Em dia de queda nas Bolsas americanas, Ibovespa se apoia em commodities e sobe 0,77%

Apoiado nas commodities, o Ibovespa descolou das Bolsas americanas, que fecharam no negativo, e terminou o pregão desta quinta-feira (20) em alta de 0,77%, aos 117.171 pontos. Foram R$ 28,48 bilhões em volume negociado.

Com os ganhos de hoje, o saldo do Ibovespa para o mês de outubro passou para alta de 6,48%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano agora soma 11,78%.

Os mercados americanos começaram o dia em alta, mas perderam força no fim do pregão e encerram no negativo. O S&P 500 teve baixa de 0,8%, o Dow Jones caiu 0,3% e o Nasdaq recuou 0,61%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou ganhos de 0,62%.

Commodities salvam o dia

O sinal positivo do Ibovespa foi assegurado pelas ações ligadas às commodities, especialmente siderúrgicas e mineradoras. Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), por exemplo, ficaram entre as maiores altas do dia, com avanços de 2,99% e 2,52%, respectivamente. O movimento do setor é uma recuperação das perdas recentes.

A Petrobras também teve mais um dia de fortes ganhos, impulsionando o índice: Petrobras PN (PETR4) teve alta de 0,96%, enquanto Petrobras ON (PETR3) avançou 2,68%.

Além da petrolífera, outras empresas estatais subiram, refletindo uma disputa presidencial mais acirrada no 2º turno das eleições. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, tiveram a maior alta do dia, com avanço de 4,68%.

A pesquisa do Datafolha divulgada na quarta-feira (19) apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 49% de intenção de votos no segundo turno e o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 45%. O primeiro se manteve estável em relação às últimas pesquisas enquanto o segundo avançou levemente.

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Uma disputa mais acirrada no pleito acaba forçando os candidatos ao centro político. Na prática, há a expectativa de que, assim, haja rigidez fiscal e maior propensão a reformas. 

Na outra ponta, as ações de varejistas lideraram as perdas do Ibovespa, com destaque para Americanas (AMER3) e Via (VIIA3), que perderam 13,04% e 7,06%, nesta ordem. “As ações das varejistas caem com expectativas de resultados fracos por parte das empresas, principalmente do setor de e-commerce”, explicam analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado.

Após o fechamento, o mercado estará atento à divulgação dos resultados da rede de atacarejo Assaí (ASAI3). A expectativa é de crescimento de receita, mas queda no lucro e nas margens.

Fora do Ibovespa, a Estapar (ALPK3) teve alta de 2,34% após a prévia operacional do terceiro trimestre mostrar receita líquida recorde de R$ 259 milhões, o que representa alta de 29% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Em nosso entendimento, o resultado demonstra evolução operacional significativa e boas perspectivas futuras para o resultado da Estapar devendo impactar positivamente as ações”, escreveram analistas da Eleven, em comentários ao mercado.

Exterior dividido

No exterior, o grande tema do dia foi a renúncia da primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, que ocupou o cargo por pouco mais de 40 dias. Truss permanecerá no cargo até que um novo nome seja indicado pelo parlamento.

A expectativa é de que ela seja substituída por outro membro do Partido Conservador, mas o Partido Trabalhista, da oposição, faz pressão para que sejam convocadas eleições gerais.

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Já nos Estados Unidos, um dos fatores por trás da baixa das bolsas foi a queda de 6,65% na ação da Tesla (TSLA3), após a montadora divulgar seu resultado referente ao terceiro trimestre deste ano.

“O período entre julho e setembro trouxe notícias boas e ruins”, avalia Jader Lazzarini, analista CNPI do TradeMap. O analista aponta, de um lado, que o lucro líquido mais do que dobrou na comparação anual, para US$ 3,29 bilhões. Por outro lado, a receita total, que atingiu US$ 21,45 bilhões, representa forte crescimento de 56%, mas desapontou o mercado, que esperava faturamento de US$ 21,96 bilhões.

“O desapontamento do mercado ante a Tesla, com os cerca de US$ 500 milhões a menos de receita total, diz respeito ao medo de uma desaceleração da companhia”, afirma Lazzarini.

O sentimento azedou de verdade, porém, com falas de membros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Patrick Harker, do Fed da Filadélfia, afirmou que o juro deve subir acima de 4% neste ano e se manter elevado. Lisa Cook, por sua vez, disse que os juros têm de continuar a subir para controlar a inflação.

Criptomoedas

O mercado cripto opera próximo da estabilidade diante do novo tombo das bolsas ao redor do globo. Em um dia sem grandes solavancos, o Bitcoin (BTC) mantém o patamar de US$ 19 mil, o mesmo movimento registrado nos últimos dias.

Por volta das 16h55, a maior cripto do mercado tinha queda de 1%, a US$ 19.194, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) perdia 0,4%, negociado a US$ 1.295.

Os investidores seguem acompanhando a temporada de balanços corporativos de empresas americanas no terceiro trimestre. As atenções estão voltadas para a semana que vem, quando saem os números das gigantes da Nasdaq, mercado mais correlacionado às criptos devido ao ambiente virtual.

“Para a semana, é recomendável observar os principais indicadores de dados quanto a compra e venda de opções em Bitcoin, as chamadas calls e puts, sendo que a opção que tiver maior volume deve ser a que prevalecerá neste momento de briga entre ursos e touros”, afirma Thiago Rigo, analista da Titanium Asset.

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