Ibovespa opera estável e Marfrig (MRFG3) lidera altas após anunciar dividendo de R$ 600 milhões

O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, opera perto da estabilidade nesta quinta-feira (15), e vê a ação da Marfrig (MRFG3) liderar os ganhos do pregão com uma valorização de 5,87% após anunciar um dividendo milionário a seus acionistas.

O conselho de administração do frigorífico aprovou mais cedo a distribuição de R$ 600 milhões em dividendos para seus acionistas. A Marfrig informou que o montante é baseado nos lucros do terceiro trimestre deste ano.

O valor por ação, que considera uma alíquota de 15% de imposto, será de R$ 0,7. Sem contar o imposto, o valor bruto corresponde a R$ 0,9. O provento será pago no dia 28 de dezembro deste ano para os acionistas com posição nos papéis da Marfrig no dia 19 deste mês.

O Ibovespa subia 0,01% às 12h55, aos 103.728 pontos. A ligeira alta do índice é sustentada por ações de mais peso na sua composição. A Vale (VALE3) ganhava 1%, enquanto os papéis de Petrobras (PETR3 e PETR4) tinham avanços de 4,12% e 3,45%, respectivamente.

O movimento positivo da petrolífera é uma recuperação após as perdas da véspera, quando sua ação preferencial recuou 9,80%. A baixa foi uma reação do mercado à aprovação relâmpago, na Câmara dos Deputados, de mudanças na Lei das Estatais que facilitam a indicação de políticos para o comando destas companhias.

A alteração foi feita poucas horas depois de o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) ser indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A mudança na legislação – que ainda precisa ser ratificada pelo Senado e sancionada pelo Executivo – pesou sobre as ações de empresas estatais. A ação do Banco do Brasil (BBAS3), que recuou na quarta, subia 4,51% nesta tarde.

Ademais, dentre as principais altas, Cielo (CIEL3) ganhava 2,40%, Dexco (DXCO3) subia 3,11%, Americanas (AMER3) avançava 2,95% e IRB (IRBR3) se valorizava 2,86%.

As baixas do pregão

Na ponta negativa, Braskem (BRKM5) caía 3,93%, Ultrapar (UGPA3) perdia também 3,93% e a Usiminas (USIM4) recuava 1,78%.

A Ultrapar informou na véspera que planeja investir R$ 2,18 bilhões em 2023, aproximadamente 30% acima do valor despendido em 2022 e o volume mais significativo em cinco anos, segundo nota divulgada ao mercado nesta quarta-feira (14).

O montante será distribuído em pouco mais de R$ 1 bilhão para a expansão dos negócios, e R$ 1,17 bilhão em manutenção e outras operações. As operações da rede Ipiranga receberão a maior fatia dos aportes, cerca de R$ 1,37 bilhão. O valor será divido em R$ 585 milhões para expansão, e R$ 791 milhões em manutenção.

Na visão do analista CNPI da Agência TradeMap Sérgio Castro, a priorização dos investimentos no posto Ipiranga deve “aumentar a escala de vendas, com embandeiramento dos postos, e assim ampliar as receitas para o próximo ano”.

Apesar disso, ressalta que é preciso saber qual será a fonte de financiamento para estes investimentos para mensurar possíveis impactos negativos.

“Um financiamento com alto custo de juros pode elevar as despesas financeiras da empresa e a alavancagem. Isto poderia elevar a chance de insolvência, o que torna a empresa mais arriscada”, ele disse, em análise.

Bolsas internacionais em baixa

Diferentemente do mercado doméstico, os principais índices acionários americanos e europeus operam em baixa, repercutindo a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de elevar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual no país na véspera.

Apesar do aumento em linha com o esperado, a surpresa negativa da mediana das projeções da taxa de juros terminal, que veio em 5,1%, estremeceu os mercados. “Isso sugere que os juros podem não só serem sustentados em patamares elevados por mais tempo, mas também devem alcançar nível mais alto”, avalia a XP, em relatório.

Nesta quinta foi a vez do BCE, o Banco Central Europeu, divulgar sua nova taxa de juros. O banco central aumentou a taxa de juros da zona do euro em 0,50 p.p, para 2,50% ao ano. A decisão veio em linha com a maior parte das expectativas do mercado.

A instituição, porém, disse que precisará continuar elevando os juros para conter a alta de preços. Além disso, anunciou que vai começar a drenar parte do dinheiro injetado no sistema financeiro.

“O conselho julga que os juros precisarão subir significativamente em um ritmo estável que seja suficientemente restritivo para garantir o retorno da inflação a 2%”, disse o BCE em um comunicado.