Em dia volátil, Ibovespa ignora dados de serviços e fecha em baixa

Depois de um dia de altos e baixos, o Ibovespa cedeu na reta final e encerrou o pregão desta quinta-feira, dia 13, no vermelho. O índice teve queda de 0,15%, aos 105.530 pontos, com R$ 20,93 bilhões em volume negociado. No ano até aqui, o saldo é de alta de 0,67%.

A queda do índice surpreende em um dia de dados positivos no Brasil: com a alta da mobilidade no final do ano passado, o volume de serviços saltou 2,4% em novembro, invertendo o sinal de outubro, quando houve queda de 1,2%. O desempenho veio bem acima do esperado pelo mercado, que apostava em uma expansão de apenas 0,1%, segundo pesquisa da Broadcast.

Com a alta, o setor se encontra 4,5% acima do nível pré-pandemia de coronavírus, e está no mesmo patamar de dezembro de 2015. No acumulado do ano, o avanço é de 10,9% sobre 2020, ano em que serviços foram o setor mais afetado pela pandemia.

Para Alexsandro Nishimura, economista da BRA, o mercado recebeu bem os dados de serviços, por ser um setor importante para a atividade econômica. Contudo, ressalta que o avanço da Covid-19 no país pode prejudicar os próximos resultados.

“Os serviços prestados às famílias devem permanecer em tendência ascendente nos próximos meses, entretanto a rápida disseminação da variante Ômicron pode desacelerar a taxa de crescimento neste início de 2022”, afirmou Nishimura.

No exterior, os Estados Unidos divulgaram seu índice de preços ao produtor de dezembro, que fechou 2021 em um recorde de 9,7%, ligeiramente abaixo do esperado.

O número de pedidos de auxílio-desemprego, por outro lado, superou as estimativas e ficou em 230 mil.

Apesar de terem inicialmente reagido bem aos dados de inflação ao produtor, as bolsas dos EUA fecharam em baixa: Dow Jones teve queda de 0,49%, Nasdaq caiu 2,51% e S&P 500 recuou 1,37%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 500 fechou praticamente de lado, com queda de 0,01%.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de Banco Inter (BIDI11), Locaweb (LWSA3) e Natura (NTCO3), com perdas de 9,87%, 8,38% e 5,09%, respectivamente. Na outra ponta, Marfrig (MRFG3), PetroRio (PRIO3) e Minerva (BEEF3) lideraram as altas, com ganhos de 5,18%, 3,09% e 3,06%.

Os papéis de tecnologia tiveram mais um dia de baixa, derrubados pela soma de inflação, juros altos e incertezas fiscais. Além de Banco Inter e Locaweb, Méliuz (CASH3) despencou 4,83%.

O setor de educação também sofreu, pressionado pela Ômicron, que coloca em dúvida a volta às aulas presenciais. Cruzeiro do Sul (CSED3) caiu 6,61%; Ânima (ANIM3), 1,72%; e Yduqs (YDUQ3), 0,69%.

Na outra ponta, as ações de frigoríficos se destacaram. As razões para a disparada, segundo analistas consultados pela Agência TradeMap, são várias. A primeira delas é o anúncio, pela BRF, da criação de uma joint venture com o fundo soberano saudita Public Investment Fund (PIF), vista com bons olhos pelo mercado.

As condições climáticas na América do Sul também jogam a favor das companhias do setor. “A seca no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de países cisplatinos (Uruguai e Argentina) aceleram os abates. Com maior oferta e menores preços pagos ao produtor, aumenta a margem dos frigoríficos”, afirma Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

A retirada do embargo da China para a importação de carne bovina brasileira, instaurado após a detecção de casos de vaca louca no gado do Brasil, também começa a surtir efeito sobre os papéis. “No mês de dezembro, não chegamos a ver impacto, porque em 15 dias não dá tempo de comprar gado, abater, produzir a carne e exportar para a China. Mas agora, em janeiro, já começamos a ver uma sinalização de retomada de demanda chinesa”, afirma Rodrigo Almeida, analista do Santander.

Além de Marfrig e Minerva, JBS (JBSS3) subiu 1,73% e BRF (BRFS3) teve ganhos de 0,71%.

Outro setor de destaque foi o de petróleo, beneficiado pelo aumento do preço do petróleo Brent e pela queda dos estoques nos EUA. Além de PetroRio, Petrobras (PETR4) teve alta de 2,02%. A Enauta (ENAT3), por sua vez, seguiu o movimento contrário e fechou em baixa de 3,1%, depois de informar a paralisação preventiva da produção do Campo de Atlanta.

A Moura Dubeux, do setor imobiliário, fechou em alta de 11,94%, após ter divulgado na noite de quarta uma prévia que mostrou que as vendas bateram recorde em 2021. O Grupo GPS (GGPS3), que atua em serviços de limpeza e segurança, teve avanço de 1,29%, depois de ter informado a aquisição da Force Vigilância, também na noite de quarta.