Refletindo a piora tanto no volume quanto nos preços de venda da carne na América do Norte, que mais do que compensaram a melhora nos resultados na América do Sul e a contribuição da BRF (BRFS3), o lucro líquido da Marfrig (MRFG3) caiu 74% no terceiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado, para R$ 431 milhões.
O número ficou bem abaixo do esperado pelo mercado, que já previa que as operações na América do Norte pesassem sobre o resultado da Marfrig. Ainda assim, o Bank of America projetava um lucro líquido 57% maior, de R$ 1,01 bilhão, enquanto o Itaú BBA esperava R$ 579 milhões e o Santander apostava em R$ 780 milhões.
E a queda no lucro ocorre mesmo considerando que, a partir do segundo trimestre, os resultados da BRF passaram a ser incorporados aos números da Marfrig. A Marfrig assumiu o controle da empresa em março deste ano.
Relembre:
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Essa contribuição da BRF foi, inclusive, a maior responsável pela expansão anual de 54,1% na receita líquida da Marfrig, que fechou o trimestre em R$ 36,42 bilhões, impulsionada também pelo maior faturamento das operações na América do Sul.
Do outro lado, a normalização dos resultados na América do Norte, que no terceiro trimestre de 2021 foram positivamente impactados pela recomposição de estoques de restaurantes e pelo menor custo de matéria-prima, fez com que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caísse 20% na base anual, para R$ 3,792 bilhões.
Pelo mesmo motivo, a margem Ebitda ajustada recuou 9,6 p.p (pontos percentuais) na mesma base de comparação, para 10,4%.
Estes efeitos, segundo a companhia, foram parcialmente compensados pelo Ebitda ajustado recorde da operação de carne bovina na América do Sul e pela consolidação dos resultados da BRF.
Os números reportados pela BRF, porém, pesaram sobre a linha de custos, assim como o maior volume de vendas e o aumento nos preços do gado, fazendo com que os custos dos produtos vendidos da Marfrig alcançassem R$ 31,03 bilhões no terceiro trimestre, 10,3% acima do anotado em igual período de 2021.
As despesas com vendas, gerais e administrativas também cresceram, passando a representar 9,25% da receita líquida neste trimestre, 4,73 p.p a mais do que no terceiro trimestre do ano passado. Esse aumento, de acordo com a companhia, também reflete a consolidação dos resultados da BRF, que tem maiores despesas comerciais e gasta mais com publicidade.
Decepção na América do Norte
Na América do Norte, o volume vendido pela Marfrig totalizou 499 mil toneladas, queda de 3,3% na comparação com o terceiro trimestre de 2021, enquanto a receita líquida caiu 11,1%, para US$ 2,85 bilhões, devido à queda do volume e a uma redução de 8,1% no preço médio de vendas.
O Ebitda ajustado da operação foi de US$ 338 milhões, 61% menor do que o anotado no terceiro trimestre do ano passado, devido a uma menor demanda por carne bovina e pelo maior custo de matéria-prima. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, caiu 15 p.p, para 11,9%.
América do Sul é destaque positivo
A história foi bem diferente na América do Sul, onde os resultados se beneficiaram de um aumento de 10% no preço médio de vendas, com destaque para a exportação e os custos estáveis.
O volume de vendas desta unidade de negócios foi de 383 mil toneladas, 2% menor do que o registrado no mesmo trimestre de 2021, enquanto a receita líquida da operação alcançou R$ 7,45 bilhões, crescimento anual de 7,8% e valor recorde para a divisão.
O Ebitda ajustado da operação também atingiu seu maior valor histórico, de R$ 710 milhões, 136,1% acima do anotado no terceiro trimestre de 2021, enquanto a margem Ebitda ficou em 9,5%, alta de 5,18 p.p.
BRF
Por fim, os volumes vendidos pela BRF foram de 1,19 milhão de toneladas, com a receita líquida totalizando R$ 14 bilhões. O Ebitda ajustado ficou em R$ 1,36 bilhão no terceiro trimestre, com margem Ebitda ajustada de 9,7%.