuaram 77,33%.

Contudo, o cenário desenhado na semana passada pode ser pior do que o inicialmente informado. Na noite de sexta (13), a empresa declarou à Justiça uma dívida na ordem de R$ 40 bilhões. Depois disso, a Justiça do Rio de Janeiro, a pedido da varejista, decidiu impedir que os credores da companhia possam antecipar a cobrança de dívidas da empresa.

O pedido de proteção contra cobrança feito pela Americanas foi deflagrado, em parte, porque o banco BTG Pactual (BPAC11) notificou a companhia que declararia o vencimento antecipado de dívidas e que restringiria R$ 1,2 bilhão da empresa para garantir o pagamento.

Com a decisão judicial, o banco ficou impedido de adotar estas medidas. Como consequência, a ação do BTG recuava 4,28% nesta segunda e figurava entre as principais perdas do dia.

Outro papel que era “contaminado” pela baixa de Americanas era o da Ambev (ABEV3), que perdia 3%. Isso porque, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, principais investidores da fabricante de bebidas, são os donos da 3G Capital, que é a maior acionista da Americanas.

Na visão da XP, a situação da Americanas deverá ser resolvida por meio de uma recuperação judicial. “O pedido de recuperação judicial parece ser o caminho mais provável que a Americanas vai tomar, dado o tamanho da sua dívida, número de credores envolvidos e a potencial necessidade de capital”, diz a XP.

Em relatório, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt afirmam também que, se a varejista movimentasse entre R$ 12 bilhões e R$ 21 bilhões em uma oferta de ações, poderia dar um “conforto aos credores”.

Mineradoras em baixa

Ainda dentre as baixas, a ação da Vale (VALE3) e de outras mineradoras e siderúrgicas desabam nesta segunda-feira (16), pressionadas pela queda do minério de ferro. O movimento reflete o relato de um aumento nas mortes por Covid-19 na China, que é a maior consumidora da commodity no mundo, renovando as preocupações sobre a demanda.

No sábado (14), de acordo com a mídia chinesa, quase 60 mil pessoas morreram desde que o país asiático abandonou a política de zero Covid, entre o fim do ano passado e o começo de 2023, após críticas globais sobre a reabertura do país.

O minério de ferro encerrou a negociação em queda de 4,3% em Dalian, na China, negociado abaixo de US$ 124 por tonelada.

No horário acima, a ação ordinária da Vale, que tem o maior peso no Ibovespa, tinha queda de 2,25% enquanto a CSN Mineração (CMIN3) caía 2,40%.

Entre as siderúrgicas, a CSN (CSNA3) tinha a maior queda, de 2,43%, enquanto a Gerdau (GGBR4) tinha baixa de 1,36% e a Usiminas (USIM5) caía 1%.

Altas do dia

Na contramão da Americanas, as outras grandes varejistas da bolsa se valorizavam no pregão. A ação da Via (VIIA3) avançava 13,50% enquanto os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) subiam 10,20%. O movimento pode ser visto como uma rotação de ações, com os investidores migrando seus investimentos da primeira para as concorrentes.

A Magalu, por exemplo, tem conseguido ganhos apesar do forte recudo da Americanas. Na semana passada, o papel da empresa de Luiza Trajano teve um avanço de 24,3%. 

Na sequência, o papel da Embraer (EMBR3) ganhava 3,18%. Mais cedo, a empresa informou ao mercado que vendeu 15 aeronaves E195-E2 a um cliente não revelado. Segundo a fabricante brasileira, o pedido firme de 15 aviões comerciais tem valor de US$ 1,17 bilhão, e será adicionado à carteira do quarto trimestre de 2022.

No terceiro trimestre do ano passado, a carteira de pedidos da Embraer somava US$ 17,2 bilhões. Esse tipo de aeronave é a principal aposta da fabricante para o segmento comercial nos próximos anos. O E195-E2 tem capacidade entre 120 e 146 lugares.

Cenário externo

Lá fora, os mercados norte-americanos estão fechados, devido ao feriado de Martin Luther King Jr. Com isso, as bolsas em Wall Street não funcionam nesta segunda-feira.

No país, os investidores seguem monitorando as projeções de recessão dos grandes bancos americanos e calibram suas perspectivas sobre o cenário macroeconômico.

“Na última sexta-feira, tivemos os resultados do Citigroup, Bank of America e J.P. Morgan. Todos sinalizaram expectativas de recessão leve como cenário base em 2023”, afirmou Jennie Li, estrategista de ações da XP.

Na Europa, o mercado acompanha o início do Fórum Econômico Mundial de Davos, que terá como temas centrais a guerra na Ucrânia, a instabilidade e incerteza econômica e as alterações climáticas. Próximo do seu fechamento, o índice Euro Stoxx 50 avançava 0,48%.