A Eneva (ENEV3) começou a se preparar financeiramente para avançar com seus planos de aquisições. Depois de fechar acordo para adquirir a Celsepar e a Termofortaleza, em operações que juntas somaram, junto com as dívidas a serem assumidas, cerca de R$ 10,6 bilhões, a companhia de energia anunciou uma oferta de novas ações e uma nova emissão de debêntures que podem gerar até R$ 6 bilhões à companhia.
Em relação à nova oferta de ações (follow-on), a empresa informou na noite de quarta-feira (15) que pretende vender 300 milhões de novos papéis. Considerando o preço mais recente das ações da Eneva, a companhia pode obter cerc de R$ 4 bilhões com a operação.
A oferta será 100% primária, ou seja, os recursos levantados irão diretamente para o caixa da companhia. Além disso, a operação é restrita a investidores profissionais.
Além dessa oferta, a Eneva anunciou que irá emitir R$ 1,7 bilhão em debêntures, podendo atingir até R$ 2 bilhões na operação. Uma debênture é um título de dívida usado pelas companhias para captar recursos. Na prática, é como se os investidores “emprestassem” dinheiro agora para trocar por rendimentos no futuro.
Somados os valores do follow-on e da emissão da dívida, a Eneva pode levantar cerca de R$ 6 bilhões, que é o valor estimado de aquisição da Celsepar. Contudo, essa operação de compra também prevê que a companhia irá assumir R$ 4 bilhões em dívidas da comprada.
Leia a análise:
Eneva (ENEV3) paga caro por sinergias no Nordeste em compra da Celse
A Celsepar possui uma termelétrica movida a gás próxima do Complexo Parnaíba, localizada no Maranhão. Ela tem capacidade total instalada de 1,9 GW, sendo 1,4 GW já em operação.
Segundo o analista Jader Lazarini, do TradeMap, a empresa pode fazer uso de seu conhecimento com a operacionalização de termelétricas a gás e, com devido acesso a crédito e mercado de capitais, fomentar sinergias operacionais e diminuir o custo de produção.
Além disso, a Celse também fica próxima da Usina Solar Futura 1, o complexo solar da Eneva, que tem 671 MW de capacidade instalada em construção. A usina adquirida seria a mais próxima do polo que está em desenvolvimento e ampliaria as soluções de energia da Eneva na região.
O plano da companhia é crescer de forma inorgânica e criar alternativas produtivas à geração hidrelétrica, responsável por 62,9% da matriz brasileira no ano passado, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
No fim do ano passado, a Eneva fechou a incorporação da Focus Energia, por R$ 960 milhões. A empresa gera energia com base em combustíveis fósseis. Outros leilões também foram angariados pela companhia.