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Powell faz discurso duro contra a inflação e diz que ritmo de alta de juros depende de novos dados; bolsas caem

Após fala, maioria do mercado voltou a esperar novo aumento de 0,75 ponto na próxima reunião, em setembro

Foto: Shutterstock

Em fala curta e direta na conferência anual de banqueiros centrais em Jackson Hole, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, endureceu o discurso contra a inflação, indicando ao mesmo tempo que o banco central dos EUA aguarda dados mais consistentes de desaceleração da alta de preços para definir seu ritmo de aumento de juros daqui para a frente.

O comandante da política monetária da maior economia do mundo lembrou que a pausa na alta de preços aconteceu somente em um mês até agora (em julho, o índice de preços ao consumidor ficou estável), o que é insuficiente para aplacar os temores de uma inflação persistente.

“O foco do Fomc [colegiado de política monetária do Fed] no momento é trazer a inflação de volta à meta de 2%”, afirmou. “A estabilidade de preços é responsabilidade do Federal Reserve e serve como a pedra fundamental da nossa economia. Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém.”

Apesar do tom hawkish (mais duro com a inflação), ele declarou que o ritmo de aumentos da próxima reunião do Fed, em setembro, dependerá totalmente de dados, repetindo o tom da ata do último encontro.

“Estamos agora na metade do período entre reuniões. Nossa decisão no encontro de setembro dependerá totalmente de novos dados e da evolução do cenário. Em algum momento, na medida em que o passo da política monetária se aperte ainda mais, provavelmente será apropriado reduzir o passo dos aumentos.”

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Powell observou que a leitura da inflação de julho é “bem-vinda”, mas que um único mês de melhoria é pouco para que a autoridade monetária se sinta confiante de que a inflação começa de fato a desacelerar.

“Estamos movendo nosso passo de política monetária a um nível que será suficientemente restritivo para devolver a inflação a 2%. “Nas atuais circustâncias, com a inflação bem acima de 2% e o mercado de trabalho extramente apertado, estimativas de longo prazo para os juros neutros não são um lugar para parar ou pausar.”

Após o duro discurso, as bolsas americanas, que operavam em leve queda, passaram a cair com força. Por volta das 11h35, o Dow Jones recuava 1,15%, o S&P 500 caía 1,41% e o Nasdaq tombava 1,80%. O mercado voltou a esperar majoritariamente um aumento de 0,75 pp em setembro (54,5% dos investidores apostam na manutenção do ritmo mais agressivo, contra 44,50% antes da fala).

Baixo crescimento

O presidente do banco central dos EUA ainda afirmou que reduzir a inflação requererá um período sustentado de crescimento baixo.

“Enquanto taxas de juros mais altas, baixo crescimento e e um mercado de trabalho menos aquecido reduzirão a inflação, também trarão alguma dor para consumidores e negócios. Esses são custos infelizes de se reduzir a inflação. Mas uma falha em restaurar a estabilidade de preços significaria uma dor maior.”

Alto por um longo tempo

Powell ainda indicou que restaurar a estabilidade de preços provavelmente irá requerer manter uma política monetária restritiva por algum tempo. “Os registros históricos advertem fortemente contra suavizações da política monetária”, disse.

Para o presidente do Fed, a economia americana claramente está desacelerando de taxas historicamente altas de crescimento em 2021, que refletiu a reabertura da economia no pós-pandemia.

“Enquanto os últimos dados econômicos vieram mistos, na minha visão nossa economia continua a mostrar um momento de força subjacente. O mercado de trabalho está particularmente forte, mas claramente fora de equilíbrio, com a demanda por trabalhadores substancialmente excedendo a quantidade de trabalhadores disponíveis”, disse.

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