O Ibovespa opera no azul nesta quinta-feira (11) e caminha para o oitavo pregão consecutivo de alta, com os investidores repercutindo os balanços corporativos do segundo trimestre do ano, além de ainda reagir positivamente ao arrefecimento da inflação americana, causando um bom humor generalizado ao redor do globo.
Porém, logo no fim da manhã, o principal índice da B3 perdeu força e chegou a virar para o campo negativo, mas logo se recuperou. Por volta das 13h30, o Ibovespa subia 0,28%, aos 110.542 pontos.
Do lado positivo, destaque para Minerva (BEEF3), Banco do Brasil (BBAS3), Vale (VALE3) e CSN (CSNA3), que subiam 5,53%, 5,20%, 4,40% e 4,32%, respectivamente.
Segundo João Negrão, assessor da SVN Investimentos, o desempenho dos papéis acompanha um misto de resultados positivos no segundo trimestre e o incentivo chinês para a construção civil e o consumo, como forma de impulsionar a economia.
No caso da Minerva, os dois fatores contribuem para a valorização. Além da expectativa de maior exportação de proteína para a China, o balanço da companhia divulgado nesta quarta-feira (10) mostrou que o lucro no segundo trimestre triplicou para R$ 424,7 milhões, muito acima das projeções dos mercados.
Já os indícios de incentivos chineses para estimular a economia também dão força para os setores de siderurgia e metalurgia, que possuem grande peso no Ibovespa. O otimismo impulsionou o minério de ferro, que fechou em alta de 1,38%, a US$ 109,22 por tonelada no porto de Dalian, na China.
O desempenho do Banco do Brasil também pegou os investidores de surpresa. No segundo trimestre, o banco teve um lucro líquido ajustado de R$ 7,8 bilhões, alta de 54,8% em relação a igual período do ano passado e acima das projeções.
Os resultados levaram o banco estatal a rever para cima todas as suas projeções para o ano. Antes, o BB previa que o lucro líquido ajustado terminaria 2022 com algo entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões. Agora, a expectativa é que fique entre R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões.
Negrão também destacou o “atraso” da recuperação da Bolsa brasileira em relação aos pares internacionais, o que deixa as empresas com preços descontados e mais atrativos para a entrada do capital estrangeiro.
A proximidade do fim dos juros domésticos, ao passo que os bancos centrais das maiores economias do mundo estão ainda subindo as taxas, também contribui para a sequência positiva do Ibovespa desde a semana passada.
“Temos uma combinação que fazem os estrangeiros olharem para o Brasil de novo com aproximação do limite da Selic, com o fato da Bolsa brasileira ter caído muito e ainda não ter se recuperado totalmente e os bons resultados das empresas”, explica o assessor da SVN Investimentos.
Correção na ponta de baixo
Se os resultados positivos ajudam a impulsionar os papéis em alta, números no vermelho tem o mesmo efeito na ponta de baixo. A queda também acompanha movimento de correção de ações, principalmente no setor varejista, após alta nos últimos pregões.
A BRF (BRFS3) lidera a baixa com desvalorização de 11,48%. Nesta quarta-feira (10), o conglomerado de proteína reportou prejuízo líquido de R$ 468 milhões no segundo trimestre, quase o dobro dos R$ 240 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
O IRB Brasil (IRBR3), que na véspera foi a maior alta do Ibovespa, caia 7,38%, enquanto MRV (MRVE3) perdia 8,01% e Petz (PETZ3) tombava 6,99%.
O pelotão de baixo tem grande predominância de empresas do varejo, como Americanas (AMER3), Via Varejo (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), com quedas de 6,48%, 5,41% e 5,47%, nesta ordem.
“O setor de varejo subiu bem nos últimos dias e agora passa por um momento de correção, algo que já era esperado pelo mercado”, afirma Negrão. “Mas, o setor é bastante promissor, principalmente com os juros se aproximando do limite. Quando a Selic começar a baixar, o varejo vai ser beneficiado, por isso já houve uma antecipação do mercado com os papéis”.
Inflação americana surpreende de novo
No fluxo internacional, o Ibovespa é favorecido pelo bom humor dos mercados após dados da inflação ao produtor americano em julho virem abaixo do esperado e registrarem queda pela primeira vez desde abril de 2020.
Os preços aos produtores dos Estados Unidos caíram 0,5% em julho na comparação com o mês anterior, quando haviam subido 1,0%. O resultado contrariou as expectativas do mercado, que, segundo o Rabobank, previa alta de 0,2%.
Na véspera, dados da inflação aos consumidores já haviam surpreendido positivamente o mercado ao ficar estável em julho, cenário melhor que o esperado pelo mercado, que apostava em leve alta de 0,2%. Na comparação anual, os preços registraram recuo para 8,5%, ante 9,1% em junho.
Bolsas internacionais
No exterior, os principais mercados operam em alta, repercutindo os dados da inflação ao produtor abaixo do esperado nos EUA. Em Wall Street, o Dow Jones ganhava 0,59%, o S&P 500 subia 0,54% e o Nasdaq avançava 0,23%.
Na Europa, o movimento positivo era menos intenso próximo do fechamento. O Euro Stoxx 50 subia 0,17%, enquanto o alemão DAX 30 perdia 0,05% e o FTSE 100 tinha queda de 0,55%.
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