Entre baixa das commodities e alta das varejistas, Ibovespa encerra praticamente no zero a zero

Índice terminou o pregão com avanço de 0,06%, aos 98.271 pontos

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Depois de passar o dia entre altas e baixas, o Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (12) praticamente de lado, equilibrando a queda das ações ligadas a commodities e a alta dos papéis de varejistas, enquanto as Bolsas dos Estados Unidos tiveram mais um dia perdas.

No fim da sessão, o principal índice da B3 somava valorização de 0,06%, aos 98.271 pontos. Com isso, o saldo do Ibovespa na semana passou para baixa de 2%, enquanto as perdas desde o início do ano são de 6,25%.

Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 0,92%, o Dow Jones caiu 0,62% e o Nasdaq recuou 0,95%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 500 fechou com ganhos de 0,44%.

De uma maneira geral, o responsável pela queda das Bolsas globais é o mesmo que vem pressionando os mercados nas últimas semanas: temores em relação às perspectivas econômicas mundiais. Hoje, a cautela foi alimentada pela continuidade da alta da inflação e pelo aumento de casos de Covid-19 na China.

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Nos EUA, os investidores aguardam os dados de inflação de junho, que serão divulgados amanhã e podem dar dicas sobre o ritmo do aperto monetário do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Na tarde desta segunda-feira, a Casa Branca afirmou esperar um resultado elevado.

As preocupações ainda giram em torno da nova temporada de balanços nos EUA, que já podem trazer resultados negativos decorrentes da inflação e aumento da taxa básica americana.

Commodities puxam para baixo…

Na China, um aumento nos casos de Covid-19 e a continuidade da estratégia de testagem em massa e restrições à mobilidade na cidade de Pequim criam preocupações sobre novos lockdowns.

“O medo de uma economia global andando de lado e uma China que cresce menos derrubou também os preços das commodities, o que pesa no principal índice da bolsa brasileira (Ibovespa), que tem cerca de 36% da sua composição ligada a materiais básicos”, explica Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

Nesse cenário, o petróleo tipo Brent despencou 7,11%, a US$ 99,49 por barril, levando consigo as petroleiras brasileiras: 3R Petroleum (RRRP3) caiu 6,46%, Petrobras PN (PETR4) recuou 1,5% e Petrobras ON (PETR3) caiu 1,96%. Exceção do setor, a PetroRio (PRIO3) teve alta de 1,46%.

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Com a produção inicial de cerca de 15 mil barris de óleo por dia, a PetroRio anunciou o início da produção do poço ODP4, que será capaz de dobrar a produção do Campo de Frade, na Bacia de Campos, e elevar em 45%, para 48,5 mil barris por dia, a produção total da companhia.

Além disso, a petroleira divulgou seus dados para o mês de junho, comunicando que vendeu 74% mais petróleo no mês em relação a abril, mesmo diante de uma queda na produção na mesma base de comparação. No segundo trimestre, a empresa colocou no mercado 3,3 milhões de barris de petróleo, ou 19,7% a mais do que havia vendido no intervalo de janeiro a março deste ano.

Os temores de desaceleração econômica e, consequentemente, de demanda, também pesaram sobre o minério, que fechou em baixa de 4,97% na Bolsa de Dalian, a US$ 105,05 por tonelada. As ações do setor, porém, tiveram desempenho misto.

No fechamento, as maiores quedas entre as ações do Ibovespa eram de 3R Petroleum (RRRP3), SLC Agrícola (SLCE3) e Pão de Açúcar (PCAR3), com perdas de 6,46%, 6,19% e 3,42%, respectivamente.

…enquanto o varejo puxa para cima

As responsáveis por limitar as perdas do Ibovespa foram as ações do setor varejista. Entre os papéis do índice, as maiores valorizações do dia foram de Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), com ganhos de 11,41%, 9,44% e 8,26%, nesta ordem.

Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, a votação da PEC dos Benefícios – que será votada nesta terça na Câmara os Deputados e pretende elevar o valor do programa de transferência de renda Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 mensais – ajuda essas empresas.

Isso porque, na teoria, os recursos a mais aumentam o poder de compra da população. “Vimos um movimento parecido no começo da pandemia. Com a aprovação do auxílio, essas empresas subiram na Bolsa”, avalia o economista-chefe da Frente Corretora.

Porém, nem tudo são flores. O custo da medida, que deve ser aprovada com facilidade pelos deputados, é de mais de R$ 40 bilhões até o final de 2022 fora do teto de gastos, mecanismo que limita as despesas públicas à inflação do ano anterior e que é a âncora fiscal do país.

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Além da mudança no Auxílio Brasil, a PEC quer instituir um auxílio de R$ 1.000 a caminhoneiros e amplia o vale-gás em ano eleitoral.

“O grande ponto é saber lá na frente como lidar com esse gasto público. É isso que coloca o mercado com a pulga atrás da orelha. O próximo governo, seja ele qual for, vai ter que ‘arrochar’ o gasto público para cobrir o endividamento”, avalia Velloni. 

O mercado seguirá com lupa a votação e as discussões em torno da proposta. Ao lado da chance de recessão global por causa do aumento de juros nos Estados Unidos, o risco fiscal vem valorizando o dólar e reduzindo o volume financeiro na Bolsa.

Criptos

O mercado de criptoativos voltou a cair nesta terça-feira com investidores à espera dos dados da inflação americana e a expectativa da reação do Fed na escalada dos juros.

Assim como nas Bolsas, o aumento da taxa deve intensificar a fuga do capital das criptos na busca por opções mais seguras da renda fixa. 

O Bitcoin (BTC), maior ativo do mercado digital, perdeu novamente resistência dos US$ 20 mil e trouxe junto para baixo todo os principais tokens do mercado.

Por volta de 17h, o BTC registrava queda de 2,9%, cotado a US$ 19.494, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O Ethereum (ETH), segundo maior ativo do mercado cripto, tombava 8,5%, enquanto a Cardano (ADA) e a Solana (SOL) tinham perdas de 4,2% e 6,7%, respectivamente, conforme informações da CoinGecko

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