Em dia marcado por movimento global de aversão ao risco, Ibovespa derrete quase de 3%

Mercados voltam a monitorar um possível risco de recessão econômica global

Foto: Shutterstock

Em dia de aversão ao risco generalizada, o Ibovespa recua quase 3%, acompanhando os mercados internacionais, que monitoram uma possível iminência de recessão econômica global.

Por volta das 13h25, o principal índice da Bolsa brasileira recuava 2,60% e operava aos 111.128 pontos. Uma queda de mais de 5% no preço do petróleo do tipo Brent, que serve como referência no mercado internacional, pressiona todas as empresas do setor, incluindo os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) que desvalorizam 6,58% e 5,98%, respectivamente.

Além da estatal, a Prio (PRIO3), antiga PetroRio, caía 6,19% e a 3R Petroleum (RRRP3) perdia 5,74%. No mercado futuro da ICE, o barril de Brent é cotado a US$ 85.

Empresas ligadas ao setor de aviação também recuavam com intensidade. Embraer (EMBR3) perde 7,53%, Azul (AZUL4) cai 7% e Gol (GOLL4) opera em baixa de 6,44%. Essa queda acompanha, de forma inversa, a subida do dólar frente ao real, que acaba pressionando as despesas dessas empresas, que são dolarizadas.

De acordo com dados da plataforma do TradeMap, a moeda americana é cotada a R$ 5,24, numa alta de mais de 2% na comparação intradia.

Para o analista da gestora Finacap Investimentos, Felipe Moura, o movimento de baixa no Ibovespa é “técnico e natural”, dado um descolamento recente entre o índice e seus pares americanos.

“O EWZ, de ações brasileiras no exterior, vem performando melhor que o S&P tanto no curto quanto no longo prazo. Nos últimos três meses, o EWZ subiu 9,5% e o índice americano caiu 2,5%. Desde o início de janiero, o EWZ já subiu 11% enquanto o S&P recuou 23%”, avalia o analista.

Segundo ele, o mercado aguarda o pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, às 15h, desta terça, no discurso de abertura de um evento realizado pela instituição para discutir os rumos da economia americana pós-pandemia de Covid-19.

A vice-presidente do Fed, Lael Brainard, e a diretora Michelle W. Bowman também participarão. “A depender do pronunciamento, as bolsas podem ensaiar um movimento de recuperação”, diz Moura.

O lado positivo da Bolsa

Na outra ponta, o papel da Equatorial Energia (EQTL3) avançava quase 8% após a empresa anunciar mais cedo que adquiriu a Celg-D, subsidiária da Enel que atua no estado de Goiás, por R$ 1,57 bilhão. Além disso, a compradora assumirá os R$ 5,7 bilhões de dívida da empresa.

O preço de aquisição poderá ser acrescido de um earn-out, ou seja, um pagamento para os vendedores caso o negócio performe de forma positiva no futuro. Já os R$ 5,7 bilhões de dívida deverão ser pagos nos 12 meses seguintes ao final da operação.

Com a entrada definitiva em Goiás – região em que a empresa atuava de forma restrita por meio de transmissão de energia – a companhia diversifica suas linhas de negócio, ao incluir 3,3 milhões de clientes à sua base. “Operacionalmente, a aquisição é positiva e o preço acertado é atrativo”, avalia Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, em análise.

Outros papéis ligados ao setor energético também se valorizavam no Ibovespa. Energias do Brasil (ENBR3) ganhava 1,21%, Engie (EGIE3) subia 0,25% e CPFL (CPFE3) valorizava 0,05%.

O papel da rede de laboratórios Fleury (FLRY3), por sua vez, avançava 2,89% na esteira de um relatório do BofA (Bank of America), que eleva a recomendação para a ação de “underperfom”, o equivalente a neutro, para compra.

Os analistas da instituição enxergam perspectivas positivas para os resultados da empresa com a fusão recente com o Hermes Pardini. O BofA também elevou o preço-alvo para o papel de R$ 18 para R$ 23 ao fim de 2023, o que traria uma valorização de 31% em relação ao preço atual.

Exterior em queda

Os mercados globais também operam no vermelho após dados mostrarem que a atividade do setor privado da zona do euro encolheu de novo em setembro. A prévia do PMI composto medido pelo S&P Global veio em território contracionista, registrando 48,2 pontos em setembro ante 48,9 em agosto.

Não só isso: as pressões inflacionárias na região continuaram aumentando, mesmo com a economia enfraquecendo.  

Na prática, isso reforça a perspectiva de que o Banco Central Europeu precisará frear ainda mais a atividade para controlar a inflação. Isso aumenta as chances de uma recessão por lá – o que pesa também sobre o cenário econômico de outros países. 

Além disso, nos EUA, a atividade do setor privado continuou encolhendo em setembro, mas em ritmo bem menor que o observado em agosto. No entanto, trouxe más notícias para o mercado de ações americano, que acentuou as perdas após a divulgação do indicador.

De acordo com dados da S&P Global, o índice PMI, que mede a atividade do setor privado nos EUA, subiu de 44,6 pontos em agosto para 49,3 pontos em setembro. No setor de serviços, o índice passou de 43,7 para 49,2 pontos, enquanto no segmento industrial o índice subiu de 51,5 para 51,8 pontos.

Veja como opera os mercados nos Estados Unidos e na Europa, esta última já perto do fechamento:

Índice Local Queda
Dow Jones EUA -1,92%
S&P 500 EUA -2,11%
Nasdaq Composite EUA -2%
DAX 30 Alemanha -1,96% 
FTSE 100  Reino Unido -2,11% 
Euro Stoxx 50 Zona do Euro -2,34% 

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