O mercado monitora nesta terça-feira (29) sinalizações de que a China pode suavizar sua política de Covid Zero, que vem impulsionando protestos na segunda maior economia do mundo, e repercute ainda a PEC da Transição, que foi protocolada ontem na noite de ontem no Senado e que deve ser desidratada ao longo da tramitação.
Ontem, a comissão chinesa de saúde afirmou, em comunicado, que irá acelerar a vacinação de pessoas acima de 60 anos, em um momento em que a China registra número recorde de casos diários. A medida foi encarada como uma reação aos raros protestos em cidades chinesas durante o final de semana contra a volta de restrições rígidas à circulação, com os manifestantes pedindo inclusive a renúncia do presidente Xi Jinping.
A notícia de que a vacinação de idosos será intensificada levou a especulações de que o governo irá enfim amenizar sua política rigorosa em relação à Covid-19, que vem refreando o crescimento da segunda maior economia do mundo e principal parceiro comercial do Brasil.
O otimismo faz os contratos futuros de petróleo subirem na manhã desta terça-feira (29), com o Brent com vencimento em janeiro de 2023 sendo negociado em alta de 2,9%, a US$ 85,6 o barril.
Os mercados americanos operam em compasso de espera pelo discurso do presidente do Federal Reserve (banco central americano), que acontece amanhã, e por dados da inflação oficial de outubro (PCE), que sai na quinta-feira.
A expectativa é que o discurso e o PCE ajudem a calibrar as expectativas dos investidores para a próxima reunião do Fed, no mês que vem.
Por volta das 8h10, os índices futuros americanos operavam em leve alta: o Dow Jones subia 0,03%, o S&P 500 avançava 0,23% e o Nasdaq ganhava 0,44%. No mesmo horário, o índice europeu Euro Stoxx 50 subia 0,16%.
PEC protocolada
Na noite de ontem, após semanas de impasse, foi protocolada no Senado a PEC da Transição, proposta que abre espaço no Orçamento para despesas acima do teto.
Quem esperava um texto amenizado pelas discussões do governo eleito com o Congresso se enganou: a proposta de emenda à Constituição prevê os mesmos R$ 198 bilhões de gastos a mais. A boa notícia é que o texto propõe uma validade de quatro anos no valor mínimo de R$ 600 para o Bolsa Família – a PEC original não estipulava prazo.
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Segundo o Estadão, a estratégia é negociar o valor ao longo da tramitação do texto para um patamar de R$ 150 bilhões de despesas acima do teto, mas os parlamentares, em especial no Senado, pressionam por cargos no novo governo e querem um valor abaixo disso.
Também de acordo com o jornal, o relator do Orçamento, Marcelo Castro (MDB-PI), já reuniu 14 assinaturas para o início da tramitação da PEC na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
IGP-M e Caged
Por aqui, o mercado repercute ainda o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de novembro, que será divulgado pela FGV às 8h e que deverá mostrar nova deflação, em meio ao cenário de juros altos e desaceleração da economia global.
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Será informado ainda um dado importante para medir o comportamento do mercado de trabalho no Brasil: o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) será informado às 9h30 pelo Ministério da Economia.