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Bloqueio em estradas pode afetar CCR (CCRO3), Rumo (RAIL3) e várias outras empresas da Bolsa

Bloqueio das estradas por caminhoneiros afeta negativamente empresas dos setores de transporte, agronegócio e supermercados na Bolsa

Foto: Shutterstock

O bloqueio de estradas em ao menos 20 Estados e no Distrito Federal liderado por caminhoneiros insatisfeitos com o resultado das eleições pode afetar negativamente as empresas dos setores de transporte, agronegócio e supermercados na Bolsa, apontam analistas.

Por enquanto, o impacto nos mercados é limitado. O movimento de interdição das estradas carece de adesão de entidades de classe e as autoridades agindo para desbloquear as vias.

“O mercado ainda não deu muita importância”, disse Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed. “Mas [se o bloqueio] se estender e for bem organizado, vai fazer preço negativamente”, acrescentou.

Segundo ele, os investidores estão mais preocupados no momento em digerir o resultado das eleições do que com o protesto porque há expectativa de a manifestação acabar assim que o presidente Jair Bolsonaro admitir a derrota nas urnas – o que ainda não aconteceu, embora o resultado da votação tenha sido divulgado na noite de domingo (30).

De lá para cá, apoiadores de Bolsonaro bloquearam estradas, inclusive os acessos a aeroportos como o de Guarulhos em São Paulo, o que causou cancelamento de voos..

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, determinou que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e as polícias militares tomem medidas para liberar imediatamente as rodovias interditadas pelos caminhoneiros, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora e eventual prisão do diretor da PRF, Silvinei Vasques, em caso de descumprimento da ordem.

O Bradesco BBI aponta que o bloqueio nas estradas pode afetar o tráfego mensal das concessionárias como CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3), já que a maioria dos bloqueios se concentram na região Sul e Sudeste.

As operações da Santos Brasil (STBP3), que opera o porto de Santos, também poderiam ser afetadas, já que grande parte das cargas é transportada por via rodoviária.

O banco ainda destaca que as ações da Rumo (RAIL3) também poderia ser afetadas.

Outra empresa que pode ter as operações afetadas é a JSL (JSLG3), empresa de logística do grupo Simpar, que operava em queda de 2,23% a R$ 7,46, por volta das às 12h35.

A ação da JSL foi uma das mais afetadas na última greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, quando os protestos contra aumento do preço do diesel bloquearam as estradas por 11 dias durante o governo do ex-presidente Michel Temer. A paralisação teve impacto de 0,2% do PIB do Brasil naquele ano, segundo estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, somando R$ 15,9 bilhões.

Em 2018, com as restrições na circulação de mercadorias, o segmento mais afetado foi a indústria, que chegou a despencar 10,9% em maio. A produção de automóveis desabou 30%, e a de alimentos teve queda de 18,5%.

Para o gestor da Galapagos Capital, Ubirajara Silva, a impressão do mercado é que os protestos não devem durar muito tempo como foi em 2018, uma vez que o movimento está sem apoio dos órgãos que representam as categorias.

A Confederação dos Transportes se declarou contra a manifestação e disse, em nota, que ela não representa a categoria dos caminhoneiros autônomos.

Para o gestor da Galapagos, em um primeiro momento o setor mais afetado seria o de supermercados, em função da falta de entrega dos produtos.

Em um segundo momento, teria impacto negativo para toda a cadeia de produção das empresas, além das companhias que fazem transportes de insumos.

Uma grande preocupação do bloqueio das estradas é com o desabastecimento na cadeia de alimentos.

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, disse, em nota, que o setor já começa a enfrentar dificuldades de abastecimento em função dos bloqueios feitos nas estradas do país.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) disse, em nota, que os bloqueios das estradas impactam a cadeia rural.

Há uma grande preocupação principalmente com o impedimento do transporte de cargas vivas – animais para abate, por exemplo – e de carne aos consumidores, afetando as empresas de frigoríficos.

As ações da Marfrig (MFRG3) subiam 0,19% nesta terça-feira às 11h50, enquanto os papéis da Minerva (BEEF3) caíam 0,66% e da BRF (BRFS3) recuavam 0,48%.

Impacto de bloqueio das estradas no câmbio e Bolsa é limitado

O impacto do bloqueio nas estradas no câmbio e na Bolsa em geral é limitado.

Às 11h50, o Ibovespa operava em alta de 0,85% aos 116.871 pontos. Já o dólar comercial operava em queda de 0,54% a R$ 5,138.

“No geral, a performance está positiva ajudada pelo cenário externo. Acredito que essa situação do bloqueio das estradas não perdura, vamos para uma estabilidade institucional e isso morre rapidamente”, diz Luccas Fiorelli, sócio da HCI Invest e Planejador Financeiro pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).

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