Em um pregão negativo, com apenas duas ações em alta, o Ibovespa tinha uma queda brusca pressionado pelas divulgações de resultados trimestrais, após fechar a sessão desta quarta-feira (5) em alta de 1,70%, repercutindo as falas de Jerome Powell, presidente do banco central americano, que indicou que o aumento nos juros nos Estados Unidos irá ser num ritmo menor que o esperado,
Por volta de 13h (de Brasília), o principal índice da B3 operava em queda de 3,44%, aos 104.615 pontos. Com esse patamar, o Ibovespa zera os ganhos do ano até agora, uma vez que iniciou o mês de janeiro aos 104.822 pontos.
Na sessão, as principais quedas ficavam por conta de Totvs (TOTS3), que caia 11,34%, seguida por Magazine Luiza (MGLU3) que recuava 10,10% e BRF (BRFS3), que desvalorizava 8,78%, depois de a empresa apresentar prejuízo bilionário no primeiro trimestre do ano.
A Totvs também repercute o resultado de seu balanço. O lucro líquido da companhia cresceu 5,4% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, para R$ 85 milhões, impulsionado pelo forte crescimento na receita da companhia, apesar de uma queda nas margens decorrente do aumento nas despesas no período.
Segundo a Totvs, a receita líquida aumentou 33,8% no período em relação a um ano antes, para R$ 945,6 milhões. O resultado da empresa só não foi maior porque os custos e despesas operacionais cresceram numa velocidade maior que a da receita – em 34,3% e 46,1%, respectivamente.
Além disso, tanto os analistas da XP quanto do Goldman Sachs, em relatórios publicados após a divulgação do balanço, os segmentos de Techfin e Business Performance não tiveram resultados esperados.
“A receita da Techfin diminuiu 10% devido a uma redução na produção de crédito no primeiro trimestre de 2022 de 2%”, destacou o Goldman.
No caso de Magalu, por ser uma empresa de varejo exposta à economia interna, a queda ocorre após a alta nos juros futuros por aqui, que subiram após uma sinalização do Banco Central de que fará um ajuste adicional nos juros em junho.
No horário acima, os contratos de juros futuros com vencimento em 2023 eram negociados a 13,23%, alta de 29 pontos-base na comparação intradia. Já os contratos para 2025 e 2028 subiam 29 e 25 pontos-base cada na mesma base de comparação, respectivamente.

Após considerar por semanas a possibilidade de parar de subir juros na reunião de quarta, o BC reconheceu pressões inflacionárias maiores do que o esperado e sinalizou no comunicado da decisão — a Selic subiu 1 ponto, a 12,75% ao ano— que a alta de juros continua, em menor grau, na próxima reunião, em junho.
No caso da BRF, o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila, vê os resultados do balanço do primeiro trimestre da companhia pressionarem as ações. Ele acredita que o impacto da inflação na demanda e nos custos no primeiro trimestre causaram o prejuízo de R$ 1,55 bilhão no período, revertendo lucro de R$ 22 milhões na comparação anual.
Veja o balanço:
Prejuízo bilionário: BRF (BRFS3) reverte lucro e tem perdas de R$ 1,6 bi no primeiro trimestre
De acordo com a companhia, no relatório de balanço publicado na noite desta quarta-feira (4), os resultados sofreram impacto do cenário macroeconômico e geopolítico, como a redução de renda da população brasileira e a alta da inflação ao redor do mundo.
Neste cenário, a BRF explica que colocou em ação um plano para readequar sua cadeia, o que ampliou as perdas. “Em uma cadeia longa e viva, o efeito dos ajustes pode surgir entre três a nove meses após as medidas tomadas, mas seus custos se concentram no período inicial”, explicou a empresa no documento.
Além das empresas já mencionadas, figuravam entre as maiores quedas o Banco Pan (BPAN4) caindo 8,90%, CSN (CSNA3) perdendo 8,57%, Hapvida (HAPV3) recuando 7,70% e Alpargatas (ALP4), que apontava baixa de 7,49%.
As únicas altas do Ibovespa
O índice só tinha duas ações em alta – Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) -, ambas empresas de papel e celulose, que também apresentaram seus balanços do primeiro trimestre recentemente. Respectivamente, as ações das companhias subiam 2,20% e 1,58% na Bolsa brasileira.
A primeira reverteu um prejuízo de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre de 2021 e anotou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Já a segunda viu o mesmo indicador subir 108% no trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo R$ 875 milhões. Ambas se beneficiaram do aumento do preço médio líquido da celulose e do papel.
Bolsas internacionais em queda
Os principais índices acionários do exterior também caminham para uma direção negativa nesta quinta. Nos Estados Unidos, os investidores digerem a decisão de política monetária do Federal Reserve. Ontem, o banco central americano anunciou uma alta de 50 pontos-base (bps) na taxa básica de juros por lá.
A instituição afirmou também que começará uma redução de US$ 47,5 bilhões por mês do seu balanço patrimonial a partir de junho, depois aumentando o ritmo para US$ 95 bilhões. Contudo, após a divulgação da ata, o presidente da instituição, Jerome Powell, tranquilizou os mercados ao afirmar que não considera uma alta de 75 bps nas próximas reuniões.
Nesta quinta, contudo, os índices acionários caem em bloco de forma acentuada. O Dow Jones recuava 2,85%, o S&P 500 perdia 3,35% e o Nasdaq recuava 4,55%.
Na Europa, os investidores aguardam a reunião de política monetária do Banco da Inglaterra, com a expectativa é um aumento nas taxas de juros para conter a inflação por lá. Em relação aos índices, o movimento era de quedas, igual aos pares americanos.
O índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas do Velho Continente, tinha uma desvalorização de 0,83%, enquanto que na Alemanha, o DAX recuava 0,74%. A exceção positiva era o FTSE 100, de Londres, que apontava em 0,05% para cima.