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Ibovespa resiste a dados econômicos positivos e opera em queda

Apesar de boas surpresas em inflação e empregos, índice perde 0,52%

Foto: Divulgação

Nem mesmo dados econômicos positivos no Brasil foram capazes de levantar o Ibovespa, que opera em queda na véspera do feriado de Natal, com recuo de 0,52%, aos 104.691 pontos, por volta das 13h30.

O maior destaque do dia foram os dados de inflação de dezembro, medida pelo IPCA-15, que ficou em 0,78% – uma desaceleração em relação ao mês anterior, que havia mostrado avanço de 1,17%. O dado também veio um pouco abaixo do esperado por analistas, que em média apostavam em expansão de 0,8%.

A queda na comparação mensal faz com que o dado seja interpretado de forma positiva, mesmo que a inflação oficial feche o ano em 10,42% – muito acima da meta do Banco Central (BC), que era de 3,75%.

Na análise de Leonardo Vasconcellos, head da mesa de alocação alta renda da BRA, o cenário para 2022 não é positivo. “É importante salientar que, para o próximo ano, embora não haja expectativa de uma inflação tão alta, não significa que os preços vão cair, mas que vão continuar subindo em velocidade e amplitude menores”, explica.

Foram divulgados ainda os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que mostraram que o Brasil criou 324.112 vagas com carteira assinada em novembro, bem acima da expectativa dos analistas ouvidos pela Broadcast, que acreditavam em geração de 216,5 mil empregos formais. O número também representa uma expansão em relação a outubro, quando o saldo de vagas formais ficou positivo em 241.766.

“O cenário local é levemente positivo, ainda que a bolsa não reaja de forma positiva”, aponta Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos. Na visão dele, o clima morno dos mercados também é pautado pela redução na liquidez, natural para os pregões de fim de ano.

No exterior, as bolsas de valores operam majoritariamente no positivo, seguindo notícias otimistas em relação à variante Ômicron do coronavírus. Em Wall Street, o S&P 500 tinha alta de 0,72%, o Dow Jones subia 0,62% e o Nasdaq avançvaa 0,74%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 ganhava 1,23%, o FTSE 100, de Londres, subia 0,54%, enquanto o DAX, da Alemanha, avançava 1,07%.

Nos Estados Unidos, a inflação, medida pelo PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal) teve alta de 5,7% em novembro, a maior taxa desde março de 1982. O núcleo do PCE, que exclui a variação nos preços de energia e alimentos, subiu 4,1% na comparação anual.

O PCE é o índice acompanhado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americado) para tomar suas decisões de política monetária, que já anunciou que pode antecipar o início da alta de juros no país para combater a inflação. Quando os juros sobem em países desenvolvidos, a tendência é que aconteça um fenômeno batizado de “flight to quality” (quando investidores deixam ativos de maior risco, como os de países emergentes, para buscar papéis considerados mais seguros). Por isso, a alta da inflação nos EUA impacta o mercado brasileiro.

As maiores quedas do Ibovespa eram de Méliuz (CASH3), Petz (PETZ3) e Localiza (RENT3), que perdiam 6,34%, 4,56% e 3,74%, respectivamente. Na ponta oposta, Marfrig (MRFG3), BRF (BRFS3) e Embraer (EMBR3) lideravam as altas, com avanços de 4,13%, 3,65% e 3,31%.

A forte alta dos frigoríficos, segundo o gestor Iram Yugi, da Âmago Capital, em entrevista à Agência TradeMap, é um reflexo das notícias recentes. Na quarta-feira, a Marfrig obteve autorização para exportar para os EUA a partir de sua fábrica em Mineiros (GO), o que permite que a companhia não dependa tanto do mercado brasileiro, que enfrentará mais um ano de conjuntura econômica desfavorável.

Além disso, o mercado repercute o aumento de capital anunciado pela BRF, de R$ 6,6 bilhões, que deve ajudar a reduzir o seu endividamento e pode abrir espaço para a Marfrig aumentar sua fatia na empresa sem precisar fazer uma oferta por todo o negócio.

Em relação ao setor como um todo, a alta também reflete a queda do preço do gado nos EUA, que, segundo Yugi, abre espaço para uma melhoria nas margens de operações americanas, e a queda do embargo à importação de carne bovina brasileira pela China.

