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Com pressão global sobre ativos, Ibovespa cai 2%, mas soma ganhos de 2,2% na semana

Mercados seguem repercutindo altas de juros ao redor do mundo e temores de recessão

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Em dia de aversão ao risco generalizada nos mercados globais, após elevações nas taxas de juros ao redor do globo, o Ibovespa seguiu seus pares do exterior e fechou o pregão desta sexta-feira (23) em baixa de 2,06%, aos 111.716 pontos, com R$ 25,36 bilhões em volume negociado.

A queda de hoje, porém, não foi suficiente para apagar os ganhos dos últimos dias, e o índice fechou a semana com alta de 2,23%. Assim, o saldo do Ibovespa no mês de setembro passou para avanço de 2%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano é de 6,58%.

A fuga dos ativos de risco não foi exclusividade brasileira. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 1,72%, o Dow Jones caiu 1,62% e o Nasdaq recuou 1,8%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 2,29%.

Temores de recessão pesam nos mercados

O mercado segue repercutindo a alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros americana anunciada pelo Fed (Federal Resrve, o banco central dos Estados Unidos) na quarta-feira (21), assim como a declaração do presidente da instituição, Jerome Powell, de que o aperto monetário vai perdurar por algum tempo.

O mau humor dos mercados também vem de dados mostrando que a atividade do setor privado da zona do euro encolheu de novo em setembro. Não só isso: as pressões inflacionárias na região continuaram aumentando, mesmo com a economia enfraquecendo.

Na prática, isso reforça a perspectiva de que o Banco Central Europeu precisará frear ainda mais a atividade para controlar a inflação. Isso aumenta as chances de uma recessão por lá – o que pesa sobre o cenário econômico de outros países.

Além disso, nos EUA, a atividade do setor privado continuou encolhendo em setembro, mas em ritmo bem menor que o observado em agosto. No entanto, trouxe más notícias para o mercado de ações americano, que acentuou as perdas após a divulgação do indicador.

De acordo com dados da S&P Global, o índice PMI, que mede a atividade do setor privado nos EUA, subiu de 44,6 pontos em agosto para 49,3 pontos em setembro. No setor de serviços, o índice passou de 43,7 para 49,2 pontos, enquanto no segmento industrial o índice subiu de 51,5 para 51,8 pontos.

Commodities despencam

O temor de recessão global também pesou sobre as commodities. O petróleo tipo Brent fechou em baixa de 4,76%, a US$ 86,15 por barril, pressionado também pela alta de juros globais, que piora as perspectivas para a demanda de energia.

Pesa sobre o petróleo, ainda, os temores de que a escalada da guerra na Ucrânia, prometida pelo presidente russo Vladimir Putin, se concretize, criando uma pressão adicional sobre a demanda.

Diante disso, as ações ligadas à commodity ficaram entre as maiores baixas do pregão, com Petrobras ON (PETR3) caindo 7,06%, Petrobras PN (PETR4) em baixa de 6,26%, Prio (PRIO3) com recuo de 4,84% e 3R Petroleum (RRRP3) somando perdas de 5,58%.

No fechamento do pregão, os papéis que mais caíam foram de Embraer (EMBR3), Petrobras ON (PETR3) e Azul (AZUL4), com perdas de 7,46%, 7,06% e 6,81%, respectivamente.

A queda de empresas do setor de aviação acompanha a alta do dólar, que acaba pressionando as despesas das companhias, assim como a valorização do petróleo. Além das empresas aéreas já citadas, a Gol (GOLL4) fechou em baixa de 6,44%.

Fora do Ibovespa, os papéis da Zamp (BKBR3), ex-BK Brasil, fecharam em baixa de 7,56%, pressionada pela desistência do fundo Mubadala de realizar uma oferta pública de aquisição de ações da companhia.

As poucas altas do pregão

Na direção oposta, as poucas altas do pregão foram lideradas por Equatorial (EQTL3), Petz (PETZ3) e Fleury (FLRY3), com avanços de 7,75%, 4,49% e 3,69%, nesta ordem.

A Equatorial anunciou que fechou a compra da Celg Distribuição, operadora de energia em Goiás, junto à italiana Enel. A companhia fechou o negócio por R$ 1,6 bilhão, além de assumir a dívida líquida de R$ 5,9 bilhões, totalizando R$ 7,5 bilhões.

“Com a entrada definitiva em Goiás – região em que a empresa atuava de forma restrita por meio da transmissão de energia – a companhia diversifica suas linhas de negócio, ao incluir 3,3 milhões de clientes à sua base”, afirma Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap. “Operacionalmente, a aquisição é positiva e o preço acertado é atrativo”, completa.

Outros papéis ligados ao setor energético também se valorizaram no Ibovespa, com destaque para EDP Brasil (ENBR3) e CPFL (CPFE3), com avanços de 2,77% e 1,32%, respectivamente.

O papel da rede de laboratórios Fleury, por sua vez, avançou na esteira de um relatório do BofA (Bank of America) que eleva a recomendação para a ação de “underperfom”, o equivalente a neutro, para compra.

Os analistas da instituição enxergam perspectivas positivas para os resultados da empresa com a fusão recente com o Hermes Pardini. O BofA também elevou o preço-alvo para o papel de R$ 18 para R$ 23 ao fim de 2023, o que traria uma valorização de 31% em relação ao preço atual.

Criptoativos

A alta dos juros nas principais economias do mundo levou o mercado cripto na direção oposta, indicando que o clima de aversão ao risco dos ativos está longe do fim. O Bitcoin (BTC) segue abaixo de US$ 19 mil, enquanto os investidores aguardam novos dados da inflação e da atividade econômica americana que serão divulgados na próxima semana.

Por volta das 16h25, o BTC registrava queda de 1,9%, negociado a US$ 18.850, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O destaque negativo da semana ficou para o Ethereum (ETH) que, após a conclusão bem-sucedida da blockchain, soma queda de mais de 10% no período. O tombo da segunda maior cripto do mercado é justificado pela correção dos preços depois de uma sequência de altas, além dos impactos do cenário macroeconômico.

Na mesma hora, o ETH desvalorizava 2,4%, vendido a US$ 1.286, conforme dados da Binance.

No campo positivo, a XRP, cripto da Ripple, sobe mais de 50% nos últimos sete dias, se aproximando de US$ 0,50. A euforia dos investidores segue a expectativa de um desfecho positivo da plataforma em um processo na SEC, o xerife do mercado financeiro americano, em uma ação que se arrasta desde 2020.

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