Instável, o Ibovespa opera entre o positivo e o negativo desde o início do pregão, repercutindo o movimento de recuperação nas bolsas no exterior, mesmo com o movimento de aversão ao risco exacerbado desde o final da semana passada.
Por volta das 13h25, o principal índice da B3 subia 0,20% e operava aos 108.595 pontos. Dentre as maiores altas, a Yduqs (YDUQ3) liderava e subia 8,09%. Na sequência, papéis ligados ao setor de construção, como Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3) e EzTec (EZTC3) que subiam 6,66%, 6,86% e 1,74%, respectivamente.
A Cyrela entrou na lista das recomendações de compra do Itaú BBA nesta quarta-feira (28) em substituição a Multiplan (MULT3). Em relatório divulgado ao mercado, o banco passou a recomendar a compra das ações da incorporadora com um preço-alvo de R$ 22 ao fim de 2023.
O BBA adicionou a construtora por acreditar em uma tese de investimento positiva para a empresa. Segundo a instituição, a curva de juros brasileira incorpora um “prêmio de risco” atrativo. Além disso, consideram a ação desprezada pelos investidores.
As outras ações recomendadas pelo Itaú BBA para os investidores brasileiros são Assaí (ASAI3), Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11), Eletrobras (ELET3), Energisa (ENGI11), Gerdau (GGBR4), MRV (MRVE3), Vale (VALE3) e Vivara (VIVA3).
As baixas do dia
Dentre as maiores quedas do índice, BB Seguridade (BBSE3) recuava 3,39%, Minerva (BEEF3) caía 2,72%, Marfrig (MRFG3) desvalorizava 2,65% e Energisa (ENGI11) apontava em 2,16% para baixo.
O papel da Petrobras (PETR4) também recuava com intensidade e perdia 1,55%. Para o analista da INV, Nicolas Merola, esse movimento é uma antecipação de parte do mercado para as eleições presidenciais, que acontecem no domingo (2).
“Enquanto todas as outras petrolíferas, aqui e lá fora, operam no positivo, a Petrobras vai no sentido contrário. Essa queda é uma leitura de alguns players se posicionando antes de domingo. Nesse caso, fugindo de um ‘risco eleitoral”, avalia Merola.
Para a economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, esse recuo da petrolífera, que representa boa parte dos papéis da Bolsa, é o fator que impede uma alta do Ibovespa, mostrando uma cautela pré-eleição.
Cenário internacional
Os investidores também estão de olho nas movimentações vindas do Norte da América e da Europa.
Mais cedo, o presidente do Fed, Jerome Powell, discursou no evento Community Banking Research Conference (CSBS), mas evitou de dar perspectivas futuras dos próximos passos dos juros no país.
Powell limitou-se a falar sobre bancos comunitários, que é o tema do evento que acontece entre hoje e amanhã.
Por outro lado, Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, reforçou o quadro de alta de 0,75 p.p (ponto-percentual) nos juros por parte do órgão em novembro e de 0,5 pp em dezembro.
Em reação aos comentários de Powell, os principais índices americanos intensificaram os ganhos e passaram a subir, ao contrário da Bolsa brasileira.
No exterior, as principais bolsas iniciaram o pregão no negativo, mas viraram após o discurso de Powell. Além disso, o Banco da Inglaterra anunciou que vai agir para limitar as apostas do mercado no aumento dos juros do país. A medida, segundo a instituição, visa impedir que o nervosismo do mercado financeiro piore a situação da economia.
Os juros projetados pelos títulos de dívida do governo da Inglaterra vêm subindo gradualmente ao longo dos últimos meses. Esse movimento era esperado, dado que o banco central do país está aumentando as taxas para conter a inflação.
“Os mercados mostram uma recuperação importante nesta quarta. Depois de seis dias consecutivos de queda, as bolsas nos EUA caminham para um dia positivo. Além da alta do S&P, vemos um movimento importante de recuo no dólar global após uma forte apreciação recente”, diz Rocha.