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Megainvestidor Howard Marks avisa: é um erro ficar otimista e agressivo nos investimentos agora

Para o cofundador da Oaktree, EUA devem passar por recessão nos próximos dois anos, mas boa parte disso já foi antecipado pelo mercado

Foto: Divulgação / Oaktree

Apesar da recente recuperação dos mercados de ações em julho, ainda é cedo para os investidores ficarem mais otimistas e tomarem mais risco diante das incertezas no horizonte, diante de inflação e taxas de juros elevadas, risco de recessão e incerteza geopolítica com a guerra na Ucrânia, disse o megainvestidor Howard Marks.

Ele é cofundador e copresidente do conselho da Oaktree, uma das maiores gestoras globais especializadas em crédito, com US$ 159 bilhões sob gestão em junho.

“Os títulos de dívida estão precificados em uma faixa razoável [de preços] e seria um erro ficar mais otimista e agressivo neste momento. Deveríamos calibrar entre ser agressivo e defensivo”, disse durante palestra na Expert XP .

Marks, que alcançou sucesso investindo em títulos de dívida de alto risco e alto rendimento (high yield bonds) e também em ativos inadimplentes (distressed assets), vê o mercado de dívida hoje mais ajustado, depois da forte queda do retorno desses títulos em 2021, quando o rendimento médio destes papéis chegou a 3% ao ano.

“Hoje o yield [rendimento] desses título high yield está mais próximo de 8% e eles podem ser comprados. 3% não era um retorno útil”, diz Marks.

Avesso a fazer previsões macroeconômicas, Marks ressalta que não sabe qual será o patamar da inflação, mas destaca que em tempos de preços altos os investidores podem comprar títulos de dívida pós-fixados. “Uma das coisas que fiz foi comprar vários apartamentos, porque os aluguéis iam aumentar”, diz.

Com uma abordagem bottom-up nos investimentos, isto é, que leva em conta os fundamentos de uma empresa específica, Marks afirma que é importante identificar quais companhias conseguem repassar aumentos de custo.

Para Marks, parte do aumento de preços na economia global se deve à disfunção nas cadeias de fornecimento durante a pandemia, com uma retomada muito lenta da atividade em 2021.

Ele acha que a situação tende a melhorar, mas há fatores que estão levando a um aumento da pressão inflacionária como o que vem sendo chamado nos EUA de a ‘grande resignação’, com muitas pessoas deixando seus empregos, o que deve levar a um aumento de salários. “Nos EUA, 4 milhões de pessoas se demitiram e o número de empregos disponíveis hoje é maior que o de empregados”, diz.

Depois de uma euforia nos mercados em 2021, que levou as bolsas americanas a baterem recorde, sustentado por baixas taxas de juros e injeção de estímulos por parte dos bancos centrais, Marks não vê hoje nenhum excesso nos mercados. “Não tem nada com preços extremamente altos”, diz.

“Os preços passaram de otimistas demais para razoáveis e os excessos, em termos de preços dos títulos de dívida, meio que acabaram”, disse.

EUA devem passar por recessão, mas parte disso está nos preços

Marks afirma que a economia americana deve desacelerar, o que deve se refletir em um mercado mais desaquecido. “Provavelmente teremos recessão nos próximos dois anos, mas isso não significa que os preços vão cair mais porque os mercados já se anteciparam”, diz.

A Oaktree, especializada em investimento em crédito, com atuações também em private equity e mercado imobiliário, tem adotado uma postura mais defensiva nos investimentos em ativos de risco, diz Marks. “Estamos em um ambiente moderado, ninguém acha que tudo vai melhorar para sempre e nem que tudo vai ficar pior para sempre e estamos nos comportando de forma normal”, diz.

Não tente acertar o timing do mercado

Um dos ensinamentos destacados em seu último memorando, artigos que são lidos até por investidores como Warren Buffett, Marks destaca que os investidores devem evitar ficar tentando acertar o timing do mercado e fazer mudanças constantes nas alocações.

“Se ficar parado esperando o ônibus no mesmo ponto, uma hora ele passa. Se ficar ciscando de ponto em ponto você pode não pegar o ônibus”, diz, destacando a importância do investimento no longo prazo.

Ele cita como exemplo a performance do S&P, que entregou uma média de retorno de 10% nos últimos anos. “Quem investiu US$ 1 há cem anos hoje teria US$ 8 mil”, diz.

Marks cita ainda que o investidor deve considerar o poder do acaso no meio do caminho e cita o livro de Nassim Taleb, “Fooled by randomness” (no Brasil, traduzido como Traídos pelo acaso) sobre a predominância do lado aleatório nos investimentos e sobre os fatos que não podemos prever.

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