A JBS (JBSS3) era negociada a R$ 37,87, alta de 1,64%, e a Minerva (BEEF3) era cotada a R$ 10,54, também subindo 1,64%.

Notícias corporativas

A Ambev (ABEV3) anunciou a construção de uma nova fábrica de vidros sustentáveis, com investimento de R$ 870 milhões. A previsão é que a operação tenha início em 2025. De acordo com a empresa, o investimento está alinhado à meta de ter a totalidade de seus produtos em embalagens retornáveis ou feitas majoritariamente de conteúdo reciclado até 2025. O papel tinha alta de 1,37%, a R$ 15,60.

O conselho de administração da Petrobras (PETR4) aprovou uma despesa de R$ 270 milhões com um programa para facilitar a compra de botijões de gás de cozinha por famílias pobres em 2022. Nas contas da estatal, o programa deve beneficiar até 3 milhões de pessoas.

A petroleira anunciou ainda, na noite de ontem, que finalizou a venda de toda a sua participação nos campos do Polo Remanso para a PetroRecôncavo pelo total de US$ 11,3 milhões. A estatal ainda receberá US$ 5 milhões daqui a um ano.

Finalmente, a Petrobras informou que apresentou à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a revisão do plano de desenvolvimento integrado da Jazida Compartilhada de Tupi e da Área de Iracema, em que propõe novos investimentos para o aumento da produção no campo. Na esteira das notícias, a ação era negociada a R$ 28,26, em alta de 0,36%.

A Raia Drogasil (RADL3), por sua vez, anunciou a aquisição da totalidade da Amplisoftware Tecnologia (Amplimed) e de participações na Labi Exames e na Full Nine Digital Consultoria (Conecta Lá), com o objetivo de acelerar a estratégia de digitalização em saúde da empresa. Na visão da Ativa Research, as aquisições “são condizentes com a estratégia da Raia de se tornar um health hub cada vez mais completo”. A ação subia 0,04%, a R$ 24,09.

Ainda em aquisições em saúde, a Oncoclínicas (ONCO3) anunciou a compra de 60% da Brasil Memorial Holding (Itaigara Memorial), com opções para adquirir até 100% de participação nos próximos quatro anos. O valor da operação foi de R$ 101,1 milhões. O papel tinha baixa de 1,01%, a R$ 11,72.

Depois de despencar no pregão anterior, a ação da Alliar era negociada em alta de 1,33%, a R$ 14,44. A queda de ontem veio depois de a companhia ter anunciado um acordo que fará o empresário Nelson Tanure se tornar controlador do negócio por meio de uma manobra que o deixaria livre de pagar um prêmio sobre as ações que irá adquirir, o que foi interpretado como uma tentativa de driblar os acionistas minoritários. “O fato relevante mostra de maneira inequívoca tentativa de pagar prêmio de controle disfarçado de opções de venda”, disse Vladimir Timerman, da gestora Esh Capital, no Twitter.

A Sinqia tinha avanço de 3,83%, a R$ 16,53, um dia depois de anunciar a aquisição da NewCon, fintech especializada em softwares para administradoras de consórcios, pelo valor total de até R$ 422,5 milhões. A aquisição, de acordo com fato relevante, tem o objetivo de “fortalecer sua posição como provedora líder de tecnologia para o sistema financeiro, com um portfólio de produtos abrangente e uma base de clientes robusta, e ampliar as avenidas de crescimento para a unidade Sinqia Digital”.

O conselho de administração da Americanas (AMER3) aprovou um aumento de capital de até R$ 468 milhões por meio da emissão de novas ações. O preço dos novos papéis na oferta será de R$ 23,73, 22,5% abaixo da cotação no fechamento de quarta-feira. Em comunicado, a Americanas disse que o aumento de capital visa a “preservar a posição financeira” da companhia. A ação perdia 1,4%, a R$ 30,19.

A Gerdau (GGBR4) informou que as empresas Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Seiva receberam pagamento de R$ 1,062 bilhão relativo a perdas com empréstimos da Eletrobras (ELET3). A ação da Gerdau caía 1,86%, a R$ 26,97, a da Metalúrgica Gerdau perdia 1,85%, a R$ 11,14, enquanto a da Eletrobras tinha recuo de 1,4%, a R$ 33,21.

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