Com a volatilidade nos preços do minério de ferro e as incertezas em relação à economia chinesa, a Vale (VALE3) pode até ter saído das carteiras de ações recomendadas de uma série de corretoras em setembro – mas não deixou o radar de quem busca lucrar com dividendos.
De acordo com as carteiras de 15 corretoras compiladas pela Agência TradeMap, o papel da mineradora é o mais indicado para investir com foco em dividendos em setembro.
Completam o ranking de ações mais indicadas para o mês, o Banco do Brasil (BBAS3), a BB Seguridade (BBSE3), o Itaú Unibanco (ITUB4) e a Petrobras (PETR4).
Por terem como foco o rendimento por meio da distribuição de proventos, e não pela valorização da ação, as carteiras de dividendos tendem a ter um perfil mais defensivo e focar menos em tendências de curto prazo.
Nesse sentido, enquanto o mercado passa por um momento de rotação de carteira, com investidores saindo de ações mais defensivas e aumentando as apostas em papéis ligados à economia doméstica, as recomendações com foco em dividendos seguem concentrando nas ações de instituições financeiras e commodities.
“A carteira de dividendos tem como objetivo obter uma performance superior ao índice Dividendos (IDIV) através da escolha de ações de empresas sólidas, com capacidade de pagamento de dividendos e que possuam boas perspectivas para os seus resultados”, explicam Luiz F. Azevedo, Cauê Pinheiro, Silvio Dória e Luana Nunes, estrategistas da Safra Corretora.
“A carteira possui um perfil mais defensivo e busca menor volatilidade associada a um fluxo de pagamento de dividendos, tendo, assim, um perfil mais conservador”, completam os analistas.
Confira os cinco papéis mais indicados para o mês de setembro. Vale ressaltar que mais de quatro ações receberam seis indicações, portanto, a liquidez foi usada como critério para a seleção final.
Ação | Número de indicações | Variação em agosto | Variação no ano |
Vale (VALE3) | 8 | -3,11% | -9,98% |
Banco do Brasil (BBAS3) | 6 | +17,87% | +54,01% |
BB Seguridade (BBSE3) | 6 | +1% | +46,76% |
Itaú (ITUB4) | 6 | +10,36% | +25,01% |
Petrobras (PETR4) | 6 | +18,98% | +73,43% |
Fontes: BB Investimentos, BTG Pactual, Elite Corretora, Genial Investimentos, Guide, Mirae, Warren, Órama, Safra Corretora, Santander Corretora, PagBank, Ativa Investimentos, Inter Invest, Nu Invest e Nova Futura |
Vale (VALE3)
Apesar da volatilidade recente, os estrategistas do Safra enxergam uma recuperação nos preços do minério de ferro, que também devem ser impulsionados por um aumento de demanda com a sinalização de estímulos econômicos pelo governo chinês, o que deve favorecer as ações da Vale.
O banco aponta ainda que o prêmio de qualidade para o minério vendido pela Vale deve se manter estável, conforme as siderúrgicas buscam mais eficiência e tentam se enquadrar em elevados padrões ambientais.
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“A empresa deve continuar a gerar um fluxo de caixa sólido e manter níveis atrativos de remuneração aos acionistas”, afirma o Safra.
Ricardo Peretti, analista da Santander Corretora, acrescenta ainda que a mineradora está executando um programa de recompra de 500 milhões de ações, o equivalente a 10% dos papéis em circulação, o que gera mais remuneração aos acionistas.
Banco do Brasil (BBAS3)
Depois de o Banco do Brasil surpreender positivamente o mercado com seus resultados do segundo trimestre, as projeções para seu dividend yield em 2022, que já eram altas, subiram ainda mais. O Santander, inclusive, pontua que a ação possui um dos maiores dividend yields esperados entre a sua cobertura, de 9,5%.
“O BB deverá manter o bom momento de lucros ao longo de 2022, caminhando para entregar o topo do guidance, que projeta agora lucro líquido entre R$ 27 e R$ 30 bilhões no acumulado do ano”, diz o Santander, que acredita que os bons resultados devem manter os dividendos elevados ao longo do ano.
Carlos Sequeira, Bruno Lima, Luiz Temporini, Luis Mollo, Marcel Zambello e Vitor de Melo, do time de equity research do BTG Pactual, apontam que o BB vem se beneficiando de sua carteira de crédito mais defensiva, menos exposta ao crédito não garantido a pessoas físicas, e que esse diferencial deve seguir protegendo os resultados.
“No início do ano, o consenso esperava algo próximo a R$ 23 bilhões de lucro para 2022 (em linha com o piso do guidance inicial do BB), enquanto o teto agora aponta para cerca de R$ 30 bilhões”, afirma o BTG.
BB Seguridade (BBSE3)
O posto da BB Seguridade na lista de preferidas do Safra se deve, segundo os analistas, ao perfil defensivo da empresa, à baixa volatilidade de seus resultados e à forte distribuição de dividendos.
O Inter Invest também destaca a resiliência de resultados da companhia como um ponto que joga a seu favor. “Acreditamos que a BB Seguridade segue oferecendo boa oportunidade com resultados resilientes e apontando melhora nos indicadores operacionais e financeiros”, diz Gabriela Joubert, analista da instituição.
Sandra Peres e Bruno Marin, analistas do PagBank, acrescentam que a companhia revisou para cima suas previsões operacionais, “indicando que ela deve seguir gerando caixa acima das expectativas, o que permite a distribuição de dividendos robustos”.
Itaú (ITUB4)
Assim como o BB, os números do Itaú no segundo trimestre também foram considerados positivos pelo mercado, com destaque para o crescimento na carteira de crédito, na margem financeira e no lucro líquido.
Para o futuro, a expectativa do Safra é que o banco apresente um forte crescimento de receita de crédito, resultado do volume da carteira, do mix e da recomposição de spreads.
O Itaú também revisou suas projeções para o ano depois dos resultados do segundo trimestre, relembra o BTG, que agora espera um lucro líquido anual de cerca de R$ 31,5 bilhões.
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Os analistas do PagBank acrescentam ainda que o banco segue conservador na concessão de crédito e está bem capitalizado, de modo que é uma boa opção para navegar a maré de incerteza econômica, fiscal e política que o Brasil vem enfrentando.
Petrobras (PETR4)
Após um dividendo vultuoso, de R$ 87,8 bilhões, referente ao primeiro semestre, a tendência é que a Petrobras mantenha forte distribuição aos acionistas, segundo o Santander.
O banco acredita que o crescimento sólido e rentável da produção; a melhora do retorno sobre capital empregado (ROCE), resultado do foco no pré-sal; o avanço nas vendas de ativos; e a contínua redução do endividamento irão permitir uma forte geração de caixa nos próximos meses, “que deve ser traduzida em um maior rendimento de dividendos”.
O Inter também aposta em um dividend yield elevado para este ano, de 35%, e para 2023, em 20%. “Assim, visando o resultado operacional, expectativa de continuidade do patamar elevado do preço do petróleo e todos os outros fatores mencionados, entendemos que PETR4 é uma boa recomendação para a carteira no momento”, afirma o banco.