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BCs e ata do Copom impulsionam ações de valor, mas Ibovespa cai com exterior

O Ibovespa virou de sinal e passou a cair no meio do pregão de hoje, seguindo o sinal negativo do exterior

Foto: Deposit Photos

Após o abrir o dia em alta, o Ibovespa virou para o terreno negativo no início da tarde desta terça-feira, dia 14 de dezembro, e passou a acompanhar a queda dos mercados no exterior. Por volta das 13h55, o principal índice da B3 tinha baixa de 0,31%, aos 107.054 pontos.

Entre as maiores quedas, estão Banco PAN (BPAN4), Méliuz (CASH3) e Locaweb (LWSA3), com recuos de 10,47%, 9,59% e 7,88%. Na ponta oposta, Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) lideram as altas do índice, subindo 5,62%, 5,09% e 3,27%, respectivamente.

Na visão de Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, lá fora o clima é de mau humor por causa da expectativa de um aumento no ritmo de normalização da política monetária por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que deve voltar a subir os juros, depois de reduzi-los durante a pandemia para minimizar os efeitos da crise de saúde na economia.

A percepção, diz os analista, tem impulsionado uma migração de ações de crescimento para ações de valor. “A alocação dos recursos está mudando de ativos mais arriscados para empresas mais consolidadas que já têm um alto nível de confiança em relação a previsão de geração de caixa e de lucro. Tanto é que vemos Nasdaq e S&P caindo enquanto Dow Jones está se segurando bem”, explica.

Esse movimento, segundo Komura, tem se refletido nas ações brasileiras. “Estamos vendo ações com múltiplos altos apanhando bem mais, enquanto outras estão relativamente bem, como Petrobras, Vale e siderúrgicas”, afirma. “Enquanto isso, ações de tecnologia, ou que têm crescimento mais projetado para o futuro, como BTG (BPAC11), Inter (BIDI11) e Magalu (MGLU3), têm caído”.

Além de refletir a movimentação do exterior, pesam sobre o Ibovespa a virada de sinal de Petrobras e Vale, que passaram a operar no negativo, e a repercussão da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã, após elevação da taxa Selic para 9,25% na última quarta-feira, dia 8.

O documento mostrou que as altas de juros praticadas nas últimas decisões foram adequadas para o combate à inflação e indicou um outro ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião, apontando que o BC pode ser mais rigoroso do que o previsto nas altas.

O aumento da Selic vem em detrimento da atividade econômica, e estas expectativas, na visão de Bruno Komura, já vêm sendo refletidas nas ações de consumo e varejo. O papel de Magazine Luiza, por exemplo, operava em queda de 3,47%, enquanto Lojas Renner (LREN3) apresentava recuo de 3,74%.

Têm destaque também os dados de crescimento do setor de serviços, publicados pelo IBGE mais cedo. A receita das empresas do setor teve queda de 1,2% em outubro, contra recuo de 0,7% em setembro. O resultado foi inferior ao que era projetado pelo mercado, mas traz otimismo em relação a segmentos mais afetados pela pandemia.

Para o período da tarde, o mercado deve seguir atento à votação de trechos restantes da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados.

Destaques do pregão

Destaque entre as notícias corporativas de hoje, a Itaúsa (ITSA4) vendeu parte de suas ações da XP, informando que a operação será capaz de aumentar seu resultado em R$ 900 milhões no quarto trimestre. A companhia anunciou ainda pagamento de juros sobre capital próprio de bonificação em ações aos acionistas.

O papel da Itaúsa tinha alta de 0,84%, enquanto os BDRs da XP caíam 7,28%.

Entre bluechips, a Petrobras (PETR4) passou a operar no negativo, com queda dos preços do petróleo e paralisação da produção de gás do campo de Manati. O papel era negociado em queda de 0,24%, a R$ 29,40.

A petroleira anunciou, na tarde de hoje, redução de 3,13% no preço da gasolina para as distribuidoras, refletindo a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, segundo comunicado. O valor médio do combustível passará de R$ 3,19 para R$ 3,09 por litro.

A Vale (VALE3) opera em baixa de 0,33%, após derrapada do minério de ferro durante o pregão asiático. As mineradoras, no entanto, têm se beneficiado de expectativas de novos estímulos à economia chinesa.

Depois de despencarem na segunda-feira, os grandes bancos sobem e deram força ao Ibovespa durante a manhã. Os papéis do Bradesco (BBDC4) tinham alta de 1,87%, seguidos de Itaú (ITUB4), com avanço de 0,7%, e Santander (SANB11), em alta de 0,35%.

Exterior

Os principais índices dos EUA operam em baixa após fecharem a segunda-feira no vermelho. Ainda pesa a cautela em torno dos possíveis impactos da Ômicron, nova variante do coronavírus, e da postura dos principais bancos centrais no combate à inflação. O S&P 500 apresenta recuo de 1,2%, o Nasdaq, de 1,9% e o Dow Jones, de 0,45%.

Pelos mesmos motivos, a maioria dos índices europeus também fechou com tendência de baixa. O FTSE 100, de Londres, teve queda de 0,2% e o DAX, da Alemanha, de 1,05%.

Investidores do mundo todo aguardam a reunião do Fed, que terá início amanhã, e a decisão do Banco Central Europeu ainda nesta semana.

Outros fatores que mexem no mercado internacional são os dados de produção industrial na zona do euro, divulgados esta manhã, que ficaram aquém do esperado; e o índice de preços ao produtor dos EUA, que cresceu mais do que o previsto.

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