Ibovespa recua pressionado por mineradoras e siderúrgicas; Gol (GOLL4) dispara

Por volta das 13h30,principal índice da B3 recuava 0,81% e operava aos 111.163 pontos

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

Um dia depois da decisão do Fed (banco central americano) e do Copom, o Ibovespa recua com os investidores digerindo as decisões sobre os juros, pela queda em bloco do setor de mineração e siderurgia e por ruídos contra o BC (Banco Central).

Por volta das 13h30, o principal índice da B3 recuava 0,81% e operava aos 111.163 pontos.

Dentre as baixas, destaque para as ações de empresas ligadas ao minério de ferro. As principais baixas ficavam com CSN (CSNA3), que caía 5%, Vale (VALE3), que perdia 3,77% e Usiminas (USIM5), que apontava em 4% para baixo.

Além disso, a Gerdau (GGBR4) recuava 3,64% e a CSN Mineração (CMIN3) operava em baixa de 4,49%. O movimento acompanha a queda do preço do minério de ferro no mercado internacional, que após acumular semanas consecutivas de alta, passou a devolver parte dos ganhos.

A tonelada da commodity negociada na bolsa de Dalian teve queda de 3,33%, negociada a US$ 125,16. No último dia de janeiro, a tonelada beirou os US$ 130. O minério, vale ressaltar, vem se valorizando desde novembro, quando a China, um dos principais importadores do produto, passou a flexibilizar sua política de zero Covid.

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Esse movimento de alta visto nos últimos três meses de 2022 impactou fortemente as ações de mineradoras e siderúrgicas na Bolsa brasileira. A Vale viu seus papéis avançarem 36,48% do primeiro dia de novembro até o dia 31 de janeiro. Já a siderúrgica CSN avançou cerca de 64,30% neste intervalo, enquanto a CSN Mineração ganhou quase 80%.

Com isso, o movimento de baixa do dia também pode ser uma realização de lucros, com os investidores que surfaram na onda de alta dessas ações vendendo suas posições.

Fora do Ibovespa, as ações da Oi (OIBR3; OIBR4) desabavam após a empresa anunciar que pediu à Justiça do Rio de Janeiro uma liminar para evitar que credores cobrem algumas das dívidas da companhia. Enquanto o papel ordinário caía 25,85%, o preferencial recuava 23%.

O comunicado, divulgado na noite de ontem, trouxe para o mercado uma possibilidade de a companhia entrar novamente em recuperação judicial. A Oi, vale ressaltar, encerrou um processo de recuperação judicial de quase seis anos em dezembro do ano passado.

Segundo Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos, um pedido para segunda RJ apenas 60 dias depois da saída da primeira demostra a fraqueza no processo de restruturação da Oi.

As altas do pregão

A ação da companhia aérea Gol (GOLL4) recuava 10% e liderava os ganhos do Ibovespa, seguida de perto por Azul (AZUL4), que apontava em 7,67% para cima.

Na contramão dessas companhias, o dólar recuava perante o real, o que acabava beneficiando essas empresas, já que possuem despesas na moeda americana na mesma medida que suas receitas são em real.

De acordo com dados da plataforma do TradeMap, o dólar futuro era cotado a R$ 5,03 nesta quinta.

Para Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o dólar recua após a sinalização de uma desaceleração no aperto monetário dos Estados Unidos, feito na véspera pelo Fed.

“O dólar cai por conta da sinalização do Fed de que deve seguir elevando a taxa de juros de uma forma mais devagar, indicando também que a inflação por lá está dando sinais de uma certa estabilidade e controle”, comenta o operador de renda variável.

Junto com o dólar, o barril do petróleo tipo Brent recuava na ICE. O contrato futuro mais negociado tinha desvalorização de 1,5%, cotado a US$ 81.

Além das companhias aéreas, empresas sensíveis à economia doméstica e à taxa de juros avançavam no pregão. Via (VIIA3) ganhava 4,26%, Locaweb (LWSA3) subia 4,19%, Magazine Luiza (MGLU3) se valorizava 3,26% e Cyrela (CYRE3) apontava em 2,65% para cima.

Copom, Fed e ruídos políticos

Ontem, o comitê de política monetária do Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,25 p.p (ponto percentual), desacelerando o ritmo de aperto monetário pela segunda vez consecutiva e atingindo o intervalo entre 4,50% e 4,75%.

“Prevemos que o atual ciclo de aperto monetário terminará com os juros de referência no intervalo entre 4,75% e 5%, e que o Fed encontrará espaço para começar a cortar a taxa de juros no quarto trimestre deste ano”, opinou a XP, em relatório. 

Além dos EUA, ontem, o Banco Central brasileiro decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano, como era esperado. Mas o comunicado da decisão, a primeira do ano, indicou que a Selic deve permanecer nesse patamar por bastante tempo, provavelmente até 2024, enquanto as expectativas de inflação não recuarem.

“A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, respondeu o comitê no comunicado de ontem. “O comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).”

O patamar atual da taxa de juros não agrada a todos. Nesta manhã, a deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffman, criticou o patamar da Selic, e declarou que “não há economia que resista a uma taxa de juros de mais de 13%”.

Exterior

No exterior, os mercados operam, em sua maioria, em terreno positivo. Na Europa, os investidores digerem os novos patamares das taxas básicas de juros da Zona do Euro e da Inglaterra.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve o ritmo de altas visto desde o final de 2022 e elevou suas taxas de juros em 0,5 p.p na reunião de seu comitê de política monetária. Com isso, a taxa básica subiu de 2,50% para 3% ao ano, o maior patamar desde novembro de 2008.

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também elevou sua taxa básica de juros em 0,5 p.p., atingindo 4% ao ano.

Ambos os aumentos já eram esperados pelo mercado, assim como foi visto na véspera pelo Fed.

Abaixo, acompanhe o movimento dos mercados:

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