Fed sinaliza redução no ritmo de aumento dos juros e bolsas dos EUA aceleram alta

Probabilidade de aumento de 0,50 ponto do juro em dezembro cresceu de 51,8% para 75,8% em um mês

Foto: Shutterstock/Morrowind

O Fomc, o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), sinalizou que vai começar a reduzir o ritmo de aumento dos juros a partir da reunião de dezembro, o que animou as bolsas americanas, que aceleraram a alta após a divulgação do documento. O índice Nasdaq fechou o pregão com valorização de 0,99% e o S&P 500 subiu 0,59%.

No início deste mês, o Fed elevou o juro em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 3,75% e 4% ao ano. Foi o quarto aumento consecutivo e sempre na mesma magnitude.

“Uma maioria substancial dos participantes julgou que uma desaceleração no ritmo de aumento provavelmente seria apropriada em breve”, mostrou o documento.

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A próxima reunião do Fed ocorre em 13 e 14 de dezembro. Os agentes do mercado financeiro estão agora mais confiantes em uma elevação dos juros de 0,5 ponto percentual.

A probabilidade que isso ocorra é de 75,8%, ante a estimativa de 51,8% registrada há um mês, segundo o FedWatch Tool, ferramenta do CME Group que avalia a probabilidade em relação às decisões do Fed.

Essa redução do ritmo da alta de juros nos Estados Unidos ocorre apesar de a inflação ainda não estar sob controle. O PCE (indicador de preços de consumo) está em 6,2%.

Preocupação com a inflação nos EUA

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Investimentos, afirma que pode parecer incoerente a sinalização do Fed em reduzir o ritmo de alta mesmo com a inflação elevada.

“A justificativa é que há uma defasagem até a política monetária surtir efeito na economia real. Ao adotar a redução do ritmo, o Fed retira instabilidade do sistema financeiro”, diz.

Ainda é possível extrair duas outras sinalizações da ata desta quarta-feira.

A primeira é que, apesar da redução do ritmo de alta, o patamar de juros seguirá elevado por um bom tempo, já que a inflação precisa convergir para mais perto dos 2%.

“Vários [integrantes do Fed] mencionaram a necessidade de um juro mais elevado no fim do ciclo de aperto, para trazer a inflação para a meta”, diz Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank.

Para ela, ao fim do ciclo de aperto monetário, a taxa de juros ficará em torno de 5%, o que seria a maior taxa desde 2007.

A outra sinalização é que o Fed está mais próximo do fim do ciclo de alta de juros.

“A taxa atual começa a ficar mais perto do topo e antes nem se discutia isso. Atingir esse topo é benéfico para as ações, mesmo que ainda não haja perspectiva de queda”, diz Castro, da Avenue.

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