A Ultrapar (UGPA3) anunciou, na noite de quarta-feira (14), investimentos de R$ 2,18 bilhões para 2023, valor 30% superior ao registrado em 2022 e o maior volume nos últimos cinco anos.
De acordo com a nota, o montante será distribuído em pouco mais de R$ 1 bilhão para expansão dos negócios e R$ 1,17 bilhão para manutenção e outras operações.
As operações do posto Ipiranga serão priorizadas e receberão as maiores fatias desses recursos, cerca de R$ 1,37 bilhão. O restante será dividido em R$ 585 milhões para expansão e R$ 791 milhões em manutenção.
Cerca de R$ 428 milhões serão destinados para a controlada Ultragaz, enquanto a Ultracargo deve receber R$ 317 milhões.
O que achamos?
A priorização dos investimentos no posto Ipiranga deve aumentar a escala de vendas, com embandeiramento dos postos, e assim ampliar as receitas para o próximo ano.
Cerca de 53,2% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) gerado pela Ultrapar é proveniente das operações da rede de postos Ipiranga.
Portanto, o foco na principal fonte geradora de caixa pode resultar em maiores margens, além melhor fluxo de caixa operacional.
Porém, é preciso saber qual será a fonte de financiamento para estes investimentos para mensurar possíveis impactos negativos.
Um financiamento com alto custo de juros pode elevar as despesas financeiras da empresa e a alavancagem – a proporção da dívida líquida em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Isto poderia elevar a chance de insolvência, o que torna a empresa mais arriscada. Até o terceiro trimestre a Ultrapar registrava um índice de alavancagem saudável de 1,9, menor que o de 3 registrado em igual período de 2021.
A Ultrapar conta com um robusto caixa de R$ 6,3 bilhões, o que seria suficiente para arcar com os novos investimentos.
No entanto, parte deste dinheiro deve ser comprometido para o pagamento de dívidas de curto prazo, que são equivalentes à 54% do total do caixa.
Portanto, é necessário cautela quanto aos investimentos de R$ 2,18 bilhões para o próximo ano, pois podem complicar a capacidade de solvência da empresa.
Como as ações devem reagir?
A expectativa de investimentos ambiciosos para 2023 deve trazer cautela para o investidor, porém, o impacto nas ações deve ser neutro a princípio.
Os papéis da empresa acumulam queda de 12% ao longo de 2022.