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Ibovespa descola do exterior e cai 0,17%, pressionado por Petrobras (PETR4)

Rumores sobre medidas para conter a alta dos combustíveis pesam sobre as ações da petroleira

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Em dia positivo no exterior, em movimento de recuperação após as fortes quedas da semana passada, o Ibovespa não resistiu à pressão da Petrobras e fechou em baixa de 0,17%, aos 99.684 pontos, com R$ 18,33 bilhões em volume negociado.

Com isso, o saldo do índice para o mês de junho passa para desvalorização de 10,48%, enquanto o balanço desde o início do ano é de baixa de 4,9%.

O movimento foi o oposto no exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 2,45%, o Dow Jones subiu 2,15% e o Nasdaq somou ganhos de 2,51%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve avanço de 0,7%.

Petrobras segura o Ibovespa

As ações da Petrobras vêm operando em instabilidade nos últimos tempos, intensificada pela saída do agora ex-presidente da companhia, José Mauro Coelho.

Ainda, os investidores repercutem declarações feitas na noite de ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sobre as possibilidades em discussão no Congresso para conter o aumento dos preços dos combustíveis pela Petrobras.

Na saída de uma reunião com parlamentares para debater o tema, Lira afirmou que está em estudo uma Medida Provisória alterando a Lei das Estatais como forma de dar celeridade a eventuais alterações na companhia.

O aumento que a Petrobras anunciou na última sexta (17) impulsionou ainda mais a crise institucional entre a empresa e o governo, que considera a inflação como a principal pedra no sapato no caminho da reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Desde então, o presidente vem defendendo a criação de uma CPI contra a companhia. Outra possibilidade sobre a mesa é aumentar impostos sobre lucros do setor de petróleo e gás.

Em meio a tudo isso, as ações da Petrobras fecharam em baixa, apesar da alta do petróleo, com o Brent subindo 0,46%, a US$ 114,65. Os papéis ordinários da estatal (PETR3) tiveram queda de 1,06%, enquanto os preferenciais (PETR4) recuaram 1,99%.

Na visão de Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren, a semana tende a ser “conturbada” para a petrolífera. “O governo federal realmente está decidido a colocar um fim nessa história, pois esse fator (o aumento nos preços) está sendo a principal ‘pedra no sapato’ do presidente Bolsonaro para a reeleição”, avalia.

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Copom no radar

Além da confusão em torno dos preços dos combustíveis, o mercado também repercutiu a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), com o documento reforçando a necessidade de mais ajustes nos juros básicos em agosto, ao mesmo tempo em que indicou que, para trazer a inflação para perto da meta em 2023, será necessário a taxa Selic ficar num patamar mais alto por mais tempo.

Na reunião do comitê na semana passada, a taxa foi elevada em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e o BC indicou um novo aumento igual ou menor para a próxima reunião, em agosto.

O documento foi visto de formas diferentes por economistas e analistas, com alguns especialistas considerando a ata dovish (ou seja, mais leniente com a inflação), outros avaliando o texto como hawkish (mais duro com a alta de preços) e uma parte ainda considerando a ata como neutra, sem grandes novidades em relação ao comunicado da decisão.

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Altas e baixas do pregão

No fechamento do pregão, as maiores baixas eram de Cogna (COGN3), Banco do Brasil (BBAS3) e CPFL (CPFE3), com perdas de 4,76%, 4,1% e 3,69%, respectivamente. Na ponta oposta, as principais altas foram de Qualicorp (QUAL3), WEG (WEGE3) e IRB (IRBR3), com ganhos de 6,68%, 4,98% e 4,04%, nesta ordem.

Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, vê a WEG se beneficiando de dois relatórios recentes que recomendam a compra das ações, um da XP e outro do BTG. A corretora XP classificou a empresa do setor de bens de capital com soluções em máquinas elétricas, automação e tintas como um “raro alinhamento de crescimento e retorno”.

Ademais, diante do desempenho fraco das ações no acumulado do ano, com queda de 30% – ante perdas de 5% do Ibovespa -, a XP diz ser um bom momento para entrar no papel, visto que o preço da ação não reflete as fortes perspectivas de crescimento da WEG.

Enquanto isso, o BTG aposta em uma alta de 75% nos papéis até o final do ano. Para o banco, a queda também traz uma oportunidade de compra da ação. A indicação de compra acontece por duas razões: o momento de alta volatilidade nas bolsas globais e a solidez de geração de resultados da WEG, ressalta.

Bitcoin

O mercado de criptoativos estendeu a valorização da véspera e mostrou mais uma vez a correlação com o mercado acionário global, sobretudo em paralelo com as companhias de tecnologia.

O Bitcoin (BTC) recuperou a casa dos US$ 21 mil no terceiro dia de valorização após ser negociado abaixo de US$ 18 mil no sábado (18) e voltou a testar a faixa de resistência marcada pelo último topo, no fim de 2017, antes de bater quase US$ 70 mil em novembro passado.

Por volta das 16h40, o maior ativo cripto em capitalização era negociado com avanço de 5,9% em comparação ao preço de 24 horas atrás, a US$ 21.206, segundo dados da plataforma CoinGecko.

A alta também impulsiona as altcoins, as moedas além do BTC. O Ethereum (ETH) registrava alta de 4,3%, enquanto a Solana (SOL) subia 9,5% e a Cardano (ADA) valorizava 1,7%.

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