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Powell sinaliza que Fed pode desacelerar alta de juros em julho e sustenta rali dos mercados

Chance de aumento menor na taxa na próxima reunião estava fora das contas do mercado

Foto: Divulgação

A sinalização do presidente do Federal Reserve (o banco central americano) Jerome Powell de que a autoridade monetária americana pode desacelerar o ritmo de alta de juros na próxima reunião surpreendeu os investidores e impulsionou o rali nos mercados, com a alta das bolsas e queda do dólar frente às principais divisas.

Em discurso após a decisão que elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto, Powell disse que o Fed pode elevar os juros em mais 0,75 ponto no próximo mês ou fazer um aumento menor, de 0,50 ponto. A possibilidade estava fora das contas do mercado dado o patamar elevado da inflação. Em maio, a alta de preços em 12 meses alcançou 8,6%, para uma meta de 2%.

Lá fora, as taxas do títulos do Tesouro americano (Treasuries) recuavam, com a taxa do papel de dois anos caindo 5,33%, para 2,9774%, às 16h28. Já as bolsas americanas operavam em alta, com o S&P 500 subindo 2,30% e o Nasdaq 3,29%.

No mercado local, a Bolsa brasileira acompanha o cenário externo e avançava 1,28% no mesmo horário, enquanto o dólar comercial operava em queda de 2,18%, a R$ 5,023.

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Patamar mais baixo

Para o diretor de investimentos da JPP Capital e da Somma, Joaquim Kokudai, o que pode levar o Fed a desacelerar a alta da taxa de juros é uma maior confiança da autoridade monetária de que a inflação vai convergir para um patamar mais baixo. “Mas se tivermos alguma surpresa na inflação, ele não vai desacelerar”, alerta.

As projeções de inflação continuam acima da meta de 2%, e se situavam em 5,2% para o fim deste ano e em 2,6% para 2023, segundo as projeções do Fed.

O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos avançou 1% em maio, acima do esperado pelo mercado, acumulando avanço de 8,6% em 12 meses, maior nível desde 1981.

O Fed ainda cortou a previsão de crescimento do PIB para este ano para 1,7%, de 2,8% em março. “O Fed mostrou que vai focar bastante no combate à inflação de forma mais dura, e deixa bem claro que eles não estão se incomodando com a projeção de atividade caindo”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Na avaliação dele, a maior surpresa no comunicado foi a revisão para cima das projeções de inflação e juros, e corte na perspectiva de crescimento do PIB.

“Ninguém imaginava que a projeção de juros para este ano fosse passar de 3% e agora está em 3,4%. A do ano seguinte chegou em 4%”, diz Cruz, que espera um movimento de alta das taxas de juros dos títulos do Tesouro americano.

As projeções dos membros do Fomc apontam para uma taxa básica de juros de 3,8% até o fim de 2023, com um corte de juros vindo somente em 2024. Cinco dos 18 membros do Fomc esperam uma taxa de juros acima de 4% no próximo ano.

Segundo informações do CME Group baseadas nas negociações de contratos destas taxas, os investidores ainda veem chance de 90% de os juros subirem em 0,75 ponto percentual na reunião de julho.

“Na nossa opinião, a dose do remédio precisa ser ainda mais forte, ou seja, o ciclo de aumento precisa continuar para trazer a inflação para a meta de 2%”, avaliou a economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank.

Impacto para Brasil

Para Kokudai, a aceleração da alta da taxa de juros nos EUA deve ter impacto limitado para a política monetária brasileira, dado que o Banco Central começou mais cedo o ciclo de alta de juros e agora se aproxima do fim, com a Selic em 12,75% ao ano.

“A gente começou esse ciclo antes e estamos em um patamar de juros contracionista já há algum tempo”, diz Kokudai.

Logo mais, a partir das 18h30, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) informa a nova taxa de juros brasileira. A expectativa do mercado é de uma alta de 0,50 ponto, a 13,25%. O BC deve sinalizar no comunicado se encerra o ciclo ou se mais um ajuste será necessário na reunião de agosto.

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