B3 (B3SA3) tem projeção de lucro cortada pela UBS-BB e ação da dona da Bolsa cai 4,2%

Papel também era impactado por falas do presidente do BC, Campos Neto, sobre possível alta da Selic

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Ainda que os volumes médios de negociação da B3 (B3SA3) estejam começando a dar sinais de recuperação, e possam ser impulsionados pela possível redução nas taxas de juros no ano que vem, seus patamares ainda baixos, combinados com despesas financeiras e custos maiores, devem seguir pressionando os resultados da companhia nos próximos trimestres, segundo o UBS-BB.

Diante disso, os analistas cortaram em 4% e 6% suas estimativas para o lucro líquido ajustado da B3 em 2022 e 2023, respectivamente, e revisaram o preço-alvo para R$ 15, de R$ 16 anteriormente, mantendo a recomendação de compra da ação. O novo preço-alvo corresponde a alta de 17% em relação ao valor da ação no fechamento da última segunda-feira (5), de R$ 12,85.

Reagindo também a declarações do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertando para a possibilidade de uma nova elevação na taxa Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), as ações da operadora da Bolsa brasileira eram negociadas em baixa de 4,20% por volta das 12h50, a R$ 12,31.

A perspectiva de uma Selic mais alta, ou elevada por mais tempo, diminui o apetite do investidor pelo mercado de ações, a principal fonte de receita da B3.

A revisão nas estimativas do UBS-BB para B3, divulgada em relatório distribuído nesta terça-feira (6), veio depois de o banco se reunir com Fernando Campos, diretor associado de relações com investidores da companhia.

Em relação ao encontro, Kaio Prato, Thiago Batista, Bruna Werneck, Leandro Leite e Olavo Arthuzo, analistas do banco, destacam que, apesar de continuarem em patamar mais baixo do que o esperado, o volume médio de negociação diária (ADTV) da B3 começou a mostrar recuperação em agosto, chegando a cerca de R$ 29 bilhões, contra R$ 22 bilhões em julho.

Nessa frente, a companhia afirma que as eleições presidenciais não têm tido efeito sobre os volumes, ao menos por enquanto, e que a possível redução na taxa Selic a partir do ano que vem pode ser um gatilho positivo.

Durante o encontro, o UBS-BB e a gestão da B3 também falaram sobre a autorização, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), da criação de sistemas especiais de negociação para os grandes lotes de ação negociados de uma só vez, os chamados block trades.

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Em seu cenário mais pessimista, que não deve acontecer, a B3 estima que a nova regulação possa impactar seu ADTV em 20% a 30%, uma vez que outras operadoras também podem criar estes sistemas. A CVM, por sua vez, estima o impacto em cerca de 10%. Vale ressaltar, porém, que uma estimativa mais precisa dos impactos ainda depende de definições da CVM, e que até agora nenhuma empresa foi aprovada para operar os sistemas.

Outro ponto destacado pelo UBS-BB é a Neoway, empresa de big data e analytics adquirida pela B3 no fim de 2021. De acordo com a gestão, a subsidiária tem performado de acordo com os planos e deve alcançar breakeven (ponto de equilíbrio entre custos e receitas) no ano que vem, com melhorias na margem vindo do crescimento da receita e da diluição de custos.

Ainda, a companhia informou, na reunião com o UBS-BB, que não deve praticar novos ajustes de tarifas no curto prazo, e que a queda recente observada na receita de tarifas se deve a efeitos de mix, com negociações de maior frequência contribuindo para volumes mais altos, mas reduzindo as tarifas consolidadas.

Por fim, em relação à concorrência, a percepção da B3, conforme relatado pelo UBS-BB, é que o principal ponto de preocupação é em novas tecnologias, e não em precificação.

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