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Ibovespa recua mais de 1% com risco fiscal no radar; Localiza (RENT3) derrete após balanço

Principal índice da B3 opera no campo negativo enquanto monitora os novos passos da transição governamental

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

Na volta do feriado, o Ibovespa opera no campo negativo enquanto monitora os passos da transição governamental, avaliando os riscos fiscais para os próximos anos.

Para Victor Miranda, operador de renda variável da One Investimentos, essa incerteza do mercado faz os ativos considerados “de risco”, ou seja, dos setores de varejo, construção e tecnologia recuarem com mais intensidade. 

Por volta de 13h25, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 2,25% e operava aos 110.649 pontos.

Do lado negativo, a Hapvida (HAPV3) perdia 10,31%, enquanto Americanas (AMER3) caía 9,17%, Magazine Luiza (MGLU3) recuava 6,35% e Méliuz (CASH3) apontava em 6,19% para baixo.

A operadora de saúde anunciou na segunda-feira (14) que seu conselho de administração aprovou a emissão de até R$ 1,2 bilhão em debêntures. Em comunicado, a Hapvida disse que a ideia é utilizar o valor para o pagamento de custos e despesas relacionadas ao desenvolvimento de empreendimentos.

Dentre as maiores perdas do Ibovespa, a ação da Localiza (RENT3) perdia 5,81%, repercutindo o balanço financeiro do terceiro trimestre da companhia, divulgado na noite de segunda-feira.

O trimestre foi o primeiro com as operações da Unidas consolidadas, e a companhia até viu sua receita aumentar 40% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 6,1 bilhões. Mesmo assim, o lucro da companhia caiu 27,6%, para R$ 682,1 milhões.

De acordo com a empresa, o recuo no lucro foi causado por um forte crescimento nas despesas com operações financeiras e de gastos relacionados à integração com a Unidas.

Lula e a PEC

No lado fiscal, o mercado brasileiro acompanha com atenção as discussões envolvendo a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da transição, além de discursos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Miranda, um dos pontos que preocupa os investidores é a possibilidade do Bolsa Família ser excluído do teto de gastos do novo governo.

Em reunião com Lula, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), teria sinalizado que a casa concorda com essa retirada do Bolsa Família do teto por um período de quatro anos.

A expectativa é que a proposta abra entre R$ 130 bilhões (segundo a Bloomberg) e R$ 175 bilhões (de acordo com a Broadcast) em despesas fora do teto. A grande dúvida do mercado é se o programa social poderá ser de fato excluído por um longo tempo da âncora fiscal, o que reforçaria o temido cenário de descontrole fiscal.

Altas da Bolsa

Na ponta positiva do Ibovespa, a ação da Embraer (EMBR3) saltava 7,95%. Na segunda, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) aprovou um financiamento à empresa para produção e exportação de aeronaves comerciais. A operação deve girar em torno de R$ 2,2 bilhões.

De acordo com o banco de fomento, a operação contribui para que a Embraer consiga retomar a produção de aeronaves nos patamares anteriores à pandemia de Covid-19.

Além disso, o Goldman Sachs pontuou em relatório publicado nesta quarta-feira que, embora a empresa tenha apresentado um prejuízo líquido de R$ 93,8 milhões no terceiro trimestre, o mercado regional de jatos está dando sinais de recuperação, o que deve sustentar os resultados da Embraer nos próximos trimestres.

“Esperamos que estas tendências continuem levando a um aumento de margens e de fluxo de caixa apoiados por maior volume de entregas, preços melhores e crescimento dos serviços sobre uma base instalada maior”, afirmam Noah Poponak, Gavin Parsons e Anthony Valentini, analistas do Goldman. O banco recomenda a compra dos papéis da fabricante de jatos.

Na sequência das altas, a BRF (BRFS3) avançava 2%. O frigorífico teve sua recomendação elevada pelo Goldman Sachs.

Avaliando as quedas recentes do papel do frigorífico, o banco alterou a recomendação do papel de venda para neutra, mantendo o preço-alvo de R$ 13,20 para o fim de 2023, uma valorização de 16,50% ante o fechamento de segunda-feira (14), que foi de R$ 11,33.

Desde abril, quando o banco iniciou a cobertura dos papéis, as ações acumulam recuo de quase 35%, o que também serviu para o banco mudar sua visão no investimento. Em relatório distribuído nesta quarta-feira (16), o Goldman afirma que a queda do papel abre uma oportunidade de compra, já que há uma perspectiva de mudança de rota para o lucro, após mudanças recentes tanto no âmbito da gestão quanto setorial.

Cenário externo

Lá fora, os principais índices acionários recuam, ajudando a pressionar o Ibovespa. Os investidores continuam a monitorar as altas de preço nos principais países do globo.

Nos Estados Unidos, dados da inflação ao produtor (PPI) divulgados na terça (15), mostraram uma alta de 8%, um pouco abaixo da expectativa de 8,4% do mercado.

Na Europa, já perto do fechamento, a inflação do Reino Unido atingiu 11,1% no acumulado anual, surpreendendo negativamente as estimativas de 10,6% e atingindo o seu maior valor dos últimos 41 anos. 

Veja o desempenho dos principais índices globais nesta quarta-feira:

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