A ação da Azul (AZUL4) desaba no pregão da Bolsa nesta quinta-feira (10) e lidera as perdas entre as empresas que fazem parte do Ibovespa, o principal índice acionário da B3, após publicar um balanço para o terceiro trimestre que mostrou mais um prejuízo bilionário para o negócio da companhia aérea.
Por volta das 12h30, o papel mais líquido da companhia (AZUL4) recuava 11,18%, a R$ 13,49.
No terceiro trimestre, a Azul anotou um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão. A perda é 27% menor que a registrada em igual período do ano passado, de R$ 2,2 bilhões, e 37% inferior à do trimestre passado, de R$ 2,6 bilhões, mas representa um rombo maior do que o projetado por analistas de bancos e corretoras que acompanham o setor.
A previsão do BTG Pactual, por exemplo, estimava que o prejuízo da companhia seria de R$ 86 milhões. Já a XP havia projetado perdas de R$ 646 milhões, enquanto analistas do Santander estavam com expectativa de um prejuízo na ordem de R$ 393 milhões. O Goldman Sachs era o mais otimista e esperava um lucro líquido de R$ 90 milhões.
Assim como nos trimestres anteriores, os custos para abastecer as aeronaves foram um dos grandes vilões do resultado da Azul. Segundo dados do balanço, a companhia aérea gastou R$ 1,9 bilhão em querosene no terceiro trimestre, alta de 116%, ou mais do que o dobro, do mesmo período do ano passado.
Os dados também mostram que os gastos comerciais e com marketing se multiplicaram, passando para R$ 197 milhões, ou 127,5% a mais que no terceiro trimestre do ano passado.
Ainda assim, o resultado operacional (receita menos despesas) da Azul no terceiro trimestre ficou positivo em R$ 403,8 milhões e aumentou 196% ante o observado no mesmo período de 2021, com margem operacional de 9,2%.
Dívidas pesam
Apesar do negócio estar gerando caixa, a Azul é uma empresa que tem um alto nível de endividamento. No terceiro trimestre, a dívida líquida da companhia somou R$ 17,9 bilhões, 4,3% maior que no trimestre passado.
As despesas financeiras, por sua vez, que basicamente representam o quanto a empresa desembolsa com juros, subiram 35,8% no terceiro trimestre ante igual período do ano passado, para R$ 1,2 bilhão, impulsionadas pelo avanço da Selic, que saltou de 2% para 13,75% desde o início do ano passado.
Por outro lado, a alavancagem, que mede a capacidade da empresa de honrar com suas dívidas, está um pouco melhor. Trata-se de um cálculo que divide a dívida líquida pelo Ebitda (lucro operacional) dos últimos 12 meses, para saber quantos “Ebitdas” a empresa teria de gerar por ano para bancar sua dívida.
Ou seja, quanto menor o resultado, melhor. No terceiro trimestre, a alavancagem caiu para 5,7 vezes, de 6,3 vezes no trimestre anterior.
Receitas ajudam
Os analistas do Goldman Sachs também viram outro ponto positivo no balanço da empresa, apesar do prejuízo bilionário. Na avaliação do banco americano, a receita por passageiro seguiu “forte” no terceiro trimestre, com um avanço de 35% em um ano e 36% acima do nível pré-pandemia.
Esse aumento, somado à expansão de 19% na oferta de voos em um ano, levou a Azul a um crescimento da receita líquida de 61% no terceiro trimestre. “Além disso, a Azul registrou que a demanda corporativa por voos já retomou 80% do nível pré-pandemia, enquanto as tarifas de voos corporativos estão 50% acima”, ressaltaram os analistas.