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Azul (AZUL4) renegocia dívida que vencia em 2023 e ganha alívio na liquidez

Companhia aérea consegue estender para 2027 prazo da dívida que vencia em 2023 e somava R$ 757,9 milhões no primeiro trimestre

Foto: Shutterstock

A companhia aérea Azul (AZUL4) deve anunciar uma melhora na posição de liquidez da empresa no balanço do segundo trimestre. Isso porque a empresa renegociou com o Banco do Brasil a extensão para 2027 do prazo de uma dívida que vencia em dezembro de 2023 referente a uma debênture, que somava R$ 757,9 milhões no primeiro trimestre, afirmou uma fonte com conhecimento do assunto à Agência TradeMap.

Desse total, R$ 74 milhões serão amortizados neste ano e depois haverá amortizações semestrais a partir de junho de 2023.

Essa era uma das maiores dívidas de curto prazo da empresa, que preocupava os analistas.

A dívida referente à debênture, que tinha um custo de CDI mais 3%, foi renegociada a uma taxa de 5% mais CDI.

A Azul encerrou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 15,9 bilhões, excluindo as debêntures conversíveis, com uma alavancagem financeira de 7,8 vezes, abaixo de 11,2 vezes alcançada em dezembro de 2021. A projeção da companhia é de reduzir essa alavancagem para 5 vezes no fim de 2022 e para 4 vezes em 2024.

Em 31 de março de 2022, o prazo médio de vencimento da dívida da Azul, excluindo as obrigações de leasing e debêntures conversíveis, era de 2,8 anos, com uma taxa média de juros de 8,4%.

Além da debênture, a Azul possuía dois bônus emitidos no exterior, um com vencimento em 2024, que somava R$ 1,9 bilhão no primeiro trimestre, e outro de R$ 2,8 bilhões, que vence em 2026.

Com a abertura das taxas dos títulos de dívida com a alta de juros nos EUA, a empresa não avalia, neste momento, uma nova emissão para refinanciar o bônus que vence em 2024, dado o aumento do custo de emissão e as condições de mercado não favoráveis, apurou a Agência TradeMap.

Além desses vencimentos, a Azul ainda tinha R$ 1,6 bilhão em debêntures conversíveis em ações, emitidas em 2020 que vencem em outubro de 2025.

A Azul conseguiu manter uma posição de caixa alta, beneficiada pela redução temporária e adiamento de despesas de arrendamento.

A Azul encerrou o trimestre com R$3,3 bilhões de liquidez imediata, incluindo caixa e equivalentes de caixa, contas a receber e investimentos de curto prazo.

A posição de liquidez da Azul é positiva se comparada com a da Gol (GOLL4), disse a Fitch Ratings em relatório de 30 de junho.

Azul leva vantagem sobre Gol com menor dependência de viagens corporativas

A Azul tem a vantagem da menor dependência de viagens corporativas em relação à Gol e possui uma rede mais capilarizada de voos, atuando em rotas com menos concorrência.

“A Azul tem uma posição singular no mercado de aviação regional no Brasil, com forte presença em destinos pouco atendidos por outras empresas e baixa sobreposição de rotas com as concorrentes Gol e Latam”, disse a Fitch em relatório de junho.

A Azul informou que o tráfego de passageiros consolidado (RPKs) aumentou 40,1% em relação a junho de 2021, com aumento de 35,8% da capacidade (ASKs), resultando em uma taxa de ocupação de 79,3%, um aumento de 2,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período em 2021, números acima do período pré-pandemia.

Alta dos preços dos combustíveis e câmbio é preocupação

Apesar das companhias aéreas terem aumentado os preços das passagens, esse aumento não foi suficiente para compensar a alta dos preços dos combustíveis e do câmbio no segundo trimestre, apontou o UBS em relatório.

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os preços das passagens aéreas subiram, em média, 48,5% em maio, último dado disponível, em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto o preço do querosene de aviação subiu 59% de janeiro a maio.

O preço do barril de petróleo tipo Brent subiu 6,39% no segundo trimestre, enquanto o dólar mostrou um avanço de 10,56% frente ao real.

Cerca de 60% dos custos totais da Azul estão expostos à moeda americana, aponta a Fitch.

A Azul tem cobertura, por meio de operações de hedge, que ajudam a compensar parcialmente esse impacto, apontou a agência de classificação de risco.

A Azul encerrou o primeiro trimestre com um lucro líquido de R$ 2,67 bilhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 2,786 bilhões em igual período do ano anterior, beneficiada pela alta do real frente ao dólar no período.

A Genial Investimentos espera que o segundo trimestre seja bom em termos operacionais, já que a volta dos eventos presenciais e retomada de demanda corporativa beneficiaram o volume e a demanda por voos da companhia está superior aos níveis pré-pandemia.

A Azul publica os resultados do segundo trimestre na próxima quinta-feira, dia 11.

Por volta das 13h, as ações da companhia (AZUL4) operavam em queda de 1,79%, a R$ 13,20.

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