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BB Seguridade (BBSE3) vai dando adeus ao La Niña para depender menos da Selic; entenda

Resultado operacional não decorrente de juros cresceu 7,7% no primeiro trimestre; companhia projeta expansão entre 12% e 17% em 2022

Foto: Shutterstock

A BB Seguridade, holding dos negócios de seguros do Banco do Brasil, é uma empresa que costuma estar entre as preferidas dos investidores mais conservadores, não só porque se trata de uma das principais pagadoras de dividendos do mercado, mas também por conseguir lucrar tanto em momentos de crescimento econômico quanto em períodos mais turbulentos. 

A companhia tem essa resiliência porque a maior parte dos recursos que arrecada com os prêmios pagos pelos clientes é investido em renda fixa. Se a economia está em alta, a empresa lucra com a maior demanda dos clientes por seguros. 

Já se a economia está em baixa, é provável que os juros estejam subindo, o que faz a BB Seguridade ganhar com os rendimentos dos recursos aplicados em títulos atrelados à Selic. 

O primeiro trimestre deste ano, cujo balanço foi publicado na noite de segunda-feira (9), foi um caso clássico disso. 

Com a atividade econômica patinando e os brasileiros com menor renda disponível para contratar seguros, a BB Seguridade teve um aumento tímido no resultado operacional não decorrente de juros, de 7,7% em comparação a igual período do ano passado. 

Por outro lado, como a Selic saltou de 2% ao ano para 11,75% entre março de 2021 e março de 2022, o resultado financeiro consolidado da BB Seguridade (que inclui os ganhos com investimentos em renda fixa) teve expansão de 258,9% no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual período anterior. 

Com isso, a BB Seguridade teve um lucro líquido recorde no primeiro trimestre, de R$ 1,2 bilhão, crescimento de 21% ante os primeiros três meses de 2021 – com uma participação de 19,7% do resultado financeiro consolidado, três vezes a contribuição um ano antes, de 6,6%, quando a Selic estava em 2%. 

Não será assim o ano todo 

Apesar de a Selic ter turbinado o primeiro trimestre da holding, a companhia não espera que essa dinâmica se repita ao longo de 2022. Pelo contrário. 

A BB Seguridade acredita que o resultado operacional não decorrente de juros, ligado diretamente à demanda por seguros, tende a dar uma contribuição maior nos próximos trimestres. 

A explicação está no agronegócio, o principal cliente de seguros da BB Seguridade. 

No primeiro trimestre, a BB Seguridade teve um volume recorde de sinistros para pagar aos seus clientes, por causa do “La Niña”, um fenômeno climático que costuma ocorrer de dois em dois anos e prejudica as plantações, levando os produtores rurais a acionar as seguradoras. 

O “La Ninã” afetou principalmente as culturas de soja e milho, nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. 

Com isso, os sinistros retidos da Brasilseg, negócio da BB Seguridade que toca o seguro rural, tiveram um salto de 44,6% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Só os sinistros avisados pelo setor agrícola somaram R$ 2,2 bilhões. 

Em teleconferência com analistas nesta terça-feira (10), o CFO da BB Seguridade, Rafael Sperendio, ressaltou, porém, que a tendência é de queda nos sinistros agrícolas, uma vez que o “La Niña” tem perdido força e não deve voltar a atacar com intensidade no restante de 2022. 

O pico da sinistralidade ocorreu em janeiro, com R$ 981 milhões em sinistros ocorridos, com queda para R$ 771 milhões em fevereiro e uma nova redução em março, para R$ 495 milhões. Em abril, a tendência de diminuição tem continuado, disse o executivo.

Esta melhora deve levar a BB Seguridade a ter uma expansão mais forte do resultado operacional não decorrente de juros em 2022. A projeção da companhia é de um crescimento de 12% a 17%, acima dos 7,7% registrados no primeiro trimestre. 

“Não devemos ter outro cenário como o La Niña neste ano, então esperamos uma aceleração do crescimento do resultado operacional não decorrente de juros nos próximos trimestres”, afirmou Sperendio. Ele espera que o segundo trimestre já traga uma expansão desse indicador dentro do intervalo projetado para o ano todo. 

Dividendos 

Com a melhora dos resultados, a BB Seguridade reiterou também que espera voltar a pagar dividendos a seus investidores no mesmo patamar de antes da crise causada pela pandemia. 

Em 2019, 84% do lucro líquido da empresa foi distribuído a acionistas – o chamado payout. A proporção caiu durante a pandemia e, em 2021, atingiu 73%. 

“Esperamos voltar este ano ao nível de payout que observamos em 2019, de algo entre 80% e 90%. É totalmente factível. Estamos avaliando se o exercício da distribuição será ao longo do primeiro semestre ou no segundo semestre”, disse Sperendio. 

A BB Seguridade costuma distribuir uma parte relevante dos seus lucros aos acionistas porque é uma companhia com baixa necessidade de reinvestir o que ganha. 

Visão dos analistas

No mercado, a BB Seguridade conta com uma avaliação majoritariamente favorável por parte dos analistas. Das 15 instituições consultadas pela Refinitiv e apresentadas na plataforma do TradeMap, dez recomendam a compra do papel, entre as quais três têm uma indicação de “compra forte”. As outras cinco possuem uma posição neutra.

A mediana das projeções aponta para um preço-alvo de R$ 30, uma valorização potencial de 19,62%. Por volta das 13h30, a ação da BB Seguridade tinha queda de 1,58%, a R$ 24,98.

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