A inadimplência de cartões de alto risco do Itaú (ITUB4) acendeu um sinal de alerta ao subir mais que a do mercado no quarto trimestre de 2022, apontou o UBS BB em relatório divulgado nesta quinta-feira (9).
A taxa de inadimplência de cartões de crédito focada em clientes de alto risco aumentou em 0,34 ponto percentual no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior, para 5,3%, enquanto o índice de inadimplência de cartões no sistema financeiro brasileiro teve uma alta de 0,19 p.p, para 7,74%.
“Vale ressaltar que o quarto trimestre normalmente tem uma sazonalidade positiva para a qualidade dos ativos de cartão de crédito, o que não foi percebido neste. Isso levantou uma bandeira amarela, em nossa opinião”, afirmaram os analistas do UBS BB, que ressaltam que a taxa do Itaú tem uma forte correlação histórica com a do sistema.
Dados do quarto trimestre divulgados nesta semana mostraram que a taxa total de inadimplência do Itaú ficou em 2,9% alta de 0,1 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre e de 0,4 p.p. ante o quarto trimestre de 2021.
Os analistas do UBS BB também chamaram a atenção para o aumento das provisões dos empréstidos de cartões do Itaú para 7,7% no último trimestre do ano passado, acima da média histórica de 6%.
O cenário desafiador de alta de juros em 2022 também fez com que o banco freasse a disponibilidade de crédito no fim do ao passado.
Entre outubro e dezembro, a carteira de crédito total do banco somava R$ 1,141 trilhão, alta de 2,7% ante o terceiro trimestre e de 11,1% em comparação ao quarto trimestre de 2021, variações que representam desaceleração do ritmo de desembolsos.
Para 2023, a expectativa do banco é ter um crescimento ainda menor na carteira de crédito, de algo entre 6% e 9%.
Preocupação com calotes
A preocupação com eventuais calotes também ficou latente no balanço do quarto trimestre.
Assim como o Santander (SANB11), o Itaú elevou as suas despesas para se blindar da inadimplência após o o escândalo da Americanas (AMER3) revelar que a varejista devia mais às instituições financeiras do que se sabia no mercado.
Saiba mais:
As chamadas provisões para devedores duvidosos (PDDs), indicador do setor bancário que exibe quanto os bancos destinam em recursos para compensar possíveis perdas com clientes que não pagam empréstimos, somaram R$ 9,9 bilhões no quarto trimestre, alta de 45,1% em relação a igual período do ano anterior.
Na comparação com o terceiro trimestre, a expansão foi de R$ 1,7 bilhão, correspondendo a 60% da dívida da Americanas com o banco (R$ 2,8 bilhão).