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O que aconteceu com Alliar (AALR3)? Ação fecha em queda de 20% após acordo entre acionistas 

Se o fim do ano costuma ser um período de calmaria para o mundo dos negócios, o clima tem sido de agitação entre os acionistas da rede de laboratórios Alliar, fundada em São Paulo pelos médicos Roberto Kalil e Sergio Tufik. 

Nesta quarta-feira, dia 22 de dezembro, a ação da companhia negociada na B3 despencou 20,35%, a segunda maior queda entre todas as empresas, após a companhia ter anunciado, na noite de terça-feira, dia 21, em fato relevante, um acordo que fará o empresário Nelson Tanure se tornar controlador do negócio. 

Tanure venceu uma disputa que começou em agosto. À época, a Rede D’Or, de hospitais, anunciou a intenção de comprar 100% da Alliar, em uma oferta de R$ 11,50 por ação. Pela cotação do período, tratava-se de uma proposta de R$ 1,35 bilhão. 

Três dias depois, Tanure comprou 26% da Alliar, por meio de fundos ligados a ele, e se tornou o maior acionista individual da empresa, que também conta com a participação de Luiz Barsi, o maior investidor pessoa física da Bolsa. 

No fim daquele mês, a Fleury, concorrente direta da Alliar, ainda iria entrar na jogada ao manifestar que estava tocando estudos preliminares para adquirir a empresa. Até o momento, porém, não houve nenhuma oferta formal. 

A entrada de Tanure, no entanto, fez um grupo de acionistas se mexer. Os dois médicos fundadores se juntaram a outros 48 acionistas minoritários e fizeram um acordo para formar um bloco que fosse dono de 50,2% da companhia, garantindo, assim, o controle do negócio. 

O bloco, então, deu início a uma negociação com Tanure, cujo resultado foi anunciado ontem. No fim, acertaram que ele compraria 62,4 milhões de ações, a um preço de R$ 20,5 cada – quase o dobro dos R$ 11,5 que a Rede D’Or havia proposto em agosto, e o equivalente a R$ 1,27 bilhão. 

A Alliar, que fechou o dia cotada a R$ 14,25, é avaliada em R$ 1,67 bilhão. Ao se tornar dono de mais de 50% da empresa, Tanure seria obrigado a fazer uma oferta pelo restante, a chamada OPA (Oferta Pública de Aquisição), pelo mesmo valor, de R$ 20,5 por ação. 

O contrato, porém, pode livrar o empresário da OPA, que poderia fazê-lo pagar mais de R$ 2 bilhões. Pelos termos, os membros do bloco liderado pelos médicos fundadores podem vender apenas uma parte das suas ações. E, a depender de qual será a adesão, a oferta de aquisição do restante, por Tanure, pode ser dispensada. 

A manobra foi interpretada como uma tentativa de driblar os demais minoritários. E isso acabou gerando um movimento de venda das ações já nesta quarta. “O fato relevante mostra de maneira inequívoca tentativa de pagar prêmio de controle disfarçado de opções de venda”, disse Vladimir Timerman, da da gestora Esh Capital, no Twitter. 

O acordo entre acionistas ainda aguarda o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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