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Ibovespa recupera os 121 mil pontos e fecha primeiro pregão do trimestre em alta

Índice tem avanço de 1,31%, aos 121.570 pontos

Foto: Shutterstock

Puxado mais uma vez pelas ações ligadas à economia doméstica e pelas mineradoras, o Ibovespa teve alta no primeiro pregão do segundo trimestre, fechando acima dos 121 mil pontos, pela primeira vez desde agosto do ano passado.

O principal índice da Bolsa de valores brasileira encerrou a sessão com avanço de 1,31%, aos 121.570 pontos, com R$ 25,79 bilhões em volume negociado. Com isso, o saldo da semana foi de alta de 2,1%, enquanto a valorização desde o início do ano é de 15,98%.

Payroll dá força a expectativas de alta nos juros

A escalada do Ibovespa superou seus pares estrangeiros, que tiveram altas mais tímidas seguindo os dados do payroll. Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,4%, o S&P 500 teve ganhos de 0,34% e o Nasdaq avançou 0,29%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em alta de 0,41%.

O relatório de empregos dos Estados Unidos, conhecido como payroll, apontou que o mercado de trabalho americano criou 431 mil vagas em março, abaixo do esperado pelos especialistas. Por outro lado, o desemprego caiu para 3,6%, menor nível desde 2019, e o salário médio por hora subiu 0,41%.

Para Marcelo Oliveira, analista da Quantzed, os números vieram um pouco piores do que o esperado, mas mostram que o mercado continua aquecido por lá. “Esses números dão motivos para o Fed (o banco central americano) aumentar o ritmo de aumento de juros na próxima reunião e subir em 0,5% na próxima reunião”, comenta.

Fluxo externo dá o tom

Por aqui, o forte fluxo de investimento externo, motivado pelas commodities e pelo diferencial de juros, deu fôlego para as ações da maior peso no Ibovespa e derrubou o dólar e os juros futuros. A moeda americana teve baixa de 1,97%, cotada a R$ 4,6673.

Para o assessor de investimentos da SVN, Vinicius Augusto dos Santos, os investidores ficaram mais otimistas com a bolsa brasileira após o BC sinalizar que a taxa básica de juros, a Selic, deve parar de subir em breve, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, onde as taxas começaram a subir recentemente e ainda devem aumentar mais.

Juros maiores têm um efeito negativo sobre a atividade econômica porque encarecem o crédito tanto ao consumidor quanto às empresas. Como o Brasil está perto de encerrar o ciclo de alta nos juros, os investidores têm mais previsibilidade de até onde este efeito negativo vai chegar.

Além disso, ele acredita que a queda no dólar, motivada em boa parte pelo ingresso de capital estrangeiro na Bolsa, acaba ajudando a performance nas ações por aqui. A cotação da moeda americana influencia os preços de vários insumos, como combustíveis, e sua desvalorização tende a limitar o aumento nos custos das companhias.

O fluxo de capital estrangeiro, no entanto, também foi alvo de polêmicas perto do fechamento do pregão de hoje. Em comunicado à imprensa, a B3 (B3SA3) informou que um erro de cálculo inflou o volume de entrada de capital no Brasil em 2022. Assim, com a revisão dos dados, o saldo em 2022 passou de R$ 91,1 bilhões para R$ 64,1 bilhões.

Segundo a Bolsa, o equívoco ocorreu porque operações de empréstimo de ativos em tela foram erroneamente incluídas nas estatísticas de fluxo financeiro desde outubro de 2020. Assim, a B3 afirmou que os dados de 2020 e de 2021 também serão revisados.

Dólar ajuda algumas, mas derruba outras

A queda do dólar e dos juros, assim como os dados positivos de produção industrial, ajudaram as varejistas da Bolsa, em especial as mais descontadas. No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Méliuz (CASH3), Cielo (CIEL3) e Banco Inter (BIDI11), com ganhos de 9,38%, 8,04% e 7,78%, respectivamente.

Na direção oposta, empresas que têm grande parte de sua receita em dólar sofreram com a queda da moeda. As maiores baixas do Ibovespa foram de Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11) e Usiminas (USIM5), com perdas de 1,7%, 1,62% e 1,43%.

A produção industrial cresceu 0,7% em fevereiro, compensando parte da forte queda de janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O desempenho da indústria ainda está 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia, mas veio acima do esperado pelos analistas ouvidos pela Reuters, que previam alta de 0,3% no mês retrasado.  No ano, a indústria acumula queda de 5,8% e, em 12 meses, expansão de 2,8%.

As mineradoras, como a Vale (VALE3), que subiu 1,42%, foram beneficiadas também pela alta nos preços do minério de ferro. No setor, destaque ainda para Bradespar (BRAP4), holding que investe na Vale, e CSN Mineração (CMIN3), com ganhos de 2,87% e 1,49%, nesta ordem.

Por aqui, no âmbito fiscal, o presidente Jair Bolsonaro decidiu manter a redução de 25% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) por 30 dias, frustrando as expectativas de que seria anunciado um corte adicional para 33%, em uma tentativa de amenizar a tensão com as indústrias da Zona Franca de Manaus, que tinham no desconto do IPI um diferencial competitivo.

Em outra frente, o governo está avaliando a opção de elevar a alíquota da CSLL (Constribuição Social sobre o Lucro Líquido) das instituições financeiras com o intuito de compensar o impacto gerado pelo Refis, programa de refinanciamento de dívidas, dos pequenos negócios e, assim, cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Em meio à expectativa, os papéis dos grandes bancos tiveram desempenho misto. Itaú (ITUB4) teve alta de 0,29%; Bradesco (BBDC4) caiu 1,08%; Santander (SANB11) teve avanço de 0,03% e Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,06%.

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