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Ata do Copom sinaliza Selic em patamar elevado por mais tempo, diz economista do Banco Alfa

Apesar da atividade fraca, BC manteve na ata do Copom o tom duro do comunicado da última reunião, buscando ancorar expectativas de inflação

O Banco Central manteve o tom mais duro na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 8 de dezembro, e sinalizou que pode permanecer com a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo, diminuindo as chances de um corte da taxa básica de juros no fim do ano, avalia Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco Alfa.

O mercado esperava que o Banco Central pudesse aliviar o tom na ata do Copom dado o nível de atividade mais fraca, mas para Leal o BC não trouxe nenhuma mudança em relação a esse ponto. “O BC não se estendeu mais sobre esse assunto para além do já estava no comunicado da reunião do Copom“, diz.

O economista do Banco Alfa destaca que o BC reafirmou que está buscando não só a convergência da inflação para a meta como a reancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos.A projeção da inflação no cenário básico do BC está em torno de 10,2% para 2021, 4,7% para 2022 e 3,2% para 2023, acima do centro da meta para este ano e no ano que vem, de 3,75% e 3,5% respectivamente, e próximo do centro da meta de 3,25% em 2023.

Outro ponto da ata visto como “hawkish” (mais inclinado ao aperto monetário) foi o fato do BC ter discutido a possibilidade de acelerar o passo do aperto monetário na última reunião ou manter a taxa Selic em terreno contracionista por um período mais longo. “O BC parece que ficou com a segunda opção. Na minha leitura, o BC prefere não ir tão longe no aperto monetário, mas deixar a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo”, diz Leal. Isso significa, segundo Leal, que ao invés de elevar a taxa Selic para 11,75% até março e reduzir para 11,25% em dezembro, ele pode fazer um aperto menor de juros, mas ficar com a taxa em patamar elevado por mais tempo.

O Banco Alfa espera mais duas altas de 1,50 ponto da taxa Selic em fevereiro e março para 11,50%, com o BC permanecendo com a taxa básica estável até o fim do ano.

Para Leal, até a próxima reunião os números de atividade devem vir piores, o que vai permitir que o trabalho do BC de ancorar as expectativas de inflação seja feito sem precisar subir tanto a taxa básica de juros. “O dado de serviços hoje, por exemplo, já veio muito ruim”, diz.

A receita das empresas prestadoras de serviços caiu 1,2% em outubro na comparação com o mês anterior, quando havia recuado 0,7%. Foi o segundo mês consecutivo de perdas, e o declínio foi bem maior que o esperado pelo mercado.

As taxas dos contratos futuros de juros caíam na B3 após o dados mais fraco que o esperado do setor de serviços. Às 10h58, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caía de 11,50%, no ajuste anterior, para 11,43%, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2024 recuava de 10,85% para 10,71%. Já a taxa do DI para janeiro de 2027 mostrava queda de de 10,59% para 10,38%.

O BC ainda destacou na ata do Copom  o risco de alta para a inflação em função das incertezas sobre o cenário fiscal. O Congresso pretende votar hoje a segunda parte da PEC dos Precatórios. Para leal, há dúvidas se os deputados chegarão a um acordo sobre alguns pontos como a vinculação dos recursos que serão liberados a gastos sociais e com Previdência e a limitação do pagamento dos precatórios, que são dívidas da União já reconhecidas pela Justiça e que não cabe mais recurso. “Nossa dúvida é se vai ter alterações na PEC em relação à proposta aprovada no Senado e qual seria a solução regimental que seria encontrada para que a PEC não volte para o Senado e seja aprovada ainda neste ano”, diz.

Apesar da incerteza, Leal acredita que o impacto para a política monetária já ocorreu com o rompimento do teto de gastos. “Uma piora adicional, que pudesse fazer com que o BC  ficasse mais preocupado, seria se o governo expandisse o Bolsa Auxílio acima do aumento de R$ 400 que já foi anunciado”, diz.

A promulgação da primeira parte da PEC dos Precatórios, em 8 dezembro, abre espaço orçamentário de R$ 60 bilhões para bancar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 mensais.

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