Após corte de juros inesperado na China, Ibovespa sobe e encerra semana com valorização de 1,5%

Exterior segue pressionado por política monetária, desaceleração econômica e inflação

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Ajudado pela China, que anunciou uma redução nos juros, o Ibovespa mais uma vez contrariou as Bolsas do exterior e fechou em alta, impulsionado pelas ações de commodities, que têm o maior peso no índice.

O principal índice da B3 terminou o pregão em alta de 1,39%, aos 108.487 pontos, com R$ 22,15 bilhões em volume negociado. Assim, o saldo da semana foi de valorização de 1,46% e o balanço de maio passou para alta de 0,57%. Desde o início do ano, o índice soma ganhos de 3,5%.

A dinâmica foi diferente no exterior. Em Nova York, o Nasdaq teve baixa de 0,3%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones fecharam praticamente de lado, com altas de 0,01% e 0,03%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,45%.

China dá alívio

Os mercados mundiais seguem pressionados por preocupações com o aperto monetário, com a desaceleração da economia e com a inflação. Ontem, a cautela foi reforçada por resultados de varejistas americanas, como Walmart e Target, abaixo das expectativas.

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No entanto, notícias da China deram certo alívio ao mercado, sustentando o Ibovespa. O banco central chinês (PBoC) reduziu os juros de cinco anos de 4,6% para 4,45%, pressionado pela desaceleração econômica causada pelos lockdowns recentes. A medida pode reduzir custos de financiamento para empresas e diminuir o impacto da crise imobiliária no país.

Na análise de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o corte nos juros sinaliza que o governo chinês está menos cauteloso em injetar recursos na economia, diante de desafios cada vez maiores para o crescimento. “A taxa de 5 anos é muito associada ao mercado imobiliário, cujos estímulos vinham sendo ainda mais cauteloso por receio de bolhas, e que é um dos maiores drivers da economia chinesa”, acrescenta o economista.

A medida deu impulso às commodities, diante da expectativa de aumento de demanda. Na Bolsa de Dalian, a tonelada do minério de ferro teve valorização de 5,31%, para US$ 126, enquanto o petróleo Bret subiu 0,46%, a US$ 112,55.

Com isso, as ações de mineradoras, siderúrgicas e petrolíferas brasileiras dominaram as altas do dia, com destaque para CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4), com ganhos de 4,97%, 3,6% e 3,36%, respectivamente. De maior peso no índice, Vale (VALE3) teve alta de 1,77%, enquanto Petrobras (PETR4) avançou 1,93%.

Corte no Orçamento

Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com Elon Musk, que apresentou seus planos para internet em escolas e monitoramento da Amazônia.

Além disso, em sua live na noite de quinta-feira, o presidente confirmou que o Orçamento receberá um corte de R$ 10 bilhões, com o objetivo de abrir espaço para outros gastos, como subsídios para a agropecuária e sentenças judiciais. Bolsonaro afirmou ainda que, caso o reajuste de 5% nos salários dos servidores públicos seja aprovado, será necessário cortar mais R$ 7 bilhões.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o governo decidiu adiar a decisão sobre o reajuste salarial para junho, devido à dificuldade do poder executivo em definir o tamanho do aumento.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de IRB (IRBR3), Ecorodovias (ECOR3) e Hypera (HYPE3),com avanços de 6,56%, 5,48% e 4,98%, nesta ordem.

A Ecorodovias subiu depois de vencer o leilão de concessão do sistema Rio-Valadares.

O grande destaque do dia, porém, não está no Ibovespa: a companhia de adquirência Getnet informou, na noite de ontem, que o seu acionista controlador, a PagoNxt Merchant Solutions, subsidiária do Santander, comunicou a intenção de realizar uma oferta para adquirir a totalidade da companhia.

Com isso, a Getnet deixaria de ter suas ações listadas em bolsa, tanto na B3, no Brasil, quanto na Nasdaq, nos EUA – apenas sete meses depois de ter realizado seu IPO. As ações ordinárias da companhoa (GETT3) tiveram alta de 22,65%, enquanto as units (GETT11) subiram 22,47%.

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Na ponta oposta, as principais baixas foram de Méliuz (CASH3), Petz (PETZ3) e Banco Pan (BPAN4), com perdas de 5,34%, 5,17% e 3,64%, respectivamente.

Mais cedo, o Méliuz anunciou uma parceria com a Liqi, uma fintech de ativos digitais em blockchain, com o objetivo de tornar sua operação em criptomoedas mais robusta. Em comunicado ao mercado, o Méliuz explicou que a parceria pode se transformar em uma aquisição minoritária da Liqi, caso alguns indicadores de performance sejam atendidos.

Bitcoin

O mercado de criptoativos passou mais uma semana sob forte pressão com o mau humor global e pelos impactos do colapso da blockchain da Terraforma Labs.

O Bitcoin (BTC), maior cripto em capitalização, ainda luta para se manter na faixa de US$ 30 mil, apesar de analistas preverem próximos dias de turbulência.

Por volta de 16h45 (de Brasília), o BTC registrava queda de 5,25% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 29.096, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap. O nível deixa o ativo no pior patamar desde dezembro de 2020.

A queda do BTC arrasta todo o mercado. O Ethereum, segundo maior ativo, tinha perda de 2,07%, a US$ 1.954, enquanto a XRP cedia 1,93%, a US$ 0,40, conforme a CoinMarketCap.

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