Americanas (AMER3): ação cai mais de 76%, após passar quase o dia inteiro em leilão

(Esta reportagem foi atualizada às 15h50 para incluir mais informações sobre o preço das ações da Americanas e manifestação da Amec. Antes disso, o texto havia sido modificado às 14h25 para incluir o preço de abertura do papel e o fato relevante divulgado pela companhia).

As ações da Americanas (AMER3), despencavam 76,67% nesta quinta-feira por volta das 15h50, a R$ 2,80.

A queda no preço dos papéis é uma reação ao anúncio feito pela Americanas na noite de quarta-feira (11). Após o fechamento do mercado, a empresa disse que encontrou cerca de R$ 20 bilhões em valores que deveriam ter sido contabilizados como dívida bancária, mas estavam sendo apresentados em outro lugar do balanço.

A inconsistência significa que o endividamento real da Americanas é substancialmente maior do que o reportado, e a expectativa é de que a empresa precise captar bilhões de reais para se manter solvente.

O ex-presidente da companhia Sergio Rial, que ficou menos de duas semanas no cargo, disse em teleconferência com os investidores que a forma como a Americanas reportava as dívidas era uma prática de décadas – por isso o valor elevado – e que não necessariamente o método está errado.

A ação da companhia ficou em leilão durante mais de quatro horas, e os negócios foram abertos brevemente por volta das 14h25, com as ações em baixa de 76,25%, a R$ 2,85.

Na sequência, os papéis entraram novamente em leilão, e passaram as horas seguintes numa situação de intermitência – a maior parte do tempo em leilão, e em alguns breves momentos com negociações normais.

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Outras ações do setor de varejo também operavam em baixa nesta quinta-feira, mas com perdas bem menores. O receio do mercado é que estas companhias também façam uso do mesmo método que a Americanas.

As ações da Americanas abriram o dia em leilão e passaram mais de quatro horas sendo negociadas desta forma antes de voltarem às negociações normais.

Os negócios com os papéis da companhia também chegaram a ser suspensos brevemente perto das 14h, para que a Americanas publicasse um fato relevante explicando aos investidores onde encontrar os esclarecimentos prestados por Rial pela manhã. Ele falou numa teleconferência organizada pelo BTG Pactual, que tinha número limitado de participantes.

A apresentação de Rial ao BTG Pactual pode ser conferida neste endereço, com o passcode %5zn!d1J.

Uma versão resumida das explicações também foi divulgada, e você pode conferi-la abaixo:

A Americanas também disse, no fato relevante, que “neste momento, não é possível determinar todos os impactos” das inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.

“Somente com a conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes, após o que será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras”, acrescentou.

Reação do mercado

Em nota, a Amec (Associação de Investidores do Mercado de Capitais) pediu que o conselho de administração da Americanas se manifeste o mais rapidamente possível a respeito dos anúncios feitos pela empresa e por Rial, e disse que os acionistas e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) devem monitorar os fatos para apurar quem deve ser responsabilizado.

“A AMEC externaliza sua perplexidade quanto à atuação das instâncias de governança da companhia e dos seus respectivos gatekeepers, principalmente auditorias, à luz da magnitude estimada da inconsistência contábil”, disse o presidente da associação, Fábio Coelho, no documento.

“Chama ainda atenção que, diante da urgência e importância do tema, outros esclarecimentos sobre os fatos tenham sido feitos em call privado e com restrição e limitação de acesso”, acrescentou.

As instituições financeiras também foram pegas de surpresa pelo anúncio da Americanas, e várias delas, como a XP, indicaram que vão revisar as recomendações para as ações diante da descoberta do rombo.

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