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Sinal do BC de Selic mais alta e serviços acelerando nos EUA impulsionam juros futuros

Declarações de Roberto Campos Neto e Bruno Serra e atividade mais forte que o esperado nos EUA reforçam cenário de taxas elevadas

Foto: Shutterstock

Entre a noite de ontem e a manhã desta terça (6), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, mudaram o tom: em diferentes eventos, sinalizaram que a guerra contra a inflação não está ganha, abriram a chance de uma nova alta da Selic em setembro e indicaram que a taxa pode se manter elevada por mais tempo.

As declarações impulsionam os juros futuros em toda a curva, em um movimento que ganhou força com a divulgação, há pouco, do indicador de atividade de serviços nos Estados Unidos, o PMI (índice de gerente de compras), que acelerou em agosto, em vez de cair, como o mercado esperava.

O dado coloca ainda mais pressão para uma alta agressiva na taxa americana, o que reduz a atratividade de ativos de países mais arriscados como o Brasil.

Por volta das 11h20, os contratos DI com vencimento em outubro de 2023 subiam 28 pontos-base, a 13,47%, segundo dados da plataforma TradeMap. Os vencimentos de outubro de 2025 e de janeiro de 2028, que estão entre os mais líquidos, eram negociados com altas de 31 e 28 pontos base, respectivamente, a 11,81% e 11,77%, respectivamente.

Ontem, durante a premiação Valor 1000, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou com preocupação as pressões inflacionárias enfrentadas pela Europa e Estados Unidos, e afirmou que no Brasil “basicamente o trabalho está feito”, mas que a batalha não está ganha, apesar da expectativa de três meses de deflação.

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“A gente entende que tem que passar mensagem dura. A mensagem de hoje é a mesma do último Copom. Aproveitamos eventos como esse para nos manifestar e a mensagem que continua valendo hoje é a do último Copom, que a gente disse que avaliaria um possível ajuste final”, disse.

“A fala do Campos Neto deixou claro que o Banco Central vai subir a taxa de juros. O mercado, que não estava contando com mais um aumento, vai ajustar isso no DI”, explica Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

As declarações de Serra na manhã de hoje, durante live da Bradesco Asset Management, tiveram um tom ainda mais firme, com o diretor afirmando que o momento não é de discussão sobre quando começa a queda dos juros.

“Parece inconsistente projetar a inflação acima do centro da meta, em particular para 2024, e discutir queda de juros. É desafiador imaginar um cenário desses”, declarou. Analistas ouvidos pelo Boletim Focus esperam uma taxa básica em 13,75% no final de 2022 e 11,25% no final de 2023.

Para Vinicius Alves, estrategista-chefe da Tullett Prebon, Serra indicou que está preocupado com as expectativas de inflação para 2024, horizonte que passou a ser considerado pelo BC na última decisão do Copom. “As expectativas para 2024 não estão ancoradas, e o diretor sugeriu que, de fato, o Banco Central terá que manter a Selic alta por mais tempo. Toda a curva está subindo”, afirmou.

A expectativa de analistas ouvidos pelo Boletim Focus para a inflação de 2024 subiram na última pesquisa Focus, e estão em 3,43% – apesar desse horizonte estar distante, as projeções estão acima da meta para o ano, de 3%.

Serviços reforçam alta agressiva nos juros americanos

O mercado brasileiro também reage ao pessimismo das bolsas americanas com os próximos passos do Federal Reserve, o banco central americano, para os juros da maior economia do mundo.

Na manhã de hoje, saiu um dado de atividade do setor que veio acima do esperado pelo mercado: o PMI avançou para 56,9 pontos, ante 56,7 de agosto, em vez de desacelerar, como esperam os investidores (a projeção era de 55,5).

Ou seja, o cenário é de mais pressões inflacionárias, o que pode forçar o Fed a ser ainda mais duro com a alta de preços – a maior parte dos analistas espera um aumento de 0,75 ponto na taxa na reunião do comitê de política monetária do BC americano em setembro.

Para Laatus, o dado foi ainda mais relevante para a disparada dos juros do que as declarações do Banco Central brasileiro. “O dado pressiona ainda mais o Fed para elevar juros”, disse. “Bom é ruim e ruim é bom”, resumiu, referindo-se ao fato de que uma atividade aquecida coloca mais pressão por juros mais altos.

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